LAURO CAMPOS CRITICA "PERPLEXIDADE" DO PRESIDENTE DO BANCO CENTRAL



O senador Lauro Campos (PT-DF) afirmou hoje (dia 5) que o presidente do Banco Central, Gustavo Franco, não tinha o direito de declarar-se "perplexo" com os acontecimentos que resultaram na crise das bolsas de valores. "O mundo teria que passar por isso, necessariamente. Só fica perplexo aquele que não quer encarar a dura realidade", disse ele.

Numa análise da tensão que dominou o mercado financeiro mundial nos últimos dias, o senador sustentou que a crise de hoje era esperada, sobretudo pelo fato de que os investimentos em bolsas de valores vinham crescendo aceleradamente, sem respaldo em aumento de produtividade. "O presidente do Banco Central não poderia declarar perplexidade diante de acontecimentos que há tanto tempo rondavam o mundo", observou.

Conforme Lauro Campos, a especulação econômica gerou um mundo esquizofrênico, e o presidente do Banco Central brasileiro não poderia desconhecer isso. "As bolsas estavam perigosa e artificialmente elevadas, e era preciso conter esse movimento especulativo", declarou o senador, para lembrar que o Brasil também está sujeito aos percalços do mundo, visto "que não estamos vivendo no mundo da lua".

Ele explicou que o capitalismo vai criando fenômenos fictícios, que fazem parte da realidade desse sistema econômico e que, no caso das bolsas, faz com que o preço das ações vá se distanciando diariamente da rentatibilidade dos negócios. "O preço das ações se desloca do mundo real porque o dinheiro em potencial, em vez de se transformar em mais investimentos, se transforma em capital especulativo fictício", frisou.

Lauro Campos também explicou que, desde o plano de estabilização fiscal adotado pelo governo de Fernando Henrique Cardoso, o Brasil está submetido a uma camisa de força que o obriga a um equilíbrio orçamentário até agora não alcançado pelos Estados Unidos. "Nós temos que equilibrar o nosso orçamento enquanto os Estados Unidos alimentam o seu déficit", assinalou o senador, sustentando que esse país está exportando desemprego para países latino-americanos, entre eles o Brasil.



05/11/1997

Agência Senado


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