JEFFERSON QUESTIONOU MALAN SOBRE OS ERROS DO BRASIL



Lembrando que todos no plenário estavam fazendo história, o senador Jefferson Péres (PSDB-AM) fez três perguntas ao ministro da Fazenda, Pedro Malan, a respeito das circunstâncias que levaram o Brasil à atual situação econômica. Depois de observar que os países emergentes, como o Chile, foram atingidos pela crise de forma diferente, Jefferson perguntou primeiro se houve erros de política econômica praticados pelo Brasil. Malan concordou com o entendimento de que diferentes países foram atingidos de forma diferente, mas sustentou que o Chile também não está tranqüilo. Disse que 33% das exportações chilenas destinavam-se à Ásia e que, agora, o déficit em conta corrente daquele país deve superar a marca dos 7%. "Portanto, o Chile não deve passar incólume pela crise", disse o ministro, sublinhando que todos foram, estão sendo ou serão afetados.Jefferson Péres discordou do entendimento de que o Brasil está indo ao FMI numa situação confortável. Sustentou que o Brasil está sofrendo uma preocupante hemorragia de dólares e que a situação é precaríssima. "Estamos encostados à parede. Se o ajuste fiscal não for aceito pelo FMI, a confiança internacional desaba, assim como a economia brasileira", analisou. Ele indagou a Malan se estavam certos os que profetizaram o malogro da economia brasileira. O ministro da Fazenda mencionou a condição peculiar de uma análise feita depois do fato ocorrido. Ele sustentou que a equipe econômica do governo não cometeu erros graves, embora ninguém tenha o monopólio dos acertos. "Há cinco anos eu ouvia pessoas dizerem que não havia a menor possibilidade de o Plano Real dar certo", comentou ele, acrescentando que análises como essas lembram a situação de prever-se um tremor de terra na Califórnia para "algum dia ou algum momento".Outra pergunta de Jefferson dizia respeito à possibilidade de organismos internacionais terem tomado conhecimento do conjunto de medidas do ajuste brasileiro antes do Congresso Nacional, entre eles o J.P.Morgan e um secretário adjunto do Tesouro americano. Malan sustentou que nenhum organismo estrangeiro tomou conhecimento do conteúdo desse ajuste antes do Brasil. "Rejeito categoricamente que tenhamos feito detalhamento de medidas no exterior. Jamais se discutiu qualquer medida específica. Seria absolutamente descabido", afirmou o ministro.

29/10/1998

Agência Senado


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