JÚNIA MARISE PEDE AO PRESIDENTE QUE REFLITA SOBRE OS PROFESSORES
"Que o professor Fernando Henrique Cardoso possa fazer uma reflexão e dar aos professores a dignidade que eles desejam", disse hoje (28) a senadora Júnia Marise (PDT-MG), ao sustentar que a crise da universidade brasileira é mais ampla e profunda que a simples reivindicação de aumento salarial, como acha o governo.
Ela afirmou que o "economicismo" dos argumentos governamentais em relação às universidades públicas revela uma posição inflexível e burocrática, relacionada com o círculo internacional das agências formuladoras de políticas públicas para os países em desenvolvimento. E sustentou que uma economia moderna depende de idéias e gente capaz de transformá-las em riqueza, o que em sua visão não ocorre com o Brasil.
- É improvável que o Brasil venha a ter condições de competitividade no que toca ao conhecimento, a depender dos esforços atuais. Em 1995, segundo a Unesco, menos de 12% da população brasileira em idade universitária estava freqüentando o terceiro grau, argumentou a senadora.
Na opinião de Júnia Marise, o conhecimento que o MEC tem da crise universitária não corresponde a ações para modificá-la. Ela informou que a situação salarial dos professores nunca esteve tão ruim e que a tabela salarial é a mesma desde janeiro de 1995. Disse também que, enquanto alega não ter como atender à reivindicação de 48,65% de aumento feita pelos professores, o governo encontrou maneira de conceder melhorias salariais para carreiras consideradas típicas de Estado.
"Por que o magistério não é também uma carreira típica de Estado?", indagou a senadora, questionando as perspectivas existentes para os jovens que hoje pensam em ingressar no magistério superior. Ela pediu que o governo abandone a "postura autoritária" adotada até agora e estabeleça um efetivo diálogo com as universidades, a bem do interesse público e do futuro da nação.
28/05/1998
Agência Senado
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