Jefferson Péres rejeita corporativismo e "jogo de empurra" no combate à violência



O senador Jefferson Péres (PDT-AM) defendeu a adoção, pelos parlamentares, do interesse público como critério exclusivo nas deliberações sobre os projetos em tramitação que tratam do combate à violência. Ele disse que deputados e senadores devem evitar as tentações do corporativismo e do "jogo de empurra" por meio do qual as autoridades procuram isentar-se de responsabilidades na luta contra a criminalidade.

- O Congresso Nacional nunca esteve tão disposto a dar uma resposta eficaz e sincera aos reclamos do povo - disse Péres, ao elogiar a decisão dos presidentes do Senado, Ramez Tebet, e da Câmara, Aécio Neves, de constituir comissão mista para examinar as propostas que tramitam nas duas Casas a respeito do tema.

O senador observou que as 246 proposições em tramitação no Senado e na Câmara refletem o grau de insegurança que tomou conta da população. Mas também indicam a existência de disputas entre lobbies corporativistas de diversos segmentos policiais, que, a seu ver, mostram-se muitas vezes mais preocupados consigo próprios do que com o bem comum. Ele questionou a presença de 20% do efetivo das polícias militares em funções burocráticas e condenou "rivalidades e ciumeiras" que limitam a ação policial.

De acordo com Péres, o "jogo de empurra" das autoridades começa pelo governo federal, que atribui ao Congresso Nacional a culpa pelo aumento da criminalidade. O senador recordou que o Orçamento Geral da União previa R$ 2,5 bilhões para o combate à violência, no ano passado, mas que somente R$ 1,6 bilhão foram efetivamente investidos.

Os governos estaduais, disse o senador, também aderiram ao "jogo de empurra". Alguns deles, observou, têm defendido a unificação das polícias civil e militar que, somente em São Paulo, levaria a uma economia anual de R$ 250 milhões. Mas até agora em nenhum estado a medida foi colocada em prática. O senador ressaltou a necessidade de união entre os três Poderes e entre a União, os estados e os municípios no combate à violência.

- O povo exige do poder público - e aqui me refiro às três esferas e aos três níveis de governo - a pura e simples restauração do mais elementar dos direitos humanos, o direito de viver, trabalhar, estudar, ir e vir em paz a qualquer hora do dia ou da noite - afirmou Péres.



01/03/2002

Agência Senado


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