Jungmann diz que PFL não une aliança









Jungmann diz que PFL não une aliança
Ministro afirma que partido não tem condições de dar governabilidade e aprofundar reformas

O ministro do Desenvolvimento Agrário e presidenciável, Raul Jungmann (PMDB), disse ontem que o PFL não tem condições hegemônicas de manter a união, gerenciar os rumos da aliança, e ainda, dar governabilidade e aprofundar as reformas necessárias para o próximo governo. Na avaliação dele, os pefelistas tem muito menos encaixe "em termo de capacidade de condução e inserção social que o PSDB e o PMDB", assegurou.

Ao fazer tal declaração, Jungmann voltou a negar que sua pré-candidatura teria sido articulada pelo Governo federal com o intuito de evitar que o PFL assuma o comando da aliança pelas mãos da governadora do Maranhão, Roseana Sarney. "Também não quero que meus conceitos sejam confundidos como críticas ao PFL ou a Roseana. Não sou anti-PFL nem anti-Roseana. A minha intenção é tirar o PMDB de uma situação perigosa".

Na avaliação do ministro, o cenário traçado pela aliança governista caminha para composição de uma chapa encabeçada pelo ministro da Saúde, José Serra (PSDB), e Roseana Sarney. "Caso issose confirme, caberá ao PMDB o quarto dos fundos", concluiu. Segundo ele, José Serra é um nome forte na disputa pela sucessão presidencial e com grandes possibilidades de crescer. "Ele é um candidato musculoso, enquanto a tendência de Roseana Sarney é estagnação ou queda nas pesquisas", disse. Para Raul Jungmann, o atual quadro converge para a coligação PSDB/PFL. "É natural que um partido (PSDB) queira coligar com um outro que esteja bem nas pesquisas. Então, o PMDB será o barrado no baile".

avaliação - Raul Jungmann fez a avaliação durante entrevista concedida no Hotel Recife Palace, em Boa Viagem, onde realizou uma reunião com um grupo de colaboradores para discutir um programa de governo para o Nordeste. De acordo com Jungmann, os outros postulantes as prévias, o governador de Minas Gerais, Itamar Franco (PMDB), e senador Pedro Simon (PMDB/RS), ainda estão muito tímidos. "Não devemos apenas dizer que somos candidatos. O partido precisa se afirmar e dizer à opinião pública que tem programa de governo e nomes para disputar a eleição presidencial". Ainda esta semana, o ministro disse que irá enviar uma carta aos demais candidatos, sugerindo a realização de debates em rádios, TV e nos seus estados de origem para tornar as prévias mais dinâmicas.

Na visão de Jungmann, o PMDB terá que reagir para não permitir que o partido se torne um mero sócio-majoritário na disputa presidencial deste ano. "A minha prioridade é o centro democrático, com o PMDB na cabeça de chapa. Se essa coligação não for possível, devemos sair com uma candidatura pura. Outra opção é buscar alianças com outras forças, a exemplo do PSB e PPS. Temos que fazer uma política decisiva e não de alta exclusão", refletiu.

Indagado sobre qual o diferencial da sua candidatura, ele destacou que defende estabilidade com igualdade. "Agora você não chega lá sem utilizar o espaço partidário".


Contribuinte paga até 151% a mais de imposto de renda
Não-correção da tabela para declaração este ano pesa ainda mais no bolso

SÃO PAULO - Com a correção da tabela do Imposto de Renda em 17,5%, muita gente se animou com a possibilidade de pagar menos imposto ou receber uma restituição mais polpuda ao fazer a declaração de ajuste deste ano, referente ao ano-base 2001. Mas não é isso que vai acontecer. A medida provisória publicada na quinta-feira passada esclarece que os 17,5% valem, por enquanto, apenas para a tabela mensal do IR, aplicada no cálculo do Imposto de Renda na fonte. Estudo da consultoria Ernst & Young coloca na ponta do lápis o prejuízo do contribuinte com a falta da correção. Pela tabela em vigor, depois de descontadas as deduções e considerando o IR retido na fonte, alguém com renda mensal de R$ 1.500 terá direito a uma restituição de R$ 255. Se o reajuste de 17,5% estivesse valendo, ele receberia muito mais: R$ 641. Ou seja, 151% a mais. Sem falar que cerca de um milhão de pessoas serão garfadas pelo leão da Receita. A previsão é de que 13,5 milhões de brasileiros entreguem a declaração este ano.

O aumento se deveà não correção da tabela do IR e ainda ao crescimento vegetativo da população. Também deve crescer o número de contribuintes que entregam suas declarações de rendimentos depois do prazo regulamentar. De maio de 2001 até o mês passado, cerca de dois milhões de pessoas enviaram o documento à Receita depois do prazo e tiveram que pagar multa.

Considerando-se as simulações da empresa de consultoria, dependendo da faixa de renda, as restituições seriam maiores entre 135% e 202%. No caso de um contribuinte com renda bruta de R$ 5.000 mensal, a restituição pularia de R$ 467,50 (tabela congelada) para R$ 1.411,95, o que dá uma diferença de R$ 944,45. A Ernst & Young considerou, na simulação, um casal com um filho em idade escolar.

Espanto mesmo é quando o contribuinte se dá conta de tudo que foi confiscado desde janeiro de 1996, última vez que a Receita reajustou a tabela do IR. A Ernst & Young estima que, no período, a tabela deveria ter sido atualizada em, no mínimo, 46,42%, que correspondem à variação da Ufirde janeiro de 1996 a dezembro último.

Com a tabela congelada, quem teve renda mensal de R$ 1.500 precisou desembolsar R$ 3.006 nos últimos seis anos. Se o cálculo tivesse considerado os 46,42%, o desconto teria caído para R$ 540,29. Um contribuinte mais conservador poderia ter aplicado a diferença de R$ 2.465,71 numa caderneta de poupança. E teria hoje um rendimento nominal de R$ 508,26. Num fundo de renda fixa, que oferece melhor remuneração, o ganho acumulado em seis anos chegaria a R$ 1.054,14. No caso de quem teve renda mensal bruta de R$ 5.000, o que foi cobrado a mais pelo Fisco chega a R$ 7.957,25.

O estudo da Ernst & Young é até conservador, já que não previu reajuste salarial para o período usado na simulação. Proporcionalmente, perderam mais os contribuintes que eram isentos ou estavam na faixa de desconto de 15% e que, após o reajuste, perderam a isenção ou foram jogados para a alíquota de 27,5%. O Governo cedeu a correção de 17,5% a muito custo.


Duhalde mantém as restrições bancárias
BUENOS AIRES - O presidente da Argentina, Eduardo Duhalde, disse à população ontem que as restrições bancárias impostas à retirada de dinheiro dos bancos no país são uma "bomba-relógio", mas adiantou que elas não poderão ser retiradas em curto prazo. Protestos contra as medidas de restrição foram um dos principais motivos da renúncia de dois presidentes argentinos em apenas 10 dias. "Este maldito controle bancário é uma bomba-relógio e é preciso desativá-la. Se a bomba explodir, ninguém vai ter seu dinheiro de volta. A primeira responsabilidade do Estado é impedir a explosão", disse Duhalde ao diário La Nación, em uma de suas primeiras longas entrevistas publicadas neste domingo pela Imprensa local.

Para preservar o sistema financeiro, o governo determinou um cronograma de devolução dos depósitos por meio de cotas, que serão liberadas a partir de março para depósitos denominados em pesos e a partir de janeiro de 2003 para os realizados em dólar.

FMI - O Fundo Monetário Internacional recomendou às autoridades argentinas fixar, o quanto antes, uma data para unificar o câmbio duplo que o país adotou na semana passada como saída para a paridade fixa com o dólar e flutuar o peso. Essa é uma das condições para o aprofundamento do diálogo técnico que a instituição iniciou esta semana com o novo governo enviando dois de seus economistas a Buenos Aires.

"No curtíssimo prazo, não tomamos uma posição, mas dissemos e continuaremos a dizer que esperamos que as autoridades implementem um regime (cambial) consistente com um prazo factível e viável para remover e unificar as duas taxas de câmbio o mais cedo possível", disse a diretora-gerente do FMI, Anne Krueger, nas primeiras declarações públicas extensas feita por um dirigente da instituição desde o colapso da economia argentina.


Ataque em mercado mata 16 na Índia
Outras dez pessoas ficaram feridas na investida que ocorreu no Estado de Tripura, Noroeste do país

GAUHATI (Índia) - Militantes armados cercaram, ontem, um movimentado mercado em Singicherra, numa região montanhosa no Nordeste da índia e atiraram contra a multidão, matando dezesseis pessoas e ferindo outras dez no maior ataque já ocorrido na região, divulgou a Imprensa indiana. Dois grupos de militantes da ilegal Frente de Libertação Nacional de Tripura cercaram o mercado da localidade no remoto Estado de Tripura e abriram fogo, informou a polícia em Agartala, a capital estadual.

Doze pessoas, entre elas uma mulher, morreram no local; outras quatro mais tarde, devido a ferimentos. Os feridos foram enviados a hospitais de Agartala. Centenas de policiais saíram à caça dos atacantes, que fugiram. As vítimas, em sua maioria, pertencem a comunidade bengalesa local.

A violência em Tripura não está relacionada à recente escalada na tensão entre a Índia e o vizinho Paquistão após ataques de militantes islâmicos na Índia. Os rebeldes, a maioria dos quais armados com fuzis AK-47 lutam em defesa de autonomia para suas tribos. Eles operam a partir de Bangladesh, outro país vizinho à Índia. Tripura divide uma fronteira de 865 quilômetros com Bangladesh, guardada pela Força de Segurança Fronteiriça indiana.

AMEAÇA - Grupos milicianos islâmicos juraram, ontem, que desafiarão a repressão, logo após a detenção de cerca de 600 de seus membros e o fechamento de vários de seus escritórios pela polícia paquistanesa. O chanceler indiano, Jaswant Singh, disse que seu país está disposto a dar tempo ao presidente paquistanês, Pervez Musharraf, para conter a atividade terrorista no Paquistão.

Singh disse em Nova Délhi que estará aberto ao diálogo com Islamabad assim que as medidas contra grupos extremistas, anunciadas por Musharraf, tenham efeito prático. Musharraf proibiu os grupos extremistas Lashkar-i-Toiba e Jaish-i-Mohammed de travarem conflitos do lado indiano da Cachemira. A Índia responsabiliza estes grupos extremistas pelo atentado contra o Parlamento indiano em 13 de dezembro, que matou catorze pessoas.


Maconha leva filho de Diana a clínica
LONDRES - O príncipe Harry, 17 anos, filho mais novo do príncipe Charles e da princesa Diana, visitou uma clínica de desintoxicação no ano passado, segundo o jornal News of the World, após admitir para a família real britânica que fumava maconha e tomava bebidas alcoólicas regularmente. O príncipe Charles enviou Harry para a clínica Featherstone Lodge Rehabilitation Centre, em Peckham, no Sul de Londres, para lhe mostrar o efeito que as drogas e o álcool pode ter na vida das pessoas.

Charles tomou a decisão de enviar Harry à clínica ao descobrir no ano passado que o jovem príncipe fumou maconha durante dois meses em Highgrove, num pub e em festas em casas de amigos. De acordo com o jornal, a clínica não indicou nenhum tratamento para Harry, mas ele conviveu com viciados em drogas durante a visita de um dia ao centro de reabilitação para aprender sobre os perigos do consumo de drogas. O uso de maconha é ilegal no Reino Unido, e bebidas alcoólicas só são permitidas para maiores de 18 anos.

"Quando Charles confrontou Harry, o menino confessou que tinha fumado a droga em diversas ocasiões e bebido muito em festas particulares". Questionado sobre a notícia, o porta-voz do escritório do príncipe Charles no Palácio Saint James, em Londres, se recusou diretamente a confirmar ou negar se Harry tinha usado a droga. "Esse é um assunto sério que foi resolvido na família e agora é passado e acabado", disse o porta-voz, sem dar maiores detalhes.

A notícia coincide com outra publicada no Sunday que indica que Harry teria xingado no ano passado um funcionário de um pub, após passar a noite bebendo com dois amigos.


Presidente chega a Moscou para incrementar comércio
Integram a comitiva ministros, 70 empresários e dois governadores

BRASÍLIA - O presidente Fernando Henrique Cardoso desembarcou ontem à tarde no Aeroporto Internacional de Moscou, na Rússia, para iniciar uma visita oficial de três dias. Acompanhado de dona Ruth Cardoso, dos ministros Sérgio Amaral (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), Ronaldo Sardenberg (Ciência e Tecnologia), e Celso Lafer (Relações Exteriores), além de parlamentares e 70 empresários. O presidente seguiu para o Kremlin, a sede do Governo russo, onde ficará hospedado. A visita oficial na Rússia está prevista para durar três dias. Em seguida, Fernando Henrique viajará para a cidade de Kiev, na Ucrânia. Acompanham, também FHC, os governadores Jaime Lerner (PFL-PR) e Esperidião Amin (PPB-SC).

A estratégia é intensificar as relações com o Governo e empresários russos e discutir a pauta de exportações entre os dois países. Só no ano passado, a venda de mercadorias brasileiras para a Rússia cresceu 160%. As exportações para aquele país estão concentradas em produtos agroindustriais, dos quais 30% são básicos e 70% industrializados. As trocas comerciais do Brasil com a Rússia somaram, em 2001, US$ 1,5 bilhões.

A expectativa do Governo brasileiro é de que o intercâmbio comercial entre os dois países chegue a US$ 3 bilhões até 2003. FHC também vai assinar uma série de acordos bilaterais, além de memorando de entendimento entre o Banco do Brasil e o BNDES com bancos russos.

CENÁRIOS - Ele e o presidente Vladimir Putin irão assinar, ainda, declaração conjunta com percepções sobre cenários internacionais e futuras relações de cooperação. Na Rússia, o presidente depositará flores no túmulo do soldado desaparecido, no Jardim Alexandrovski e terá uma audiência com o presidente russo, Vladimir Putin, no Kremlin.

Ele ainda receberá o título de Doutor Honoris Causa da Universidade de Moscou e participará de jantar em sua homenagem oferecido por Putin, no Kremlin. Em Moscou, o presidente irá conhecer o Parlamento russo, onde será recebido pelo presidente Guennádi Selieznóv. Em seguida, a comitiva brasileira fará uma visita de cortesia ao presidente do Conselho da Federação da Rússia, Serguêi Mirónov, e terá um encontro com o primeiro-ministro da Federação da Rússia, Mikhail Kassianov.

Um objetivo da ida do presidente Fernando Henrique à Ucrânia também é intensificar as relações comerciais, especialmente no setor aeroespacial. O presidente da Agência Espacial Brasileira, Múcio Dias, integra a comitiva presidencial. O Governo brasileiro pretende viabilizar a utilização da base de Alcântara, no Maranhão, para lançadores ucranianos. O presidente assina ainda, na capital ucraniana, uma série de acordos na área de energia, mineração, cooperação jurídica e telecomunicações. O comércio entre os dois países ainda não é muito representativo, mas o Governo brasileiro quer incrementar os negócios bilaterais. As trocas comerciais brasileiras com a Ucrânia encerraram o ano 2000 em US$ 140 milhões e, 2001, em US$ 100 milhões.


Colunistas

DIARIO POLÍTICO - César Rocha

Cruzada ideológica
A movimentação do ministro Raul Jungmann (PMDB) nos últimos dias é uma amostra do estrago que ele poderá causar nas próximas eleições, em nível local, na aliança que sustenta o Governo Jarbas Vasconcelos - formada pelo PMDB, PFL, PSDB e PPB. Estrago principalmente para o PFL. Jungmann lançou uma inusitada campanha ideológica contra a possibilidade de o s pefelistas conquistarem e até ampliarem a hegemonia na aliança nacional. E ele, certamente, pensa algo semelhante para o plano local. Caso não emplaque na sucessão presidencial, após o lançamento de seu nome para disputar as prévias do PMDB com Itamar Franco e Michel Temer, Jungmann tende a disputar um mandato de deputado federal em Pernambuco. E, por isso, irá participar dos debates na aliança jarbista. Com seu discurso ideológico e capacidade de articulação, não resta dúvidas que reforçará um movimento gradual que tem sido observado na aliança. O movimento que tende a reduzir o peso do PFL no centro de poder. Que tende a levar a coalização comandada por Jarbas do centro-direita para o centro-esquerda. Isso tem sido observado desde que o tucano Sérgio Guerra aderiu à aliança e construiu uma base partidária com dimensão semelhante à do PFL. Construção que contou com total respaldo de Jarbas Vasconcelos. Os sinais mais claros dos conflitos que esse movimento provoca serão vistos na eleição. Mas ficarão explícitos nos próximos dois anos, antes da disputa para a Prefeitura do Recife. Isso, caso a aliança vença as eleições de 2002.

Um aliado do prefeito João Paulo não se conforma com a contratação, pela Prefeitura, de uma consultoria por quase R$ 5 milhões e disparou: "O prefeito deu um tiro no seu próprio pé. Desse jeito ele não precisa de oposição".

Exibição
Raul Jungmann fala mais duas vezes em cadeia de TV e rádio antes de deixar o ministério, em 17 de fevereiro. Será uma em cadeia regional, para explicações sobre a seca, e outra, nacional, sobre a reforma agrária. Os dividendos eleitorais devem vir em breve. E sem custo para o candidato, claro.

Sucessão I
É bobagem fazer futurologia sobre a sucessão presidencial. Mesmo que Roseana ultrapasse Lula nas pesquisas. O jogo ainda não começou. A governadora sequer foi exposta sob um ponto de vista crítico. Por enquanto, é apenas produto. Um produto que, no máximo, sugere o interesse da população na continuidade sem continuismo. Continuidade da estabilidade política e monetária.

Sucessão II
Os fatos novos desta eleição não foram ainda exibidos com profundidade. O fenômeno Roseana é apenas um deles. O outro é a versão light do PT e de Lula. Essa versão ainda não chegou às ruas em sua real dimensão. Será que os petistas conseguirão mostrar-se realmente reciclados? Até que ponto passarão segurança sobrea manutenção da estabilidade política e monetária?

Fazenda I
Gente no Governo do Estado faz uma conta simples para mostrar que perdeu-se muito tempo retardando um acordo salarial com os fazendários, que promoveram por mais de um ano uma operação tartaruga. Diz-se que o acordo custa cerca de R$ 1,5 milhão por mês. Ocorre que, bastou ser fechado o aumento da categoria, para que a arrecadação de ICMS crescesse mais de R$ 20 milhões mensais.

Fazenda II
Levando-se em conta que o acordo todo com os fazendários, segundo gente do governo, custa menos de R$ 20 milhões ao ano, não resta dúvida que o prejuízo com o prolongamento da operação tartaruga dos fazendários foi um erro grave. Os meses de conflito representam arrecadação que não se recupera mais.

Secretaria

A pasta de Projetos Especiais e Desenvolvimento Urbano, ocupada pelo tucano Sérgio Guerra, é mais técnica que política. Pelo menos em tese. Na ante-sala do escritório dele, porém, é sempre intenso o movimento de lideranças políticas do Interior e dacapital.

Dois marqueteiros pernambucanos, Antonio Lavareda e José Nivaldo Júnior, já militaram juntos no movimento estudantil do Estado. Participaram da resistência à ditadura. No entanto, há anos estão separados politicamente. Em 2002, vão ter uma grande batalha como concorrentes. Lavareda, defendendo a imagem de Jarbas Vasconcelos. José Nivaldo, a de João Paulo.


Editorial

JOGO LIMPO

O torcedor aguarda, desconfiado, o início da temporada de futebol. No próximo final de semana, os principais clubes brasileiros estarão em campo para disputar as copas regionais, ponto de partida do calendário quadrienal esboçado em 2001.

Depois de duas comissões parlamentares de inquérito e uma enxurrada de escândalos envolvendo a “elite” da cartolagem nacional, o mínimo que se espera é o cumprimento das regras do jogo. O país do futebol não suporta mais a convivência com falcatruas engendradas por indivíduos que só pensam em engordar suas contas no exterior.
Ninguém foi para a cadeia (ainda), mas o trabalho das CPIs rende frutos. Da noite para o dia, como se a crise econômica tivesse nascido com o colapso da Argentina, os dirigentes dos grandes clubes decidiram rever seus conceitos de gestão. Nada de salários astronômicos e contratações milionárias. Gastar mais do que se arrecada? Nem pensar.

Longe de ser nova cultura empresarial invadindo as mentes de nossos cartolas, a mudança dos ventos tem explicação bem mais pragmática. Simplesmente, foi revelada a mágica que permitia negociações mirabolantes e produzia um paradoxo: dirigentes com os bolsos cheios, clubes na penúria. O “mercado informal” do futebol brasileiro, com portas escancaradas para sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e contratos de gaveta, agora está sob a mira do Ministério Público e dos órgãos fiscalizadores do Estado.

A final do último Campeonato Brasileiro, entre Atlético-PR e São Caetano, é exemplar. Dois clubes médios, sem jogadores caros, mas com salários em dia, praticaram o melhor futebol do país em 2001. Do outro lado da moeda, equipes da tradição de Flamengo e Vasco, repletas de craques caros, não conseguiram honrar suas contas, nem cobrar bom desempenho de seus medalhões.

Para que o futebol brasileiro sofra realmente uma revolução de costumes, transparência administrativa e calendário racional são palavras-chave. A bola precisa rolar nos gramados livre de conchavos que alteram tabelas, consagram viradas de mesas e premiam a corrupção.

Se, num primeiro momento, o freio de arrumação provocar a falência de clubes desorganizados e o recrudescimento do êxodo de jogadores para a Europa, paciência. Mais à frente, o resultado virá, com a inserção do Brasil na verdadeira indústria do futebol, em que patrocinadores investem pesado, mas exigem competência.

Vivemos ano de Copa do Mundo. O torcedor jamais esquecerá que o desmando dos dirigentes quase provocou inédita eliminação da Seleção Brasileira. E não tem muitos motivos para confiar numa boa exibição em campos coreanos e japoneses. Ele exige, porém, que o pontapé inicial da moralização se transforme em gol de placa.


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01/14/2002


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