João Paulo prepara reforma na equipe









João Paulo prepara reforma na equipe
Secretários-candidatos e aliados considerados "infiéis" deverão ser os primeiros a deixar a Prefeitura

O prefeito do Recife, João Paulo (PT), pretende aproveitar a saída dos secretários que irão disputar mandatos na eleição de outubro para promover uma grande reforma no primeiro escalão do seu Governo. Segundo comentários de bastidores, a mudança será muito mais ampla do que o previsto. Informações extra-oficiais dão conta de que as substituições irão atingir não apenas as pastas que ficarão vagas em razão do afastamento dos secretários, mas aquelas cujo desempenho não estariam agradando o prefeito.

Especula-se, ainda, que a reforma também vai servir para o chefe do Executivo tirar da equipe aqueles "colaboradores" que não costumam guardar segredo sobre ações sigilosas do Governo. Segundo João Paulo, chega a ser impossível controlar o vazamento de informações da Prefeitura do Recife. "Há dois tipos de vazamento, o da ingenuidade e outros que expressam interesse político", avaliou.

NOMES - Quando fala sobre o assunto, o petista costuma não citar nomes nem partidos. Ele, no entanto, garante saber exatamentequem são os responsáveis pelo vazamento dos dados. Para evitar complicações políticos e com a candidatura do secretário de Saúde, Humberto Costa, para o Governo do Estado, o prefeito vai esperar o prazo de descompatibilização - dia 5 de abril - para promover a primeira reforma do secretariado. Até lá, ele montará uma estratégia para tentar amenizar o problema.

"Daqui por diante vamos ver quais as informações são de prioridade coletiva e o que é exclusivo da coordenação do Governo", avisou. Segundo João Paulo, a abertura de 100% das informações estava permitindo que "companheiros desavisados" tornassem as notícias públicas. "É preciso esclarecer o que é atribuição do Núcleo do Governo e o que os secretários podem ter acesso".

A reforma ainda é tratado com discrição pela cúpula petista. "O prefeito não falou com a gente sobre isso", disse o secretário de Orçamento Participativo, João Costa, que também compõe o grupo de coordenação do Governo. "Não acho que o momento é oportuno para uma reforma mais ampla.A PCR está indo muito bem", analisou. Nos bastidores, no entanto, a versão é outra.

Segundo uma fonte revelou ao DIARIO, João Paulo teria dito para membros da equipe que está sofrendo pressão externa para mudar alguns secretários, entre eles, a de Planejamento, Tânia Bacelar, e de Serviços Públicos, José Ailton. As mudanças também deverão atingir as áreas de Comunicação e de Políticas Sociais.

Até agora, estão confirmadas as saídas dos secretários de Saúde, Humberto Costa, e de Assuntos Jurídicos, Maurício Rands, ambos do PT. O primeiro pretende concorrer ao Governo do Estado e o segundo à uma cadeira na Câmara Federal. O lugar de Humberto será ocupado pelo secretário-adjunto, Antônio Mendes, e o de Rands com o adjunto, Bruno Ariosto.


A ressaca do mela-mela político
Petistas e jarbistas travam guerra na mídia para saber quem mais faturou politicamente com a folia

Passada a folia carnavalesca, Pernambuco assiste agora a uma guerra de comunicação entre o PT e a aliança jarbista. Guerra iniciada em pleno festejo de Momo nos moldes da brincadeira do mela-mela, onde um mela a imagem do outro para ampliar os seus espaços políticos. Aparentemente, a guerra é para mostrar quem foi o responsável pelo sucesso do carnaval recifense. Mas o enfrentamento real seria o do estilo de cada lado administrar e fazer política cultural.

Neófito no poder, o PT investiu na comunicação social, cujo retorno é mais demorado, para sedimentar a imagem do seu governo na Prefeitura do Recife. O bloco jarbista, há mais tempo no poder e livre da necessidade de construir uma imagem de governo, tratou de se vender como um produto de marketing, cujo retorno é mais direto, perceptível e imediato. São duas perspectivas e duas linhas de atuação diferentes, que deverão ter reflexo não só na campanha deste ano como nas de 2004 e 2006.

O prefeito João Paulo (PT) não admite ter perdido a guerra da comunicação para o governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) no Carnaval deste ano. No entanto, há uma convicção geral de que Jarbas deu um banho nele. Para muitos, o lançamento, na semana pré-carnavalesca, do CD Pernambuco em Novo Ritmo, com sete versões do hino local, nocauteou o PT de um jeito que João Paulo passou a impressão de estar sempre correndo atrás do prejuízo.

Uma ação petista nada comum resume tudo: nas vésperas do Galo da Madrugada, onde o sucesso do hino foi total e a associação com Jarbas inevitável, o edifício Trianon, tradicional reduto jarbista, amanheceu todo pintado de vermelho, a cor do PT. Isto porque o governador resolveu descer o seu camarote para a rua, ficando mais perto da multidão, enquanto o camarote da PCR iria ficar isolado lá em cima.

Para completar, Gustavo Travassos, filho do presidente do Galo, Enéas Freire, que é cantor de um dos trios elétricos daquele clube de máscaras, homenageou o governador. E aí só deu ele na festa. Travassos ainda cantou o hino de Pernambuco, mesmo com o prefeito João Paulo estando num camarote ao lado do de Jarbas. Sem falar que o Governo do Estado reinou na mídia, porque comprou a maior cota de publicidade do Carnaval do Recife, calculada em R$ 300 mil. O Carnaval foi organizado pelo PT, mas, indiscutivelmente, quem apareceu foi o governador.

Ressalte-se que Jarbas ficou ausente do Carnaval do ano passado, quando perdeu a Prefeitura para o PT, após 12 anos mantendo a hegemonia na capital, enquanto ele foi prefeito duas vezes, seguido de Roberto Magalhães (PSDB). Este ano, com a oposição em crise e o PT com dificuldades para administrar, o governador voltou a fazer o que fazia: apareceu em toda parte, inclusive nas prévias. O PT se virou como pôde. Espalhou faixas pela cidade toda, com direito a uma gigantesca na ponte Duarte Coelho.

Na praça do Marco Zero, o PT colocou um passista imenso vestido de vermelho e amarelo. Botou placas maiores do que as do Governo do Estado no fundo de todos os palcos para não ficar de fora das telas de TV. Além disso, João Paulo e o candidato a governador do PT, Humberto Costa, seu secretário de Saúde, circularam em todos os pólos de animação, junto com outros petistas como Dilson Peixoto, presidente da Câmara Municipal, e o deputado federal José Genoíno, pré-candidato ao Governo de São Paulo.


"O País pode ter operário presidente"
Entrevista José Alencar

NATAL (RN) - Um operário pode, sim, ser presidente do Brasil, e quem diz o contrário está falando bobagem. O autor dessa opinião não é nenhum sindicalista, mas um empresário que comanda o maior grupo têxtil do Brasil, o Coteminas, cujo patrimônio líquido atinge a cifra de R$ 1 bilhão. Chama-se José Alencar, e é senador do PL, por Minas Gerais. Aos 70 anos de idade e três de mandato, ele tornou-se na semana que passou o "personagem da vez" da corrida de pré-candidatos presidenciais em busca de um vice. Para tê-lo como companheiro de chapa, PSB e PT estão dispostos até a abrir os seus programas de governo em direção ao centro. Para os dois partidos, o senador é o vice dos sonhos. Primeiro porque o seu apoio significaria também o apoio do PL - partido historicamente aliado do centro e da direita. Depois, pelas características pessoais dele: é um empresário bem sucedido; tem discurso nacionalista e é de Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do País. Não foi à toa que Lula encontrou espaço em sua agenda para passar três dias seguidos (quarta, quinta e sexta) dedicado exclusivamente a visitar fábricas do senador em Minas Gerais e no Nordeste. A seguir, os principais trechos de uma entrevista concedida por ele no final da noite de quinta-feira.

DIARIO - O senhor é daqueles empresários que não têm medo do Lula...
José Alencar - Esse temor não é generalizado. O que existe são pessoas que são privilegiadas, que estão habituadas a levar vantagem através da inadimplência fiscal, inadimplência creditícia, vivem dependuradas em bancos do Estado, atrasando os impostos ou não pagando os impostos, aproveitando programas de anistia.

DIARIO - O senhor concorda que há uma opinião mais ou menos comum no empresariado de que Lula, um ex-operário, não estaria preparado para governar o Brasil?
Alencar - Isso é bobagem. Isso é a maior bobagem. Você ficar fazendo julgamento, fulano está preparado, fulano não está preparado... Por que é que um outro poderia estar? Por que é médico? E daí? Não tem nada a ver. Há um preconceito grande nisso aí. Então um operário não pode ser presidente da República? Claro que pode. Juscelino foi um grande presidente, mas não porque fosse um médico, ele foi um grande presidente da República porque era um grande político. O Lula também é um grande político. Você não pode ter medo de entregar o Brasil aos brasileiros.

DIARIO - O senhor vai aceitar ser vice na chapa do PT?
Alencar - Não decidi ainda. Eu tenho lutado para que as oposições façam uma grande coalizão ainda no primeiro turno. Falam que é utopia. Ok, então façamos no segundo turno. Porque senão é malhar em ferro frio. Nós precisamos que haja uma vitória dos partidos de oposição. O Brasil precisa de mudanças. Que mudanças são essas? O Brasil precisa voltar-se para a economia real. Há muitos jovens que não encontram mais expectativa de vida no Brasil, estão saindo do Brasil para buscar oportunidade de crescimento em outros países de potencial inferior ao nosso. Isso não pode continuar. Nós temos que voltar a crescer no Brasil.

DIARIO: Que programa econômico o senhor espera do PT?
Alencar - Um programa econômico que devolva ao Brasil o desenvolvimento, a expectativa de progresso, abertura para que o jovem volte a acreditar no Brasil, realizar-se no Brasil, trabalhar no Brasil.

DIARIO - Em um eventual governo do PT, que contasse com o seu apoio, o senhor iria defender as privatizações?
Alencar - É preciso analisar bem o assunto. A Vale do Rio Doce, por exemplo, nunca poderia ter sido doada, como foi. Eu acho que quando você privatiza uma hidrelétrica, a Chesf, por exemplo, você não acrescenta um quilowatt/hora de luz. Agora, você acrescenta uma grande soma ao seu passivo externo líquido. Porque passivo externo líquido não é apenas a dívida, é também o investimento direto feito aqui. Porque investimento direto também tem custo. Também demanda dólar. Demanda divisas. Para serem remetidos em forma de quê? De dividendo ou outras formas disfarçadas de remessa. Como, por exemplo, importar componente de si mesmo, a preço superfaturado. Exportar produtos para si mesmo, com preços subfaturados.

DIARIO - E com relação à invasão de terras no campo e de terrenos urbanos?
Alencar - O governo Fernando Henrique cruzou os braços e fez vista grossa à invasão de terra produtiva no Brasil. Isso tá errado. E nem de terra improdutiva. Porque isso é ilegal. Então daqui a pouco o camarada invade isso (o hotel) aqui também. Isso aqui dá pra muita gente. O direito de propriedade tem que ser mantido. Fora da lei não há salvação (em tom exaltado)!

DIARIO - Mas estes movimentos, senador, apóiam o PT.
Alencar - Se o PT apóia, eu não apóio. Eu não tô pedindo para ser candidato do PT, não. Não tô pedindo para ser candidato a nada. Eu sou o que eu sou. Eu sou transparente, eles sabem o que eu sou. Se eles me convidam, eles estão convidando porque sabem quem eu sou. Jamais vou abdicar de minhas posições.

DIARIO - E a flexibilização da CLT, o senhor é contra ou a favor?
Alencar - Sou contra. Por que é que a flexibilização veio, e para quê? Para permitir reduzir salários das pessoas, não foi? Cria liberdade para negociações entre patrão e empregado e facilita para o empregador empregar, desempregar, tratar um salário de 100, mas o mercado caiu então só paga 80...Tudo bem, é lei de mercado. Só que você tem que ter compreensão para enxergar que isso poderia até ser feito em determinadas circunstâncias, mas não na situação em que está o Brasil. Hoje não há mais nem mesmo os movimentos de reivindicação salarial.


Poder público emprega 7,2 milhões
Pesquisa do BNDES conclui que 25% dos trabalhadores são funcionários da União, estados e municípios

RIO - O poder público ainda é um importante empregador no País. Em 15 unidades federativas, dos 26 Estados e Distrito Federal, mais de um terço dos trabalhadores formais é servidor público, nas esferas federal, estadual e municipal ou em empresas estatais. Levantamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com base no Relatório Anual de Informações Sociais (Rais) relativo a 2000, aponta que 25,3% dos 28 milhões de empregos formais em todo País estão na administração pública. São 7,2 milhões de pessoas, que recebem em média 6,5 salários mínimos.

Quanto ao rendimento, há grandes disparidades. As faixas vão dos servidores federais de São Paulo, que recebem 17,1 salários mínimos, aos municipais da Paraíba, com a menor média: 1,7 mínimo por mês. "Se há médias baixas de remuneração, quer dizer que há funcionários públicos recebendo um salário mínimo. Para eles, o aumento do mínimo representa um impacto importante, que contribui para a distribuição de renda", avalia Sheila Najberg, economista de Assuntos Fiscais e do Emprego do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

O órgão fez uma série de estudos sobre o impacto do aumento do mínimo, de R$ 180 para R$ 200, a partir de abril. Um levantamento recente revelou que, apesar de importante para os trabalhadores, o aumento não terá grande impacto na folha de pagamento dos municípios.

RENDA - Isso indica, segundo o chefe de assuntos fiscais, José Roberto Afonso, que não deve haver demissões no funcionalismo a partir de abril. Em muitas cidades, lembra o economista, o emprego público é o principal meio da renda da população, gerando um desenvolvimento local mais duradouro.

"Especialmente nos Estados menores, o poder público, como importante empregador e gerador de renda, é fundamental para minimizar as desigualdades sociais. Onde o setor privado é atuante, o peso do funcionalismo público é menor. Nos Estados que têm índice de desenvolvimento mais baixo, o percentual de empregados na administração pública cresce", explica Sheila Najberg.

O economista Márcio Pochmann, secretário de Trabalho da prefeitura de São Paulo e estudioso do mercado de trabalho no Brasil e no exterior, lembra que o peso do funcionalismo público diminui, se for levado em conta todo o universo dos trabalhadores ocupados - o que inclui o mercado informal. Nesse caso, a participação da administração pública cai de 25% para 10%.

"Os dados de 1999 indicam 69 milhões de trabalhadores ocupados. No mercado formal, a ocupação do setor público é alta, mas hoje o que predomina é o informal", diz Pochmann. Ele lembra que há ainda uma categoria que é considerada empregada no setor privado, mas é paga pelo setor público: são funcionários de empresas que prestam serviços terceirizados para estatais e governos. "São empresas privadas que dependem do dinheiro público."

O secretário destaca que nos locais pouco desenvolvidos, sem expansão do setor privado, o empregado público acaba sendo o principal ou único motor da economia. "Há cidades onde o dinheiro só circula duas vezes ao mês, no pagamento dos funcionários públicos e no pagamento da Previdência. Os servidores são quase a única fonte dinâmica, que move a economia local."

Estão na região Nor te - com exceção do Distrito Federal - os Estados com as mais altas proporções de funcionários públicos. No Sul e Sudeste, onde é maior a oferta de empregos na indústria e em comércio e serviços, o número cai consideravelmente. Por exemplo, são apenas 15,4% de funcionários públicos entre todos os empregados formais em Santa Catarina, o menor porcentual do País.

SALÁRIOS - Os números indicam que os Estados são os maiores empregadores, seguidos dos municípios, empresas públicas e União. Os governos estaduais empregam 39,7% do total de servidores do País, que recebem em média 6,9 salários mínimos.

Já as prefeituras respondem por 31,8% dos funcionários públicos. As prefeituras pagam os piores salários: quatro mínimos. As estatais reúnem 16,5% dos empregados no setor público, pagando 6,2 salários mínimos, em média. A Uniãoé a empregadora do menor número de servidores, 12,7%, mas é a que paga remunerações mais altas: 12,7 salários mínimos.


Laboratórios terão que explicar aumento
Tem preço de remédio que pulou de 6% para 87%

BRASÍLIA - A Câmara de Medicamentos vai notificar os laboratórios que aumentaram os preços dos seus remédios acima do percentual de 5,83% autorizado pelo governo, em janeiro.

A denúncia contra as empresas foi feita pelo Conselho Regional de Farmácia do Distrito Federal após uma pesquisa nos preços de dois mil produtos, que revela reajustes de até 87,19%.

Segundo um técnico do governo, os laboratórios terão que dar explicações sobre os aumentos durante a semana.

A pesquisa do conselho mostra casos em que houve apenas um erro na impressão das revistas de preços das farmácias e também de reajustes em produtos fitoterápicos, que não têm preço controlado pela câmara.

"Mas também existem laboratórios que fizeram reajustes acima do permitido ou que arredondaram os percentuais de aumento e isso terá que ser explicado", disse o técnico.

Ele explicou, por exemplo, que o analgésico de morfina, MST Contínuos, do laboratório Asta Médica, teve seu preço publicado nas revistas da ABCfarma com um reajuste de mais de 80% por causa de um erro.

Mas, segundo o CRF-DF, até os reajustes concedidos pelo governo para a indústria farmacêutica são descabidos, porque os laboratórios teriam aumentado seus preços em cerca de 150% nos últimos cinco anos, sendo que, nos produtos mais consumidos pela população, o aumento chegaria a 360%.

Os preços dos medicamentos estão congelados no Brasil desde o fim de 2000, mas a Câmara de Medicamentos já concedeu dois reajustes ao setor nos últimos 12 meses.

O primeiro, em outubro de 2001, foi de 3%, em média, e o segundo, em janeiro de 2002, de 4,32% em média chegando a, no máximo, 5,83%.


Governo vende títulos pela internet
Negociação pela rede permite acesso de pequenos compradores a investimento tão seguro quanto a poupança

A venda de títulos do Tesouro Nacional pela internet é uma tentativa do Governo popularizar este tipo de investimento. Até então, o acesso era permitido apenas a grandes investidores, por causa do volume de venda permitido, a tesourarias de bancos e a fundos de investimento - renda fixa e pré e pós-fixados. Tão seguros quanto a poupança, por que são garantidos pelo Governo, os pequenos investidores acabavam só comprando esses títulos através de fundos. Entretanto, eles cobram taxas de administração altas, especialmente de pequenas quantias. A compra pela internet permite que o pequeno investidor também participe, popularizando as vendas.

Mas para isso terá de se credenciar em uma instituição, que por sua vez fará o credenciamento do candidato a investidor no Tesouro. A partir daí o investidor passa a comprar ele mesmo os títulos que desejar. Mas não é só isso. Os títulos são diferentes entre si. Cada um tem peculiaridades próprias. Alguns são prefixados, outros são pós-fixados. A rentabilidade também variaconforme o perfil do título. (veja cartilha nesta página).

Para se assegurar de que está fazendo o investimento certo, o interessado pode recorrer a especialistas. A FinaCap, presta consultoria financeira, indicando título, rentabilidade, perfil. Aristides Cavalcanti, sócio da FinaCap, comemora a decisão do governo. Afinal, a venda de títulos de governo em outros países já existe há muitos anos.

Só para você ter uma idéia, no balanço do primeiro mês de vendas de títulos pela internet, divulgado no site do Tesouro - www.tesouro.fazenda.gov.br - já foram negociados R$ 5,936 milhões em 947 operações. O valor médio das operações chegou a R$ 2,2 mil. De acordo com o Tesouro, cerca de 36% dos aplicadores fizeram operações com valor inferior a R$ 1 mil. Oitocentos e noventa e sete pessoas de 124 cidades, de 22 estados do País compraram títulos do governo pela internet. As LTN - Letras do Tesouro Nacional - foram as campeãs da preferência dos investidores, com 85% das operações. As NTN-C tiveram 8% da preferênciae as LFT com 6%. As instituições que mais negociaram títulos foram Banco do Brasil, Bradesco, Investshop, CEF, Patagon, Hedging Griffo.

Para facilitar a vida do investidor, a FinaCap fez um estudo detalhado dos títulos, a que os clientes dela poderão ter acesso. Aristides mostra que a rentabilidade desse produto se dá em função do prazo de aplicação. Quanto mais tempo, mais rentabilidade. Aliás esta é a função desse tipo de aplicação.

A taxa cobrada pela custódia na CBLC, quando da 1ª aplicação, é de 0,43% no ato do investimento acrescida da taxa de serviço do agente de custódia que fará a intermediação da operação. Na renovação da operação a taxa de custódia será desmembrada sendo, 0,43% fixa cobrada no ato da renovação, acrescida também da taxa de serviço do agente de custódia que fará a intermediação da operação e de 0,40% ao ano.

De acordo com Aristides, mesmo com as taxas de administração, a rentabilidade média da LTN em 2001 foi de 20,81%, bem superior ao CDI, com 17,29%, CDB rendeu 16,51%, Seliccom 17,31% e poupança, que rendeu 8,59%. Considerando uma despesa total de 0,83% (0,43 + 0,40) a rentabilidade anualizada da LTN de 2001 seria de 19,81%, também superior a outras aplicações. A LFT e a NTN-C de 2001 também tiveram um bom desempenho em relação aos outros indicadores de mercado. E o melhor, é seguro.


Artigos

Carta ao leitor
Ricardo Leitão

Tomada plugada nas urnas
Com pompa e circunstância, nesta terça-feira o presidente Fernando Henrique Cardoso ocupa cadeia de rádio e televisão para anunciar o fim de nove meses de racionamento de energia. FHC, que em maio de 2001 se disse "surpreendido" com a dimensão da crise, assumirá parcela de responsabilidade pelo imbroglio no setor energético. Mas dividirá o ônus com administrações anteriores e destacará que somente o seu governo foi capaz de vencer o desafio dos apagões.

O presidente faz uma aposta e se lança em um risco. A aposta é bancada no pano verde das eleições de outubro. Responsável pela recessão econômica e desaparecimento de milhares de empregos, o racionamento também infla a impopularidade do Governo e contribui para manter o candidato oficial à Presidência, o ministro da Saúde José Serra, no rol dos expelidos no primeiro turno. O anúncio pomposo do final da contenção da energia, no mesmo momento em que Serra se desincompatibiliza do cargo para mergulhar na campanha, varre a crise para o passado, alegra os consumidores e as distribuidoras de eletricidade e ajuda a pavimentar a pista de decolagem do candidato do PSDB.

O risco da decisão do presidente vem sendo tema de reportagens da Editoria de Economia do DIARIO. Especialistas consultados pela repórter Rosa Falcão, como o professor Maurício Tolmasquin, da Universidade Federal do Rio de Janeir o, e o pesquisador João Suassuna, da Fundação Joaquim Nabuco, consideram que o anúncio do fim do racionamento, nesta terça-feira, é uma precipitação. Ambos defendem que o Governo deveria aguardar o fim do período das chuvas, em abril, para só então avaliar a situação dos reservatórios das hidrelétricas e decidir sobre a questão.

O nó da questão é que o calendário hidrológico, por este raciocínio, não se ajusta ao calendário eleitoral. Ajustem-se, portanto, as águas. Tolmasquin e Suassuna são enfáticos ao afirmar que, no momento, os reservatórios do Sudeste, do Centro-Oeste e do Nordeste só acumulam água suficiente para gerar energia até o final deste ano. Se as chuvas foremirregulares em 2003, o que é uma possibilidade, a volta ao consumo normal de energia a partir do próximo mês de março, com o fim do atual racionamento, pode levar à necessidade de um novo racionamento em outubro do ano que vem. Dessa forma, uma das heranças de FHC a seu sucessor seria a segunda grande crise no setor energético no período de apenas dois anos.

Técnicos do Governo não admitem o risco. Alegam que os índices dos reservatórios sustentam o fim do racionamento e, caso o consumo exceda as previsões, usinas termelétricas serão ativadas para não sobrecarregar as hidrelétricas. As termelétricas ainda estão em instalação e faltam acertos essenciais, como o preço a ser cobrado pela energia que elas gerarão - mais cara que a hidrelétrica - e a que consumidor será destinada. Contudo parecem ser detalhes menores, diante da urgência em se desafogar os caminhos de Serra.

Candidato à reeleição à Presidência da República em 1998, Fernando Henrique Cardoso autorizou que o Banco Central gastasse US$ 6 bilhõesdas reservas do Tesouro para manter a paridade do real com o dólar e, no seu rastro, elegeu-se no primeiro turno. Empossado em janeiro de 1999, no mesmo mês comunicou aos brasileiros que a farra do real forte acabara e desvalorizou a moeda nacional 20% frente ao dólar. Serra não terá um real forte, mas, ao lado de FHC, irá se valer da liberação das cargas plenas de energia. Resta saber se, iludido em dólar em 1998, o eleitor bancará com seu voto a operação do fim do racionamento em 2002.

Até o próximo domingo.


Colunistas

DIÁRIO POLÍTICO – Divane Carvalho

As lições do Carnaval
João Paulo e Jarbas Vasconcelos devem ter tirado lições do Carnaval que passou. O prefeito certamente aprendeu que não é só organizar a festa, animar a cidade e circular por toda parte. É preciso ter uma estrutura de marketing por trás do evento, para que ele renda dividendos políticos pois quando isso não existe, o adversário avança no seu espaço, como aconteceu. O governador ocupou da mídia à Avenida Guararapes, o Recife Antigo, o Marco Zero, e quando o prefeito se deu conta estava quase tudo dominado pelo Governo do Estado, à frente o Hino de Pernambuco, e o jeito foi correr atrás do prejuízo. Surpreendendo em alguns momentos, vale ressaltar, quando pintou de vermelho , a cor do PT, o Edifício Trianon, durante muitos anos o quartel general de Jarbas Vasconcelos no desfile do Galo da Madrugada. Em 48 horas, o prédio foi incorporado a João Paulo, numa agilidade espantosa em se tratando de uma prefeitura do PT, assim como em tempo recorde surgiram faixas com a marca do prefeito em locais de grande movimento.Rapidamente, João Paulo deve ter aprendido que, parcerias à parte, Jarbas Vasconcelos joga pesado para recuperar o terreno que perdeu ao ser derrotado com Roberto Magalhães na eleição para a PCR e para isso não tem limites. Já o governador, na certa tem na ponta da língua a aula intensiva sobre o parceiro ao descobrir que, se nas questões administrativas ele é pacato, na política a história é outra, porque o prefeito sabe usar táticas de guerrilha quando se sente ameaçado eleitoralmente. Assim, os dois estão prontos para enfrentar o que vem por aí quando começar pra valer a corrida pelo Palácio do Campo das Princesas.

Luiz Inácio Lula da Silva continua surpreendendo. O pré-candidato do PT a presidente, que um dia rejeitou o apoio de Ulisses Guimarães, do PMDB, agora acha natural uma aliança com Orestes Quércia (PMDB-SP) com o argumento de que não pode perder votos

Previdência Na bancada de Pernambuco em Brasília, o comentário é que quando Roberto Brandt (PFL-MG) deixar o Ministério da Previdência para disputar a reeleição na Câmara dos Deputados, Everardo Maciel poderá ocupar o lugar dele.

Campanha Roberto Freire (PPS-PE) vai segunda-feira a Água Preta e Palmares, onde se reúne com os pós-comunistas de lá. Uma grande surpresa, todo mundo imaginava que em Água Preta só tinha eleitores do prefeito Eduardo Coutinho (PSB), e em Palmares, do deputado Eudo Magalhães (PFL).

Candidato 1 Nas últimas inserções do PT na TV, Luiz Inácio Lula da Silva diz que há 22 anos luta para mudar o Brasil e fala da barba grisalha como sinônimo de experiência.

Candidato 2 Muitos eleitores estão entendendo a mensagem de outro jeito. Acham que o PT passa a idéia de que o candidato envelheceu e ainda não conseguiu ser presidente da República.

Recepção O PPS decidiu animar a candidatura de Ciro Gomes a presidente colocando militantes com faixas e cartazes para recebê-lo em todos os lugares onde ele desembarcar a partir de agora. E ainda avisa que vai fazer uma coisa dessa.

Fiscalização 1 Roberto Andrade, do PFL (foto), promete que, a partir de segunda-feira, a bancada pefelista vai iniciar a fiscalização das ações da PCR, como dispensa de licitação nas áreas de saúde e engenharia e a taxa tapa-buraco.

Fiscalização 2 Os vereadores pefelistas prometem, ainda, voltar ao assunto fechamento do Teatro Santa Isabel, que continua em obras. Os pefelistas estão atrasados, deveriam ter fiscalizado antes de João Paulo assumir a PCR.

Desafio O publicitário Nelson Biondi é quem vai coordenar a campanha do pré-candidato a presidente, José Serra (PSDB-SP). O desafio do publicitário é fazer Serra crescer nas pesquisas. E bem depressa.


Editorial

CASO CARON

O caso Caron traz à luz uma das mais dolorosas chagas da sociedade brasileira. Trata-se do despreparo dos profissionais. Esse fato, aliado ao corporativismo, à leniência do consumidor e à legislação arcaica, forma combinação explosiva, capaz de trazer prejuízo ao indivíduo e grandes perdas à sociedade. É ela que responde, em grande parte, pelo atraso do País.

As universidades despejam anualmente milhares de jovens no mercado. Grande parte deles deixa os bancos escolares com diploma na mão, mas despreparados. O Provão é triste prova da insuficiente formação superior, que, por sua vez, exibe feridas profundas da má qualidade dos ensinos fundamental e médio. Muitos recorrem a cursos de pós-graduação nem sempre confiáveis. Resultado: médicos aleijam e matam, engenheiros respondem pela queda de prédios e viadutos, professores não ensinam nem estimulam a aprendizagem.

Erros médicos saltam mais aos olhos. Eles põem em risco a vida das pessoas. Deveriam, por isso, merecer redobrada atenção dos órgãos de fiscalização. Não é o que acontece. Feita a denúncia, a investigação corre frouxa nos conselhos regionais e federal de medicina. A lei que trata do assunto, de 1957, contribui para a procrastinação do processo. E, enquanto o médico não for sentenciado, pode continuar no exercício da profissão. É justo. Há que se buscar, porém, mecanismos capazes de apressar a decisão. Pior: nada impede que os tantos Carons, desmoralizados num estado, mudem-se para outro e lá, de ficha limpa, reiniciem a série de deformações e mortes.

O corporativismo constitui grande estímulo à continuação da calamidade. Há quem o chame de máfia branca. Existe como um pacto não escrito entre os pr ofissionais para não incriminar o colega. Escamoteiam-se negligências e imperícias, desconsideram-se denúncias, procrastinam-se decisões. No jogo da falta de moral e de ética, o grande perdedor é o paciente. Talvez em nenhuma outra área, o consumidor seja tão desprotegido. Vale o exemplo de Caron. Um médico, que sequer tem especialização, alvo de 37 sindicâncias e processos em andamento, clinicava impunemente na capital da República. Em razão da lei que garante o sigilo, os pacientes desconheciam-lhe o prontuário.

Os conselhos, regionais e federal, que deveriam atuar como Procons do paciente, defendem os profissionais da saúde. Sabe-se que existe lobby dos médicos e até assessoria parlamentar que se empenham em impedir a mudança na lei que possibilitaria ao paciente obter informações sobre o médico. É hora de dar um basta ao estado de calamidade que assusta e envergonha o País. A população precisa fazer a sua parte. Denunciar e exigir maior fiscalização. Os conselhos, por sua vez, devem rever suas estratégias e conceitos para garantir transparência, publicidade e agilidade nas decisões que envolvam seus profissionais.

A soma de morosidade e obscuridade tem um viés perigoso: estimula os maus médicos. Das autoridades, incluindo aí o Ministério Público, fiscal da lei, espera-se maior vigilância, providências para modernizar a legislação e, mais do que nunca, incentivo à discussão pública. Afinal, há vidas em jogo.


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02/17/2002


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