JÚLIO CAMPOS DIZ QUE REDUÇÃO DOS JUROS EXIGE COMBATE AO DÉFICIT PÚBLICO



O senador Júlio Campos (PFL-MT) afirmou que a redução dos juros no Brasil só virá como conseqüência de uma maior disciplina fiscal por parte dos governos federal, estaduais e municipais e das empresas estatais:

- Enquanto isso não ocorre, nossas empresas vão sendo sufocadas por juros estratosféricos e pela falta de crédito, num crescendo de falências e de concordatas.

Na avaliação do senador, na luta contra os juros altos é necessário o combate ao déficit público, e como os aumentos expressivos na arrecadação de impostos obtidos pelo governo nos últimos anos não se deverão repetir nos próximos anos, o ajuste terá de ser realizado necessariamente pelo lado das despesas:

- A aprovação de reformas constitucionais, tais quais a da previdência, a administrativa e a fiscal, é imprescindível a esse ajuste. Maior racionalidade nos gastos públicos e cadeia para quem mete a mão no dinheiro do contribuinte também ajudariam muito nesse esforço fiscal que o governo tem de enfrentar.

Júlio Campos relacionou a política de crédito restrito e de juros altose a abertura comercial ao exterior como os principais responsáveis pelas dificuldades vividas pelas empresas brasileiras. Sobre os juros,destacou que as elevadas taxas cobradas hoje no Brasil, além de serem uma conseqüência necessária do descontrole das contas públicas, cumprem duas funções básicas dentro da equação de política econômica montada pelo plano de estabilização: atraem o ingresso de capitais estrangeiros e, no plano interno, representam uma barreira para o aumento da demanda agregada, constantemente expandida pelo déficit das contas públicas.

Segundo o senador, se os juros caíssem muito, os capitais especulativos deixariam de vir para o Brasil, e o que possivelmente se seguiria seria uma crise cambial. E se o governo exercesse menor pressão sobre a demanda agregada, haveria também maior espaço para uma desvalorização não traumática da taxa de câmbio:

- Ademais, nunca é demais insistir, o aumento da poupança interna é a única garantia para um processo de crescimento sustentado a longo prazo. Resumindo, o que se pode fazer para combater os juros altos é combater o déficit público - afirmou Júlio Campos, para quem "não há mágica a fazer para se reduzirem os juros".

30/04/1998

Agência Senado


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