JOSAPHAT: APOIO DO CONGRESSO AO GOVERNO NÃO DEVE SER IRRESTRITO



O senador Josaphat Marinho (PFL-BA) afirmou hoje (dia 18) que "não era razoável, como não é, adotar medidas gravosas para toda a população sem distinguir os que são mais ou menos favorecidos". Por isso, na sua opinião, o Congresso e suas lideranças políticas, que não foram ouvidos previamente, devem "apoiar o governo, cooperando; apoiar, divergindo; e apoiar, selecionando", entre as medidas, aquelas que são adequadas e justas.

- Toda vez que o governo é unanimemente aplaudido, erra mais, e este é o caminho do Parlamento na vida democrática - frisou, lembrando que, com a Segunda Guerra Mundial em curso, Franklin Delano Roosevelt e Winston Churchill não deixaram de ser criticados pelos Parlamentos americano e inglês.

Portanto, observou Josaphat Marinho, se "a crise presente não tem a dimensão de uma guerra universal", cabe constatar que não é razoável enfrentá-la "misturando providências de longo alcance com pequenas providências".

Além disso, para o senador, "apesar das advertências que lhe foram feitas, o governo não estava preparado para adotar um conjunto de medidas racionalmente planejado", como o teria praticamente confessado o secretário do Ministério da Fazenda, Pedro Parente, ao dizer que as 51 medidas foram definidas no final da tarde do dia 9, um domingo, às vésperas de sua divulgação.

Segundo Josaphat Marinho, classificar de "defensores dos poderosos" os que se manifestaram publicamente contra o aumento indiscriminado do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF), como o fez o presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães, é esquecer que "os poderosos é que não pagam devidamente o IR no país, enquanto os assalariados pagam mais".

Josaphat salientou que o presidente dos EUA, ao se deparar com uma crise de proporção, sempre convoca os líderes dos dois partidos para informá-los sobre a situação e pedir seu apoio. "O governo brasileiro deveria ter ouvido as forças políticas, inclusive as da oposição, que integram o governo como elementos de crítica e correção", ponderou.

Em aparte, o senador Gérson Camata (PMDB-ES) assinalou que os governos não fazem o que querem, mas o que podem, diante das circunstâncias com que se deparam, e que FHC, antes da crise, fez veementes apelos ao Congresso pela aprovação das reformas constitucionais. Pedro Simon (PMDB-RS) propôs que o governo convoque todas as lideranças políticas para discutir soluções à crise.

O líder do governo no Congresso, senador José Roberto Arruda (PSDB-DF), por sua vez, frisou que a crise internacional estourou numa sexta- feira e que, na segunda-feira posterior, o governo deveria dar uma resposta significativa ao mercado. Foi também o que o Japão teve que fazer no último fim de semana, comparou. Quanto à avaliação das medidas do governo pelo Congresso, Arruda ressaltou que o governo tem o apoio político de sua base como fundamental para garantir uma sinalização precisa ao mundo e que "receberá contribuições, sugestões e críticas construtivas, como é do seu dever no regime democrático".



18/11/1997

Agência Senado


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