JOSAPHAT DIZ QUE SENADO DEVIA SER OUVIDO SOBRE EMPRÉSTIMO DO FMI



Invocando o artigo 52, inciso 5º da Constituição, o senador Josaphat Marinho (PFL-BA) indagou nesta segunda-feira (dia 16) por que o Senado não foi ouvido para autorizar a operação de crédito de US$ 41 bilhões que o Brasil conseguiu do FMI e outros organismos internacionais. O parlamentar estranhou declarações do ministro da Fazenda, Pedro Malan, de que o Senado só precisará se manifestar se houver um segundo empréstimo, através do Banco de Compensações Internacionais.De antemão, Josaphat Marinho ponderou sobre a impropriedade de o governo solicitar urgência do Legislativo na aprovação do programa de ajuste fiscal, se o próprio presidente da República não considerou urgente enviar as medidas para o Congresso. Lembrou que houve oportunidades de esse programa chegar ao Parlamento antes do primeiro e do segundo turno das eleições, e comentou: "essas circunstâncias mostraram que não há urgência".O senador lembrou que a Constituição fixa entre as atribuições de competência exclusiva do Senado "autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, estados, Distrito Federal, territórios e municípios". Josaphat Marinho sustenta que não existe "operação externa de natureza financeira mais qualificada do que a que acaba de ser realizada entre o Brasil, o FMI e outros organismos internacionais". E lembra que a Constituição não discrimina entre primeiro e segundo empréstimo. Para ele, tudo indica que, na visão do Executivo, as normas procedimentais do FMI superpõem-se à Constituição. Ele estranhou que o ministro da Fazenda tenha declarado ao Jornal do Brasil que o Senado só será comunicado informalmente dessa negociação e que a equipe econômica entende não haver necessidade de autorização dos parlamentares para o fechamento do acordo, por ser o Brasil membro do FMI. Conforme Josaphat, o ministro também teria dito que o Senado tomará conhecimento da obtenção do empréstimo mediante informação do governo à Comissão de Assuntos Econômicos.Na análise do senador, o ministro da Fazenda entende que não é necessário fazer nem uma comunicação formal ao presidente do Senado, devendo isso ocorrer apenas no caso de o Brasil precisar de mais um empréstimo, junto ao Banco de Compensações Internacionais. Argumentando que esse é um assunto que pode ter graves repercussões de natureza constitucional no futuro, Josaphat Marinho pediu que os senadores ponderem sobre o que está acontecendo. "Para que não digam amanhã que tudo ocorreu com silêncio, o qual pode ser interpretado como aquiescência do Senado", observou ainda o senador.

16/11/1998

Agência Senado


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