Jefferson Péres lê artigo de Pompeu de Toledo sobre a derrocada do Brasil



O senador Jefferson Péres (PDT-AM) classificou como "um dos tristes retratos do Brasil" a morte de uma jovem de 28 anos sem assistência médica, na Paraíba. Ele disse, em discurso nesta terça-feira (21),que, se de um lado estão os médicos em greve porque a tabela do SUS não é reajustada há dez anos, de outro está "a desumanidade de profissionais que não deixaram um plantonista sequer para atender à emergência".

Jefferson Péres ilustrou a situação com a leitura, da tribuna, de artigo do articulista da revista Veja Roberto Pompeu de Toledo, intitulado "O Brasil é isso mesmo que está aí". No artigo, Pompeu de Toledo afirma: "Os distraídos talvez ainda não tenham percebido, mas o Brasil acabou". A seguir, ele enumera os sinais dessa derrocada, como "a falência do Congresso e de outras instituições; a inoperância do governo; a crise aérea; o geral desarranjo da infra-estrutura".

A esses fatores, diz Pompeu de Toledo no artigo lido pelo senador, "somam-se outros, crônicos, como a escola que não ensina, os hospitais que não curam, a polícia que não policia, a Justiça que não faz justiça, a violência, a corrupção a miséria, a desigualdade".

Ele enumera, ainda, outras mazelas nacionais, como os adolescentes a serviço do tráfico, os recordes mundiais de assassinatos, os presos que comandam de suas células o crime organizado, os trabalhadores que gastam três horas para ir e três horas para voltar do trabalho, as cidades sujas, as ruas esburacadas.

Diante disso, afirma Pompeu de Toledo, no artigo lido pelo senador, "procura-se o governo e... não há governo". Em sua opinião, há muito quem manda no Brasil não são o presidente, os governadores e os prefeitos, mas as corporações (policiais, professores, funcionários das estatais), as máfias (políticos e apaniguados) e os cartéis (como as companhias aéreas). Estes, segundo o articulista, se unem e "o interesse público, em tese corporificado pelos governos, não é forte bastante para dobrar os fragmentados interesses privados".

- Pálidos de espanto, como no soneto de Bilac, assistimos à desintegração da esperança na pátria, o que equivale a dizer que é a pátria mesma que se desintegra aos nossos olhos - disse Jefferson Péres, ao final da leitura.

O senador observou, no entanto, que não é tão pessimista quanto Pompeu de Toledo:

- Acredito que, além deste Brasil sujo, escuro, ruim, há um Brasil limpo, claro, decente. Esse Brasil limpo, claro, decente precisa gritar mais alto - disse o senador, que pediu a transcrição do artigo nos Anais da Casa.



21/08/2007

Agência Senado


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