Relator questionou delegado sobre dificuldades em investigações
O relator da CPI do Banestado, deputado José Mentor (PT-SP), solicitou do delegado da Polícia Federal José Castilho Neto, nesta terça-feira (29), detalhes sobre as dificuldades que encontrou para conduzir as investigações a respeito da evasão de divisas por meio de contas CC-5. Para o relator, a CPI precisa responsabilizar as pessoas que, segundo Castilho, tentaram abafar o esclarecimento do esquema de lavagem de dinheiro.
José Castilho disse durante o depoimento na CPI que a -operação abafa- teve por finalidade parar as investigações que estavam em andamento desde 1997. Mas não revelou quem teria dado as ordens, apesar de estranhar que as -graves denúncias- por ele levantadas -não tenham empolgado a direção da Polícia Federal-.
O delegado afirmou que a operação teria ficado clara quando o procurador Alexandre Porciúncula pediu o afastamento dele do caso, aceito pela direção da Polícia Federal, no primeiro semestre de 2002, quando resolveu instaurar três mil inquéritos para apurar a ilegalidade de supostas contas CC-5. Já nessa época, observou, existiam indícios de que cerca de US$ 30 bilhões teriam sido transferidos irregularmente para o exterior, principalmente por meio da agência do banco Banestado de Foz do Iguaçu.
José Castilho Neto estranhou que, após o seu afastamento do caso, -as investigações tenham sido paralisadas-, só retomando, conforme informou, em janeiro de 2003, quando ele assumiu de novo o comando das investigações em Nova York. Ele reclamou da ausência de apoio técnico e financeiro para que conduzisse com rigor as investigações.
O delegado estranhou também que o Ministério Público não tenha aberto um inquérito disciplinar contra ele, considerado praxe toda vez que ocorre o afastamento do titular de uma investigação. Ele classificou a ausência da instauração do inquérito de -falta grave-. Mas reconheceu, em resposta ao deputado José Mentor, relator da CPI, -que é normal haver rodízio entre os delegados em qualquer investigação-.
No depoimento, José Castilho admitiu, também, a dificuldade na apuração dos nomes vinculados a contas CC-5, bem como ao fluxo de dinheiro, -já que narcotraficantes, empresários desonestos e até políticos usam empresas off-shore-.
29/07/2003
Agência Senado
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