José Serra defende interferência do governo em planos de saúde



O ministro da Saúde, José Serra, defendeu a interferência do governo na regulação dos setores de planos privados de saúde e medicamentos. "Essas são áreas em que o mercado não opera de forma perfeita, sendo, portanto, indispensável a atuação do poder público", afirmou nesta terça-feira (dia 28) na abertura do simpósio "Regulamentação dos Planos de Saúde", promovido pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS) em conjunto com as Comissões de Assuntos Sociais (CAS) do Senado e de Seguridade Social e Família (CSSF) da Câmara dos Deputados.

Ao fazer balanço dos três anos de regulamentação da área de saúde suplementar, Serra afirmou que a fixação desse marco regulatório trouxe enormes avanços. Dentre os pontos positivos, citou a padronização das coberturas, mudanças nos critérios de avaliação de doença preexistente, não exclusão de doenças, não ruptura unilateral do contrato e ressarcimento aos usuários. O ministro estima que apenas 7,5 milhões dos afiliados aos planos individuais estejam enfrentando problemas hoje. O universo total de beneficiários dos planos de saúde já atinge 30 milhões de pessoas.

Quanto ao trabalho da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o ministro destacou que seu objetivo é tornar esse sistema viável. "É preciso ter claro que esta não é uma agência apenas dos consumidores, mas que regulamenta o conjunto dos interesses da área", observou. José Serra defendeu ainda o controle dos planos de saúde no sentido de evitar a atuação de empresas da chamada "cadeia da felicidade", que tentam enganar o consumidor oferecendo um grande número de serviços a preços irrisórios. "Quando aparece um plano que oferece atendimento integral, com cobertura de Aids até para os netos, por R$ 30 por mês, tem que fechar", sustentou.

Coordenador do simpósio pelo Senado, o senador Sebastião Rocha (PDT-AP) afirmou que, se não houver uma mediação hábil dos problemas, o setor vai caminhar eternamente para impasses. Já o presidente da CAS, senador Romeu Tuma (PFL-SP), considerou fundamental adequar a assistência médica suplementar aos preceitos de universalidade, eqüidade e integralidade que norteiam o Sistema Único de Saúde (SUS).

O coordenador da Comissão Interministerial de Saúde Suplementar, Mário César Scheffer, observou que o aperfeiçoamento dessas políticas passam por um maior controle social. "A regulamentação deve intensificar a negociação e o pacto entre sociedade e governo", declarou.

A presidente da Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados, Laura Carneiro (PFL-RJ), advertiu ser fundamental o equilíbrio do sistema, considerando inútil criar garantias - para o consumidor - impossíveis de serem arcadas pelas empresas de planos de saúde.

O simpósio se encerra nesta quarta-feira (dia 29) com a discussão sobre a estrutura das operadoras, regulação de preços e propostas de aprimoramento da regulamentação dos planos de saúde.

28/08/2001

Agência Senado


Artigos Relacionados


JOSÉ SERRA PROPÕE CADASTRAMENTO DE BENEFICIÁRIOS DE PLANOS DE SAÚDE NO SUS

José Serra será ouvido pela CAS sobre mudanças nos planos de saúde

CAS CONVIDARÁ SERRA A DEBATER PLANOS DE SAÚDE

SERRA FALA NA CAS SOBRE PLANOS E SEGUROS DE SAÚDE

PLANOS DE SAÚDE: SERRA VÊ PONTOS POSITIVOS NO PROJETO DA CÂMARA

JOSÉ SERRA EXPLICA NA CAS CORTES NA SÁUDE