Jereissati aponta gasto excessivo do governo com custeio
O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), em discurso nesta quarta-feira (15), acusou o governo federal de "meter os pés pelas mãos" ao "aumentar exageradamente" os gastos correntes, neste momento de crise, em detrimento dos investimentos. Ele apontou o crescimento desordenado daquela rubrica no orçamento, que apenas no primeiro trimestre deste ano chegou a R$ 36 bilhões. Por outro lado, aos investimentos em infra-estrutura, como os das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) foram destinados apenas R$ 400 milhões.
- Há uma grave confusão, uma falta de controle e de administração. Esses números demonstram que estamos nos preparando para deixar uma herança maldita para o próximo governo que vem aí - disse o senador.
Somente em gastos com funcionários terceirizados, disse o senador, houve um aumentou de mais R$ 1 bilhão (de R$ 2 bilhões para R$ 3 bilhões) no primeiro trimestre. Ele salientou que este é o mesmo montante que o governo está destinando ao socorro das prefeituras.
Jereissati afirmou que o governo fez uma avaliação errônea da crise, não lhe dando a devida importância e não percebendo que os instrumentos que propiciaram o crescimento da economia brasileira e mundial também vinham de fora, do mesmo lugar onde a crise se iniciou.
O senador acusou o governo de fazer uma "política cíclica", com aumento de gasto público e baixo investimento, que acabará levando ao ressurgimento da inflação. Em sua avaliação, o Brasil corre risco de entrar em uma "grande crise fiscal" porque não há freio para o aumento de gastos. Jereissati disse que o governo interpretou erroneamente a teoria do economista de John M. Keynes, frisando que a administração não pode confundir "investir com gastar".
- Investir, que o velho Keynes nos ensinou como a grande saída para as crises de recessão, é uma coisa; gastar em gastos correntes que são jogados fora, custeio, pessoal, papel, propaganda, terceirizados, é um erro brutal porque deixa o país em crise fiscal e, ao mesmo tempo, não traz os benefícios do investimento - alertou o parlamentar.
Em aparte, o senador Arthur Virgílio (PSDB-A) afirmou que o governo não tem como reagir agora porque não tem como investir, já que gastou todo o dinheiro. A senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO) voltou a apontar a necessidade de aprovar a reforma tributária. Antônio Carlos Junior (DEM-BA) disse que os números assustam muito e que, no passado, o governo deveria ter reduzido o superávit primário para fazer investimentos. Já Cristovam Buarque (PDT-DF) afirmou que a inflação, eliminada com a implantação do Plano Real, uma "obra de engenharia financeira e fiscal" e que segura a economia até hoje, pode voltar, assinalando que "depois, para se livrar dela será muito difícil".
15/04/2009
Agência Senado
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