Jefferson Péres quer a demissão de José Dirceu: "Ele errou"



O líder do PDT, senador Jefferson Péres (AM), disse que o ministro chefe da Casa Civil, José Dirceu, deveria pedir demissão, porque cometeu um erro grave, mesmo que não tenha havido dolo. E citou o exemplo do primeiro-ministro socialista alemão Willy Brandt, "o mais brilhante estadista alemão do pós-guerra, junto com Konrad Adenauer", que se demitiu e abandonou definitivamente a política quando se descobriu que seu secretário particular, Günther Guillaume, era na verdade um espião da então inimiga Alemanha Oriental. - Willy Brandt não sabia, foi traído pelo auxiliar, mas mesmo assim considerou-se inabilitado para continuar na vida pública - disse. Segundo Jefferson Péres, José Dirceu joga gasolina na fogueira justamente quando a crise política que o tem no olho do furacão começava a amainar. Jefferson lembrou que Dirceu atacou o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) justamente quando o senador fez um discurso que exortava à estabilidade econômica do país. - Disse que era um "discursinho" de oposição responsável. Ele queria o quê, um "discursão" de oposição irresponsável? - perguntou Jefferson. O senador amazonense criticou também o ataque de Dirceu a Minas Gerais e a São Paulo. - Ele disse que não se passa um mês sem que Minas e São Paulo peçam socorro ao governo federal. O que pretende o ministro? - perguntou novamente o líder do PDT, que criticou também o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que "tropeça nas próprias pernas", em um "governo trapalhão". Jefferson chamou a atenção para a "contradição brutal" das ações do governo, lembrando que o presidente da República comparou o bingo à prostituição infantil, como justificativa para a proibição total do jogo, quando a mensagem presidencial apresentada ao Congresso Nacional por Dirceu, em fevereiro, prometia legalizar os bingos. O senador também questionou a Mesa sobre o último concurso para consultor legislativo do Senado, dizendo que um ato da Mesa está convocando os aprovados por ordem geral de classificação, e não por área, como dizia o edital.

- Não levanto nenhuma suspeita, apenas gostaria de informações, porque o Regimento Interno é claro: contratações têm que passar pelo Plenário, e a decisão da Mesa não pode contrariar o Regimento - disse.



23/03/2004

Agência Senado


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