José Jorge: Lula poderia esclarecer, se quisesse, a origem do dinheiro para a compra de dossiê
Ao discursar em Plenário nesta terça-feira (26), o senador José Jorge (PFL-PE) criticou a postura do presidente da República em relação ao escândalo do dossiê que seria utilizado contra José Serra, candidato do PSDB ao governo estadual de São Paulo. O senador afirmou que Luiz Inácio Lula da Silva poderia esclarecer, se assim o desejasse, a origem do dinheiro que pagaria o dossiê - cerca de R$ 1,7 milhão. E também disse que o presidente "continua tentando interpretar seu melhor personagem: o de vítima".
Candidato a vice-presidente na chapa de Geraldo Alckmin (PSDB-SP), José Jorge declarou que "bastaria [a Lula] chamar essas pessoas que são amigas dele, como o Jorge Lorenzetti, que foi quem mandou o Gedimar Pereira Passos comprar esse dossiê", para que elas informassem a origem do dinheiro. O senador lembrou que tanto Lorenzetti quanto Gedimar são ligados ao PT, e que o primeiro era o "churrasqueiro do Lula" - o que atestaria o vínculo entre Lorenzetti e o presidente.
Citando artigo publicado no jornal O Estado de S. Paulo, José Jorge ressaltou que "em qualquer organização vale o princípio de que o desconhecimento do chefe não o desculpa pelos erros de seus subalternos".
José Jorge também criticou a demora na revelação, por parte da Polícia Federal, da fonte dos cerca de R$ 1,7 milhão.
- Quando se identificou o depósito de míseros R$ 25 mil na conta do caseiro Francenildo Costa, as autoridades foram muito mais ágeis - recordou ele.
Em aparte, o senador Roberto Saturnino (PT-RJ) defendeu Lula, afirmando que "o maior interessado nessa informação [a origem do dinheiro] talvez seja o próprio presidente".
- Não quero culpar ninguém, mas não é todo mundo que tem caráter e confessa isso. Muitas pessoas acham que podem sair ilesas desse processo. Elas mentem, inclusive, para o presidente - argumentou Saturnino.
Os senadores Heráclito Fortes (PFL-PE), Marco Maciel (PFL-PE) e Paulo Octávio (PFL-DF), também por meio de apartes, apoiaram o discurso de José Jorge.26/09/2006
Agência Senado
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