Jereissati cobra criatividade do governo



Utilizando como pano de fundo a questão do desenvolvimento regional, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) discursou pela primeira vez, nesta quarta-feira (19), para cobrar mais criatividade do novo governo.

- Até agora, nada, absolutamente nada, nos leva a crer que um rumo diferente esteja sendo tomado - nem para melhor, nem para pior. É necessário e urgente traçar uma estratégia para sair deste círculo. Para isso, precisamos de novos quadros, com novas idéias, dispostos a correr riscos e, principalmente, com uma grande dose de criatividade - afirmou.

Jereissati disse estar preocupado com os primeiros movimentos da área econômica do governo e com o risco de aprofundamento de um quadro recessivo.

- Não existem sinais de mudanças nem de criatividade. É óbvio que a simples execução de um manual montado na perspectiva única e simplista - e às vezes perversa - do mercado financeiro internacional, não funciona mais neste lugar e neste momento - alertou.

Outro aspecto que preocupa o senador é o das reformas prioritárias. Segundo ele, a reforma da Previdência deve ser feita de maneira completa, permitindo maior poupança do setor público e um horizonte claro de poupança, no futuro, do setor privado. O senador recomendou que o governo concentre todas as forças nesta reforma.

A reforma tributária também foi abordada pelo senador, que chamou atenção para o enorme jogo de interesses conflitantes e legítimos. Segundo ele, este jogo está impedindo uma visão muito clara do que a reforma deve ser, pois até mesmo a discussão sobre a federação está incluída numa reforma tributária.

- Precisamos primeiro discutir que tipo de federação queremos para o nosso país. Quais os direitos e deveres que competem à União, estados e municípios na divisão do poder federativo - assinalou.

Jereissati criticou a decisão do governo de levar o debate sobre as desigualdades regionais para o âmbito do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, -onde as regiões mais fracas estão sub-representadas ou praticamente sem voz-. O senador defendeu uma reforma tributária que crie mecanismos simples, eficientes e abrangentes de arrecadação para que possam estimular todos os segmentos da economia a participarem de maneira responsável.

Apartearam Tasso Jereissati os senadores Artur Virgílio (PSDB-AM), César Borges (PFL-BA), Eduardo Suplicy (PT-SP), Sérgio Guerra (PSDB-PE), Patrícia Gomes (PPS-CE), Eduardo Azeredo (PSDB-MG), Rodolpho Tourinho (PFL-BA), Ney Suassuna (PMDB-PB), José Agripino (PFL-RN) e Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). Os senadores destacaram o equilíbrio, a sensatez e a lucidez das críticas de Jereissati.

Jereissati também lamentou a situação de violência e insegurança em que se encontra o país, especialmente nos últimos dias quando um juiz foi assassinado. Ele lembrou que na Colômbia, o narcotráfico começou como uma simples ameaça e hoje tenta derrubar o poder constituído. O senador disse que ainda não percebeu nenhuma atitude mais abrangente do governo federal diante desses graves acontecimentos, -senão a mesma idéia do apoio das Forças Armadas ao Rio de Janeiro e o anúncio da construção de presídios federais já prevista no governo anterior-.



19/03/2003

Agência Senado


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