Jungmann tenta minar Roseana
Jungmann tenta minar Roseana
Surpreendendo a cúpula do seu próprio partido e também o PFL e o PSDB, ministro anuncia que vai disputar as prévias que escolherão o candidato do PMDB à Presidência
BRASÍLIA – Recém-filiado ao PMDB e sem apoio interno do partido, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Raul Jungmann, surpreendeu ontem a cúpula da legenda ao lançar-se candidato às prévias para a escolha do candidato a presidente da República, no dia 17 de março. Acusado pelos próprios companheiros de partido de assumir o discurso do PSDB e de estar fazendo o jogo do presidente Fernando Henrique para enfraquecer o PFL, Jungmann anunciou que será candidato para impedir um eventual apoio do PMDB à candidatura da governadora Roseana Sarney (PFL-MA). Sua decisão recebeu duras críticas no PMDB, e foi ironizada pelo PFL.
“A aliança que elegeu Fernando Henrique está no fim. Temos que construir uma nova coalizão de centro-esquerda, que mantenha o comando do País. Não podemos ficar subordinados às forças liberais e de direita”, disse Jungmann.
O anúncio de Jungmann deixou perplexa a cúpula do PMDB, que estava reunida em São Paulo. “Estamos surpresos. Mas é preciso que fique claro que o PMDB não vai se prestar ao papel de atacar candidaturas de outros partidos”, avisou o presidente, Michel Temer (SP).
O ministro terá audiência hoje com FHC para definir a data de sua saída do Governo. Seu objetivo, se escolhido, é o de abrir negociações do PMDB com o PSDB, o PTB, o PL, o PPS e o PSB, para unir as forças de centro-esquerda num único projeto eleitoral. Isso impediria um eventual apoio do PMDB à candidatura de Roseana. “Nós temos que impedir que se inverta a hegemonia, e que ela passe a ser dos liberais e dos conservadores”, afirmou.
O presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen, foi seco e direto ao responder a Jungmann. “Se ele ganhar nas prévias do PMDB, aí eu comento esse assunto”, disse Bornhausen.
Os peemedebistas também estão irritados com a decisão de Jungmann, pois avaliam que ele pretende usar a legenda para beneficiar o PSDB e a candidatura do ministro José Serra (Saúde). “Não acho que Jungmann tenha credenciais no PMDB para ditar o que fará ou para onde irá o partido. Temos pessoas mais importantes, como Itamar e Simon, que poderiam definir melhor essa questão. A candidatura dele não merece nenhuma consideração do partido”, disse o líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira (BA).
PMDB estadual incentiva mas não apóia
BRASÍLIA – O ministro Raul Jungmann apontou, ao anunciar sua candidatura às prévias do PMDB, que tem o apoio do Diretório do partido em Pernambuco. Segundo ele, o governador Jarbas Vasconcelos lhe deu “total apoio”. “Por enquanto, as forças políticas que me apóiam estão no Diretório do PMDB em Pernambuco”, afirmou o ministro à agência Folha.
O secretário de Governo e presidente do PMDB em Pernambuco, Dorany Sampaio, entretanto, ressaltou ao JC ter incentivado o ministro, mas que o apoio não foi explicitado. Dorany disse que Jungmann ligou para o Palácio segunda-feira, comunicando a ele e ao governador Jarbas Vasconcelos que iria oficializar sua candidatura às prévias.
“Quando ele nos telefonou não pediu apoio algum. Ele foi gentil ao nos comunicar suas intenções e nós o incentivamos. Afinal de contas, ele é um grande nome da política estadual e um excelente quadro do PMDB”, explicou Dorany.
No Rio Grande do Sul, o pré-candidato Pedro Simon (PMDB) preferiu considerar a candidatura Jungmann como “um reforço para a realização das prévias”. Mas o senador lamentou que seu nome surja “sendo patrocinado pelo Planalto, fazendo parte da estratégia tucana”.
Arraes utiliza números para contestar Jarbas
Ex-governador afirma que investiu 61,9% a mais do que o Governo Joaquim Francisco, enquanto Jarbas Vasconcelos, nos dois primeiros anos de administração, investiu “apenas 9,9%” a mais do que a gestão Arraes
O ex-governador de Pernambuco Miguel Arraes (PSB) partiu ontem em contra-ataque às críticas que sofreu do atual governador, Jarbas Vasconcelos (PMDB), apresentando números que demonstrariam, segundo o socialista, ter investido mais que o peemedebista em segurança, abastecimento de água e estradas. Arraes ressaltou, ainda, que fez todo o investimento com recursos próprios do tesouro do Estado, sem contar com o dinheiro da Celpe, privatizada apenas no Governo Jarbas.
O ex-governador revelou que, num comparativo entre o último ano do Governo Joaquim Francisco (1994) e o seu último ano (1998), os recursos aplicados em segurança aumentaram 61,9%. Por sua vez, ao comparar o seu último ano e 2000, fica constatado que o Governo Jarbas elevou, proporcionalmente, o investimento na segurança pública em apenas 9,9%. “Quem quiser conferir, basta olhar os números no Diário Oficial”, adiantou-se Arraes. O líder socialista repeliu, veementemente, a afirmação de Jarbas de que recebeu e pagou duas folhas salariais atrasadas, e disse que o seu Governo deixou dinheiro suficiente para a quitação da folha de dezembro de 98 dentro do calendário.
“Havia 87 milhões em caixa, mais R$ 60 milhões do Fundo Nacional de Educação (Fundef), operação fechada, mas não liberada pela União, mais R$ 189 milhões da dívida imobiliária da Cohab, operação fechada, mas também dinheiro não liberado pelo Governo Federal”, assinalou. Arraes lembrou que o atual governador tentou impedir que o Estado recebesse o dinheiro da venda do Bandepe, recursos que viabilizaram as folhas de novembro e o 13º de 1998. “Deixamos de pagar dezembro, que somente se paga em janeiro do ano seguinte, como ele (Jarbas) está fazendo agora.”
Arraes disse que não chamou Jarbas de “incompetente”, e sim, teria sido o próprio Jarbas quem “se declarara incompetente”, na questão da segurança, ao justificar que é um problema nacional e reconhecer que investiu em material, mas não reduziu a violência. “O que coloquei é que ele não tem política de segurança. Ele confirmou a sua incompetência.”
O ex-governador informou que, enquanto Joaquim Francisco aplicou R$ 259 milhões em 94, ele investiu R$ 370 milhões (95), R$ 324 milhões (96), R$ 333 milhões (97) e R$ 419 milhões (98). “Aumento 61,9% sem dinheiro da Celpe, recursos minguados. Ele (Jarbas) aplicou R$ 443 milhões (1999) e R$ 461 milhões (2000), um aumento de 9,9% em relação a 1998”, destacou.
PSB define campanha de Garotinho
RIO – O PSB realizou ontem a primeira reunião do comando da campanha do governador Anthony Garotinho à Presidência da República. Foram escolhidos os nomes dos coordenadores da campanha. O presidente nacional do PSB, o ex-governador de Pernambuco Miguel Arraes, será o coordenador político, e Roberto Amaral o coordenador de Programa do Governo. O deputado federal Alexandre Cardoso e o prefeito de São Vicente, Márcio França, assumem juntos a Coordenação de Política de Aliança.
Os outros coordenadores são Elísio Pires, de Pesquisa, Marketing e Publicidade; o secretário-geral do PSB, deputado Casa Grande, e o primeiro secretário da legenda, Carlos Siqueira, na Coordenação de Agenda; Augusto Ariston ficará com a Coordenação Administrativa; e na Imprensa, Paulo Fona. O deputado Casa Grande também acumulará a Mobilização Partidária.
Com exceção de Miguel Arraes, todos os coordenadores participaram da reunião, que contou ainda com a presença de Garotinho. Durante o encontro, Arraes telefonou três vezes, segundo informou Paulo Fona, para conversar com o governador sobre a campanha. A próxima reunião de coordenadores será no dia 29 e contará com a presença dos presidentes estaduais do partido e dos candidatos a cargos majoritários. O objetivo é fazer o balanço da campan ha de Garotinho nos Estados.
Na reunião, o grupo também definiu quais serão os próximos passos para fortalecer a candidatura de Garotinho. O governador pretende viajar para Curitiba no próximo dia 14 e para mais três cidades que ainda serão escolhidas.
Requerimento da família divide a comissão estadual
Os culpados pelo assassinato do padre Henrique nunca foram identificados. O crime foi atribuído às forças da repressão que eram contra os posicionamentos do arcebispo dom Helder Câmara e seus discípulos. Não há provas de que ele foi assassinado pela Polícia de Pernambuco.
Essa polêmica divide a comissão estadual que trata das indenizações. Alguns apóiam o relator do processo, o representante do Centro Dom Helder Câmara, Marcelo Santa Cruz (PT), que é favorável ao pagamento. Ele acha que não há duplicidade porque a fonte pagadora não é a mesma. “Até porque, a irreparabilidade do dano cometido é indiscutível.”
Outros entendem que a indenização já foi paga pela União e, se o Estado fizer o mesmo, haverá duplicidade. “Parte da comissão entende que o fato foi único e já indenizado. Não teria ocorrido outro fato que justificasse nova indenização. Foi morte sob tortura. E não se tem prova de que ele ficou em alguma dependência do Estado”, afirmou o presidente da comissão, Paulo César Porto.
Propaganda sobre abastecimento d’água é atacada
O presidente nacional do PSB, Miguel Arraes, disse que não vai ficar discutindo com o governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) sobre quem colocou “mais metros de canos” no Estado, numa alusão à propaganda do atual Governo sobre o investimento em abastecimento de água. “Coloquei água em Riacho das Almas, Santa Cruz do Capibaribe, Caruaru, Brejão, Flores, Custódia, Sítio dos Nunes, e outros. No meu segundo Governo (1987/1990), coloquei água em 1.400 localidades, que as pessoas chamam de grotões. Isso sem o dinheiro da Celpe”, ironizou.
Ao abordar os destaques de Jarbas Vasconcelos aos investimentos que faz nas estradas, Arraes devolveu, igualmente, de forma comparativa: “Fiz a duplicação da PE-15 (Paulista), PE-5 (Camaragibe) e PE-60 (Cabo-Suape), e mais de 1.200 quilômetros de rodovias restauradas”. Lembrou, ao mesmo tempo, que esteve oito anos no poder, “e não 12” como citou Jarbas (um ano no primeiro Governo, três no segundo e quatro no terceiro).
Arraes disse que nunca ficou se lamentando das dificuldades que viveu, nem como exilado, nem como governante, e que sempre protestou nos palanques as injustiças contra o Nordeste. “É minha obrigação denunciar o tratamento que a União dá à Região”, disse, numa censura ao alinhamento do Governo Jarbas com FHC. “Em 1982, chorava nos palanques, dizendo ter sido roubado em 1978 (disputa ao Senado).”
Arraes relembrou a crise na PMPE, afirmando nunca ter feito promoções sem que não fossem indicadas pela Comissão de Promoção, e que jamais anulou promoções de governos anteriores. “Em 1997, a greve da PM foi fomentada por pessoas ligadas a ele (Jarbas) e ao PT, mas não deixou trauma, nem houve tiros. Preservei a instituição. Ele é que promoveu a comandantes da PM os que lideraram a paralisação de 97, quebrando, assim, a disciplina e a hierarquia na corporação.”
Artigos
O mealheiro
Fátima Quintas
Chamavam-na de Zefinha, um nome comum à região em que habitava - Moreno. Não sabia ler, tampouco escrever. Gostava muito de assistir à televisão - os olhos nem piscavam -, observava o noticiário com o interesse de quem vai decidir os destinos do país. Bóia-fria, cortava cana nos meses de bonança e na entressafra ajudava o irmão no aviamento de uma pequena venda, em um arrabalde de razoável poder aquisitivo. Tinha oito irmãos, todos subempregados, ou valentes desafiadores do setor informal. Morava com a mãe, um velhinha de 89 anos, lúcida e expedita nas tarefas domésticas.
Zefinha não casara. Devota filha de Maria, virgem, pura, inocente, rezava com fervor, conservava uma segura aliança com o céu, e nada lhe fazia abalar o otimismo. O santuário, bem cuidado, com uma vela acesa noite e dia, demonstrava a vocação religiosa que jamais escondeu, desde jovem afeita aos sussurros seráficos. Gostava, como ela dizia, de manter com Deus um convívio de compadres. E os dissabores se diluíam na compreensão e na bênção de mensageiros sublimes. No seu canto sagrado resolvia as pacatas e angelicais angústias. Todos confirmavam sem pestanejar: “Era uma mulher feliz”.
Embora não soubesse ler, entendia de política e opinava com precisão sobre os acontecimentos internacionais. Aliás, as suas considerações revestiam-se de sábios prognósticos. Distante de elucubrações intelectuais, cultivava o lado pragmático da vida, o que lhe garantia um savoir faire de todo singular. Ao final dos noticiários, repetia indignada: “Os homens perderam-se na insensatez dos prazeres. E o poder é o maior deles”. De tanto prestar atenção à sofisticada fala dos repórteres, Zefinha possuía um vocabulário digno da mais requintada academia beletrista. Torpedeava a elite política com frases dogmáticas: “Falta ao Brasil o espírito de humanidade”.
A pobreza franciscana na qual vivia não mitigava a percepção dos fenômenos sociais.
Preocupava-se com o futuro dos sobrinhos e juntava semanalmente uma irrisória poupança para assegurar-lhes a educação necessária. Um burrinho de barro, gorducho, de um artesanato grosseiro, servia-lhe de mealheiro. Aos sábados, depositava algumas moedas e, de vinte quatro em vinte quatro meses, nos anos pares - a superstição a acompanhava -, quebrava-o com satisfação, contava as migalhas de reserva econômica e recomeçava o processo de acumulação de capital. O novo burrinho, comprado na feira e na mesma barraca, substanciava o cofre de uma mulher consciente.
Zefinha jamais se referia à sua ignorância. Com um certo orgulho, exibia uma argumentação lógica que causava inveja aos letrados da região. A sua arte era ver e ouvir. Observava atentamente os detalhes como se deles extraísse o sumo da realidade. E da sua pobre casinha o mundo se irradiava, entrecortado de miseráveis e poderosos, uma injustiça que lhe causava revolta, mas que sinalizava um caminho de luta e obstinação. Gostava de livros e os guardava com um zelo profético. Em prateleiras de tijolo, alinhava-os com respeito e admiração. Sentenciava: “Não sei ler, mas servirão para os meus parentes. O Brasil não poderá sobreviver nessa placidez arrogante. Quem escreve não morre. Como não sei escrever, falo. Assim, procuro a minha eternidade”.
O mealheiro jazia como o receptáculo de um mundo que ela não chegaria a conhecer. As esperanças, dia a dia acumuladas, falavam de uma época próspera em idéias e em justiça. As iniqüidades cessariam e as classes sociais anulariam as perversas castas. Todos aprenderiam a ler, a escrever, a perpetuar-se em cidadanias intocadas. Por mais que a sua sabedoria a fizesse feliz, conhecia a terrível limitação de ser analfabeta. Mesmo assim, não permitira arruinar-se em absolutas excludências.
Com altivez, dirigiu-se ao mealheiro e creditou a parcela semanal. Aquele pequeno símbolo - um frágil e modesto burrinho de barro - transformaria o mundo.
Colunistas
PINGA-FOGO - Inaldo Sampaio
Maquiavelismo eleitoral
O prefeito João Paulo (PT) deve estar arrependido de ter dito na campanha eleitoral que não iria gastar dinheiro com marketing político. Já recorreu ao marqueteiro José Nivaldo para dar visibilidade à sua administração. Nada que impeça um talentoso profissional de marketing arranjar uma maneira de moldar a forma ao conteúdo. Se não fizer, cai nas pesquisas.
Da mesma forma, os presidenciáveis já perceberam que precisam de marketing político mais elabora do. São fortes candidatos, mas com fracos conteúdos, pelo menos até agora.
Roseana Sarney (PFL) sobe nas pesquisas sem ter sequer esboçado uma única idéia. Mas vai ganhar, a partir do dia 19, novos comerciais na TV, com a novidade de ter jingles para marcar a imagem. E Luis Inácio Lula da Silva (PT) passa dos 30% esboçando algumas idéias, mas quase sempre precisando de explicação ou correção no dia seguinte.
Ciro Gomes (PPS) permanece um tempo fora da mídia porque precaução e chá de limão não faz mal a ninguém. E Anthony Garotinho (PSB) ainda não conseguiu separar o pastor do candidato. Nada que impeça a ação de um bom marqueteiro.
Hino para todos
Jarbas Vasconcelos tem tudo para mostrar seu alto astral no próximo dia 31 ao lançar, nos jardins do Palácio, CD com nove versões, em diversos ritmos, do Hino de Pernambuco. Alceu Valença, que não esteve na campanha de três anos do Governo, defenderá a versão em frevo. Dominguinhos, em forró. E 11 bandas locais mostrarão o hino em ritmo mangue beat. O Pernambuco em Novo Ritmo é criação da MCI. Só falta a oposição dizer que é inconstitucional para estragar a festa.
No guia eleitoral
Eduardo Campos considera positivo Jarbas comparar, na TV, os gastos de seu governo com o de Arraes. “Na nossa gestão não tinha grupo de extermínio na PM”, antecipa. E diz que Arraes elevou em 62% os gastos com segurança em 1998 em relação a Joaquim, em 1994. Enquanto Jarbas aplicou em 2000 apenas 9,9% a mais que Arraes em 1998.
Revisão histórica
Roberto Freire discute, hoje, no Rio, o programa de governo de Ciro Gomes (PPS) com o PTB. Ele não aceita as críticas de que Ciro deva rever sua candidatura: quem precisa rever é Lula, garante, que precisa sair dos 30% nas pesquisas. “Lula está se tornando o candidato ideal da direita. Para o PFL emplacar Roseana”, alfineta.
Governo festeja redução de crimes em reduto jarbista
A Secretaria de Imprensa festeja o resultado da urna eletrônica da TV Globo em Brasília Teimosa. O bairro reconhece que a violência diminuiu lá. Dados da SDS revelam que o número de ocorrências mensais caiu de 300 para 120.
Ordenamento de camelôs causa polêmica
Byron Sarinho, secretário na 1ª gestão de Jarbas na Prefeitura do Recife, diz que o reordenamento dos camelôs foi iniciado pelas arquitetas Amélia Reinaldo e Lúcia Leitão. Quem chegou depois apenas manteve o programa.
Opção Sarney
Raul Jungmann tem em mãos pesquisa indicando que Roseana Sarney (PFL) continua cativando o pernambucano. A pesquisa confirma que ela continua em 2º lugar no Estado, abaixo de Lula, mas em contínua preferência ascendente em todas as classes sociais. Na pesquisa, Raul é citado apenas para deputado federal.
Opção Jungmann
Jungmann jura que será para valer sua participação nas prévias do PMDB, nada para derrotar Itamar e apoiar depois Serra. E garante que tem apoio de Jarbas e da bancada. Maurílio Ferreira Lima diz, porém, não saber de nada. “Falta é senso de ridículo ao ministro. E ele nem é filho bastardo do PMDB”, ironiza.
O senador Roberto Freire (PPS) entusiasma-se com Raul Jungmann nas prévias do PMDB. “Se for mesmo um projeto político, ele irá qualificar o debate porque é inteligente, preparado e homem de coragem”. Freire, porém, tem apenas uma dúvida crucial: não acredita na realização das prévias.
O empresário Mário Beltrão, dono da Engeman e presidente da Assinpra, bem que ensaiou duas vezes, mas não deu certo. Agora, conta que recebe novamente pedidos de entidades de classe para que concorra a um cargo público nas eleições deste ano. Só não sabe ainda se a deputado estadual ou federal pelo PMDB.
A Prefeitura de Brejão também foi incluída no Projeto Alvorada. Mas o prefeito Sandoval Cadengue (PSB) diz que o Governo do Estado irá licitar banheiros no valor de R$ 1.118,00 cada. “O preço está muito alto”, garante. “A gente construiria dois banheiros com a mesma quantia”, afirma.
A Prefeitura do Recife deve realizar dois concursos públicos este ano, antes do período eleitoral. O secretário de Cultura, João Roberto Peixe, promete contratar 29 novos músicos para completar o quadro da Orquestra Sinfônica do Recife. E a primeira-dama Luzia Jeanne quer concursados na futura fundação que irá substituir a LAR.
Editorial
MAIS PRESÍDIOS
Os antigos costumavam dizer que “abrir uma escola é fechar um presídio”, mas a realidade quase sempre se mostra mais complexa e tende a contradizer a simplicidade ou o reducionismo das máximas populares. Na verdade, embora ainda de má qualidade, a escolarização no Brasil é, hoje, quase universal, com 96,7% das crianças de sete a quatorze anos matriculadas em cursos de ensino fundamental. E nunca a necessidade de abrir novos presídios foi tão grande no País, ao menos para resolver o problema da superlotação. Se fossem cumpridos todos os mandados de prisão (estimados em 300 mil) teríamos que improvisar campos de prisioneiros. Dados do Departamento Penitenciário Nacional informam que o número de presos vem crescendo num ritmo maior do que o da própria população brasileira e que, de 1995 a 2000, o número de presos cresceu 45,7%.
Enquanto a população carcerária aumenta, as vagas nas unidades prisionais não conseguem acompanhar a demanda, para usar o jargão dos economistas. Este problema, aliado à falta de uma política prisional, tem exposto o país de modo negativo diante do mundo. Basta lembrar três fatos de repercussão internacional: 111 presos assassinados pela Polícia Militar, em 1992, na Casa de Detenção, em São Paulo, e outros 27, este ano, no Presídio José Mário Alves da Silva, em Rondônia, e os motins simultâneos em quase trinta presídios, também no Estado de São Paulo, ocorridos no ano passado. No Plano Nacional de Segurança Pública do Governo Federal, anunciado em 1999, estava contemplada a melhoria do sistema penitenciário em todo o Brasil, mas, passados dois anos, ocorreu a chacina de Porto Velho, motivada por superlotação (843 detidos para 360 vagas), afora rebeliões em quase todos os Estados.
A boa notícia sobre o setor prisional não vem de fora, mas daqui mesmo, de Pernambuco. Até o próximo mês de abril, serão inaugurados mais sete presídios. A importância do acontecimento não está, apenas, numa maior oferta de vagas, mas na criação de seis diretorias regionais que possibilitarão um maior controle técnico-administrativo de todo o sistema, com a vantagem adicional de implicar numa espécie de interiorização, ou descentralização, do trabalho do Estado no setor. As primeiras informações dão conta de que funcionarão diretorias regionais penitenciárias no Grande Recife e em Goiana, na Mata Norte e Agreste Norte, na Mata Sul e Agreste, no Sertão Central, Sertão Norte e Sertão Sul. Serão contratados mais de trezentos agentes penitenciários, a serem submetidos a nada menos que 360 horas de treinamento. Essas contratações virão suprir a necessidade crônica de pessoal qualificado para tratar diariamente com a população carcerária que, segundo a Secretaria de Justiça e Cidadania, é de 9.156 presos em todo o Estado.
Anuncia-se finalmente em Pernambuco uma verdadeira política penitenciária, que não se limitará a aumentar o número de vagas nas unidades prisionais. A preocupação com descentralização administrativa do sistema e o objetivo de dar um treinamento mais longo e especializado aos agentes penitenciários certamente implicarão, a médio ou longo prazos, em um maior respeito aos direitos humanos, com a abolição da tortura, por exemplo, que se sabe ser aplicada para punir ou intimidar os detentos, e em novas técnicas de prevenção dos motins.
Num famoso poema, A Terra Devastada, o poeta anglo-americano T. S. Eliot diz que “abril é o mais cruel dos meses”. Mas o que se espera com a inauguraç
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