Jonas Pinheiro: em desespero, agricultores estão pagando juros de até 32%
O senador Jonas Pinheiro (PFL-MT) pediu da tribuna "mais sensibilidade" à equipe econômica do governo para que sejam adotadas, com urgência, medidas de apoio aos agricultores, que enfrentam prejuízos por causa dos baixos preços de sua produção. Ponderou que, ao contrário de outros anos, o governo tem manifestado interesse em encontrar uma solução, mas tem havido demora por parte do Ministério da Fazenda.
Por causa disso, muitos agricultores, "em total desespero", estão aceitando vender sua produção "a preços aviltantes" e recorrendo a empréstimos bancários com taxas de juros de até 32% ao ano - a inflação projetada para os próximos 12 meses está próxima de 4,5%. Ele acha que esses empréstimos dificilmente serão pagos pelos produtores, pois juros tão elevados inviabilizam qualquer produção rural.
Jonas Pinheiro observou que estão fora do alcance dos produtores medidas que diminuam seus prejuízos, pois o maior problema se deve à queda do real frente ao dólar. Os produtores de soja, por exemplo, enfrentam uma queda superior a 40% nas cotações do produto, em reais, comparando-se com dois anos antes.
No Mato Grosso, informou o senador, os baixos preços em reais levaram a uma redução da área plantada que chegou a 1,5 milhão de hectares. No caso do algodão, a área de plantio caiu 30%. A de arroz chegou a 60%. A situação se torna mais crítica para os plantadores de soja porque só o frete, para levar o produto até o porto de exportação, fica com 30% do custo de produção.
- Os agricultores não estão solicitando anistia de dívidas, nem privilégios ou vantagens descabidas. Eles são vítimas das políticas de juros, de câmbio, do peso da tributação, da deterioração das estradas e, em alguns casos, de fatores incontroláveis da natureza - argumentou o senador.
Ele lembrou que o meio rural responde por 40% da produção do país e não será justo "matar a galinha de ovos de ouro" no momento em que os bancos anunciam lucros recordes e a Receita Federal revela "níveis de arrecadação jamais vistos".22/03/2006
Agência Senado
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