JEFFERSON PÉRES APONTA FALTA DE AÇÃO DE GOVERNO
A crise provocada pela sucessão na diretoria da Polícia Federal (PF) levou o senador Jefferson Péres (PDT-AM) a cobrar do governo atitude enérgica para evitar que se propague a imagem de um país sem comando. "É preocupante a manifestação de fraqueza do governo, que passa para a população a idéia de falta de autoridade do presidente Fernando Henrique Cardoso". Jefferson falou sobre as acusações ao novo diretor da PF, João Batista Campelo, que teria prendido e torturado o ex-padre e professor universitário José Antônio Monteiro, em 1970. As denúncias, feitas por Monteiro, foram publicadas pela imprensa. O senador amazonense disse que, para piorar, o ex-diretor da Polícia Federal, Vicente Chelotti, concedeu entrevistas no fim de semana em que acusa membros do governo de prejudicar a atuação da PF e prevê o fracasso da gestão de Campelo. Além dessa mal-estar, a administração do país está sendo prejudicada pelos desentendimentos públicos entre os ministros, conforme Jefferson.Para o senador, o presidente Fernando Henrique demorou a escolher um nome para a Polícia Federal, em função de pressões políticas, e quando escolheu Campelo o fez mal informado sobre o passado do novo diretor. "Há poucas dúvidas sobre a prática de tortura, o que, se provado, o torna (Campelo) incompatível com o cargo", afirmou Jefferson.Em dificuldades também está o ministro da Justiça, Renan Calheiros, segundo entende Jefferson Péres, por causa dos problemas na PF. "No lugar dele, eu não seria mais ministro", disse o senador. Jefferson leu requerimento do senador Eduardo Suplicy (PT-SP) à Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania para que se apurem as denúncias de tortura.Jefferson foi aparteado pelo senador Tião Viana (PT-AC), que disse estar sentindo "uma falta de autoridade política clara" no governo. Em outro aparte, o senador Maguito Vilela (PMDB-GO) denunciou a ocorrência de torturas em seu estado. "O governo deve dar o exemplo, deixando de empregar torturadores do passado para não estimular torturadores do presente", advertiu Maguito.
14/06/1999
Agência Senado
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