José Nery e Papaléo assumem Subcomissão de Combate ao Trabalho Escravo



Os senadores José Nery (PSOL-PA) e Papaléo Paes (PSDB-AP) foram eleitos, por unanimidade, nesta quarta-feira (27), presidente e vice-presidente da Subcomissão Permanente de Combate ao Trabalho Escravo. A eleição foi conduzida pelo presidente da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), Cristovam Buarque (PDT-DF), à qual a subcomissão está vinculada.

- É incrível que 120 anos após a abolição ainda tenhamos a necessidade de uma subcomissão para erradicar o trabalho escravo, em pleno século 21. O senador Nery tem estado nessa luta há algum tempo. A população de escravos não é apenas uma questão racial, que diga respeito apenas aos negros, mas ética, relacionada aos direitos humanos - salientou o presidente da CDH.

José Nery afirmou que a transformação da subcomissão em permanente "multiplica o compromisso" com a tarefa e a luta pela erradicação do trabalho escravo. Ele recordou o trabalho do governo com a Secretaria de Recursos Humanos do Ministério da Justiça e com o grupo móvel de fiscalização do trabalho escravo. Este último, disse, atuando há 15 anos, já conseguiu livrar 34 mil brasileiros da condição de escravidão.

O senador lembrou também a iniciativa do Senado de criação da Frente Parlamentar pela Erradicação do Trabalho Escravo, composta por 50 entidades nacionais, e afirmou que a subcomissão irá trabalhar para aperfeiçoar a legislação existente. Segundo Nery, existem mais de 40 projetos de lei, no Senado e na Câmara dos Deputados, que tratam do assunto.

- Assumimos o compromisso de trabalhar pelos projetos mais importantes que vão à raiz do problema, para que sejam votados e aprovados. O simbolismo da PEC 438, aprovada em 2008 no Senado e até hoje dormindo na Câmara, é uma exigência de cobrança da sociedade civil - assumiu o parlamentar.

O presidente da nova subcomissão defendeu ainda iniciativas de representantes da sociedade civil de realização de palestras, encontros e seminários com o objetivo de ampliar "a consciência social" sobre a temática e expor as dificuldades para garantir a todos os direitos básicos de cidadania.

Já o vice-presidente Papaléo Paes demonstrou indignação com a gravidade da situação do trabalho escravo no estado do Pará e com a capacidade de organização das redes envolvidas com sua prática.

- É uma vergonha! É o campeão da prática do trabalho escravo - condenou.

Pedofilia

Os senadores Magno Malta (PR-ES), Serys Slhessarenko (PT-MT) e Rosalba Ciarlini (DEM-RN), todos eles integrantes da nova subcomissão, traçaram um paralelo entre o trabalho que vem sendo realizado pela CPI da Pedofilia e aquele a ser desenvolvido pela subcomissão. Malta comemorou a prisão do ex-deputado estadual da Pará LuizAfonso Sefer pelo crime de abuso sexual de uma menina de nove anos. Fez referência também à situação de impunidade do pedófilo que estuprou e assassinou o menino Kaytto Guilherme Nascimento Pinto, de 10 anos, em Cuiabá (MT), e que já teria cometido outro crime de mesma natureza. Em homenagem ao menino, a proposta de emenda à Constituição (PEC) 364/2009, que veda a progressão de pena no caso de crimes hediondos, em exame na Câmara, leva seu nome.

Documentário Garapa

A CDH aprovou ainda requerimento do senador Eduardo Suplicy (PT-SP) para exibição do documentário Garapa, de José Padilha. Trata-se de um filme que mostra o cotidiano de três famílias que vivem na pobreza no interior do Ceará, sem condições de alimentar seus membros. Por sugestão da senadora Serys Slhessarenko, a comissão irá analisar requerimento para realização de sessão do documentário Cinderelas, Lobos e um Príncipe Encantado, de José Zito Araújo.



27/05/2009

Agência Senado


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