José Agripino prega reformas para manter crescimento da classe 'C'



O líder do DEM, senador José Agripino (RN), reconheceu nesta quarta-feira (17) que a migração de 18 milhões de brasileiros das classes "D" e "E" para a classe "C" será o maior legado que o atual governo deixará para seu sucessor, assim como a estabilização da economia foi a principal herança do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

O senador atribuiu o crescimento da classe "C" à elevação do salário mínimo, à expansão do programa Bolsa-Família e ao crescimento do crédito consignado. Depois de considerar "artificial" essa expansão, Agripino afirmou que o desafio do futuro governo é implementar reformas que sustentem essa mobilidade social.

Para o líder do DEM, é necessário que se conceda aos beneficiários do Bolsa-Família a porta de saída efetiva da pobreza, "com a chave da qualificação profissional". Isso, segundo ele, só será possível com a expansão da infraestrutura e do mercado de trabalho e com o crescimento sustentado da economia.

As bases para essa consolidação, na avaliação do senador, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva "fica devendo" ao Brasil: as reformas sindical, trabalhista e política. O governo está em débito também, acrescentou, com a saúde pública e com a segurança.

Indicadores

Agripino disse, na área social, cabe ao futuro governo "mexer" no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e no índice Gini. Medida comparativa de riqueza, alfabetização, educação, esperança de vida, natalidade e outros fatores para os diversos países do mundo, o IDH revelou uma queda do Brasil da 70ª posição para a 75ª, como registrou o líder do DEM.

- Mesmo com a classe "C" aumentando, o IDH piorou. Os brasileiros não estão tendo, de forma sustentada, aquela provisão de infraestrutura básica capaz de mantê-los em processo de crescimento sustentado - acrescentou.

O índice Gini - o que mede a distância entre ricos e pobres em um país - é, na avaliação de Agripino, o mais perverso. Segundo ele, o Brasil se encontra em posição pior que o Haiti: "Somos o oitavo mais injusto país do mundo".

Eduardo Suplicy (PT-SP) disse, em aparte, que embora o Brasil ainda ocupe a 8ª posição entre os países mais desiguais, reduziu de 2002 a 2008 o coeficiente de desigualdade e a pobreza absoluta. O senador ressaltou o consenso no Congresso Nacional no aperfeiçoamento dos programas de transferência de renda.

Flávio Arns (PSDB-PR), também em aparte, citou o impacto das altas taxas de juros na área social. O dinheiro que o governo paga para financiar seu déficit, como observou o senador, faz falta na educação e nas outras áreas

Valdir Raupp (PMDB-RO) disse que a busca de melhores indicadores sociais para o país começou com o governo José Sarney (1985-1990) e que a Constituição de 1988 foi um marco importante nas mudanças. A melhoria desses indicadores, conforme o senador, depende de mais investimentos em educação.



17/02/2010

Agência Senado


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