LAURO CAMPOS ADVERTE PARA RISCOS DE INDEPENDÊNCIA DO BANCO CENTRAL



O senador Lauro Campos (PT-DF) advertiu nesta segunda-feira (dia 27) para a ingovernabilidade a que o país pode ser atirado caso o governo consiga aprovar no Congresso a proposta de independência do Banco Central. A conseqüência desta medida, avalia o senador, seria a independência da política econômica. Lauro disse que as forças políticas que hoje detém o poder - ligadas ao PSDB e seus aliados -, já consideram seriamente a hipótese de perder as próximas eleições presidenciais e estariam preparando sua "retirada". Isto justificaria a tentativa de "engessar" o próximo presidente da República, impedindo-o de mudar os dirigentes do BC e do Banco do Brasil.

- A nação exige que o atual governo limite suas ações ao seu período de mandato, deixando ao futuro governo a responsabilidade de escolher o que é melhor para o país - afirmou Campos, citando integralmente um discurso proferido pelo próprio Fernando Henrique Cardoso, quando senador.

Tendo em mãos o livro A Outra Face do Presidente, uma coletânea de discursos do então senador, organizada por B. Calheiros Bonfim, Lauro Campos leu também o trecho em que Fernando Henrique criticava a obsessão do governo brasileiro em combater a inflação. "Não podemos ter como obsessão o nível de inflação, mas o pleno emprego e a capacidade de levar esperança à população mais pobre", citou.

Lauro Campos leu também trechos do livro As Idéias e seu Lugar, de Fernando Henrique Cardoso, em que este declara ser impossível manter o equilíbrio orçamentário e ao mesmo tempo pagar a dívida externa, descartando assim a política econômica proposta pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). O senador ainda manifestou alívio pelo fracasso do presidente peruano Alberto Fujimori, que não conseguiu completar o seu terceiro mandato, renunciando ao cargo. Para o senador, isto teria desencorajado a ambição de Fernando Henrique, que estaria pretendendo uma nova reeleição. Lauro Campos atacou também os tecnocratas do governo, que, continuamente, fariam "politicagem" como se fosse política econômica.

27/11/2000

Agência Senado


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