LAURO CAMPOS ALERTA PARA INSTALAÇÃO DE UMA "BIDITADURA"



Ao comentar a sessão da última quinta-feira (dia 25), quando o senador Antonio Carlos Magalhães fez denúncias sobre o Poder Judiciário e apresentou requerimento de criação de uma CPI para investigá-las, o senador Lauro Campos (PT-DF) alertou nesta sexta-feira (dia 26) para a existência de uma "biditadura" no Brasil. Segundo ele, uma parte, a do autoritarismo, estaria sendo exercida "óbvia e despudoradamente" pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, e a outra parte, a do despotismo, "vai se fortalecer aqui no Poder Legislativo sob o manto da restauração da dignidade, da moralidade, da ética e dos bons costumes".O senador pelo Distrito Federal acredita que a crise econômica vai aprofundar-se ainda mais e trará efeitos sociais sem precedentes porque não haverá qualquer proteção do Estado para o trabalhador, levando ao exacerbamento do autoritarismo. Lauro teme que essa situação caminhe para uma divisão de poderes autoritários entre o Legislativo e o Executivo, antes que se chegue, inevitavelmente, ao parlamentarismo. "Jamais se viu uma intervenção do Poder Legislativo sobre o Poder Judiciário, desde que o princípio burguês iluminista da separação e do equilíbrio entre os Poderes foi transformado na prática precária que conhecemos", disse o senador.- Portanto, este biautoritarismo será a nossa característica, a menos que haja um ressurgimento da consciência nessa restauração, nesse renascimento da consciência. Aquelas comissões parlamentares de inquérito que foram impedidas de funcionar foram desmoralizadas. O povo disse, a imprensa divulgou que as CPIs dão em pizza - disse Lauro Campos, para acrescentar que as comissões parlamentares de inquérito que resultaram em pizza não chegaram a funcionar "porque muitas delas, que contavam com o número mínimo de 27 assinaturas para a sua instauração, foram desfalcadas repentinamente. Os bravos colegas que assinaram o documento retiraram sua assinatura, impossibilitando a instalação de algumas. Outras, depois de instaladas, não tiveram a indicação de seus membros, requisito para que pudessem funcionar". O senador alertou para o problema adicional de que ter cinco CPIs funcionando ao mesmo tempo vai esvaziar completamente as sessões e o conteúdo dos trabalhos normais do Senado. Lauro acredita que ninguém mais quer ser o pai do Plano Real depois que naufragou e o FMI teria que assumir a paternidade. "Aí Camdessus diz: não, nós não. Quem fez isso foram os brasileiros e o responsável pelo fracasso foi a reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso. Foi para ganhar a eleição que o fracasso do Real, o seu desmascaramento, foi atrasado até depois da reeleição", afirmou o senador.

26/03/1999

Agência Senado


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