Cristovam prega "revoluções" para reconciliar classe política com o povo



O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) voltou a defender, nesta segunda-feira (27), uma mudança radical de comportamento da classe política, de modo a sintonizá-la com as necessidades do país. No entender do senador, a corrupção, o gasto equivocado dos recursos públicos e a omissão dos governantes, aí incluídos os três Poderes, levaram a divorciá-los do povo.

Para dar uma ideia de como anda baixo o conceito dos políticos, o senador descreveu cena que observou neste fim de semana em aeroporto brasileiro: uma senhora lia a revista Veja desta semana, cuja capa sugere à população que dê descarga nos políticos.

- Eu não a escutei falar, mas dentro da minha cabeça o que eu ouvi, sem ela dizer, foi: "são todos ladrões". Essa foi a sensação que eu tive - disse Cristovam, observando que estava em trânsito para um de inúmeros compromissos e até pensou em desistir, abatido pelo desânimo e pelo cansaço.

O parlamentar, entretanto, manteve sua agenda, da qual constava uma palestra para prefeitos e professores em Saúde, interior da Bahia. Contou ter saído dali revigorado pelo eco que encontrou a suas propostas e pela convicção de que o Brasil precisa de "revoluções".

Cristovam recordou à audiência suas propostas de democratização e melhoria do ensino. Uma delas é a de que os políticos sejam obrigados a matricular seus filhos em escolas públicas, forçando à recuperação dessas instituições.

O senador assinalou em seu discurso que não há como negar a existência de "mordomias" no setor público, e até no setor privado, estas últimas pagas com recursos de descontos no Imposto de Renda. E sugeriu que o clamor da opinião pública em relação a esses excessos provoque a mudança de comportamento.

Ele voltou a falar sobre o reduzido tempo que os congressistas passam trabalhando efetivamente em Brasília. No entender de Cristovam, os deputados e senadores deveriam ficar em Brasília por prazos mais prolongados.

De todo modo, o senador questionou os custos por parlamentar que vêm sendo atribuídos pela imprensa.O jornal Folha de S.Paulo, por exemplo, chegou a publicar um valor mensal de R$ 130 mil.

- Eu não sei de onde tiram esse custo de um deputado em R$ 130 mil, a não ser que para saber o custo de um médico a gente dividisse todo o custo do hospital pelo número de médicos e para saber o custo de um professor dividíssemos todo o custo de uma universidade pelo número de professores. Não é assim que se faz. Tem que se analisar quanto custa cada um - argumentou.

Ele observou que a atividade parlamentar obriga o congressista a viajar, o que não quer dizer abuso. A solução, segundo ele, é separar as viagens necessárias ao exercício do cargo daquelas particulares, que não devem nunca ser financiadas com dinheiro público.

A propósito, o senador relatou algumas de suas viagens recentes, uma delas a ao Texas, onde fez palestra sobre educação, mas informou que todas foram pagas com dinheiro das instituições anfitriãs, do seu partido ou do próprio bolso.

- É preciso 'desmordomizar' o Congresso, o Judiciário, o Executivo e o setor privado. Aqui no Congresso, temos de aprovar com rapidez leis que mudem a vida do povo brasileiro. Nossos projetos levam anos, anos, anos e, quando são aprovados, o povo nem lembra que foi feito aqui - disse o senador.

Ao Executivo, ele recomendou que reveja o volume de gastos com propaganda, atualmente da ordem de R$ 2 bilhões a R$ 3 bilhões.



27/04/2009

Agência Senado


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