JUNIA MARISE PEDE QUE PRESIDENTE FAÇA PACTO COM A SOCIEDADE



Um pacto com a sociedade, com a população excluída. Esse foi o pedido que a senadora Junia Marise (PDT-MG) fez hoje (dia 19) ao presidente da República, Fernando Henrique Cardoso. "Para salvar os banqueiros, o presidente foi lá e deu 25 bilhões. Está na hora de o presidente fazer um pacto com a sociedade e resolver de vez o problema da seca que atinge milhões", disse a senadora.

Junia Marise disse estar perplexa diante da falta de ações eficazes por parte do governo federal, mesmo tendo sido alertado desde setembro do ano passado por técnicos de meteorologia de que a seca deste ano seria a pior do século. "Nada foi feito, absolutamente nada", afirmou a senadora. "Fizeram ouvidos de mercador diante da situação, da seca que já atinge dois milhões de pessoas em Minas Gerais".

Em aparte, o senador Elcio Alvares (PFL-ES) disse que a seca também já atingiu o Norte do Espírito Santo, mas que uma consciência de solução definitiva do problema já se consolida entre os administradores responsáveis. O senador lembrou que o Senado aprovou projeto de resolução que autoriza o financiamento de US$ 198 milhões para o Proágua, que serão empregados em obras de açudes, barragens e poços artesianos em toda a região abrangida pela Sudene.

A senadora Junia Marise destacou a presença em plenário de prefeitos mineiros que vieram a Brasília para participar da Marcha dos Prefeitos. Para ela, um "momento histórico da história desse país". Ela disse ainda que ninguém pode desconhecer a importância do prefeito, pois é ele quem convive diariamente com as dificuldades da população e com as dificuldades para atender os flagelados da seca.

Com o que chamou de "Dossiê da Seca", documento que reúne dados de 58 municípios mineiros desde 1988, a senadora revelou que, na região Norte de Minas Gerais, o abastecimento de água já está comprometido pela falta de poços artesianos e caminhões-pipa. Junia Marise revelou ainda que 80% da produção agrícola naquela região está dizimada. "Isso causou um grave impacto, porque ali se planta a agricultura de subsistência".

Para Junia Marise, não é preciso nenhum megaprojeto para resolver o problema da seca. Bastariam, na sua avaliação, projetos simples e eficazes que tenham início, meio e fim, como as mini-barragens. O senador Júlio Campos (PFL-MT), em aparte, atestou a falta de sensibilidade das autoridades federais com o sofrimento do povo que padece com a seca. Ele disse que, em visita ao Mato Grosso, ficou surpreso por ver que até mesmo o pantanal está sendo atingido pela seca e que se não forem tomadas providências imediatas, haverá grande mortandade de gado na região.



19/05/1998

Agência Senado


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