LAURO CAMPOS CONSIDERA "INEVITÁVEL" A MORATÓRIA FEDERAL
O senador Lauro Campos (PT-DF) considerou "inevitável" a decretação da moratória dos pagamentos da dívida externa, pelo governo federal. "O presidente Fernando Henrique Cardoso deveria seguir o exemplo do governador Itamar Franco, de Minas Gerais, e decretar a moratória, porque o Brasil não pode continuar desse jeito. Esse é o único recurso que nos resta."Para Campos, Itamar foi profético ao declarar moratória. "Por isso quero exorcizar o caráter demoníaco que imprensa, governos federal e estaduais estão atribuindo ao gesto do governador de Minas. Não devemos dizer que da água da moratória não beberemos, porque é isto que terminará acontecendo", garantiu.Lauro Campos fez uma extensa crítica ao Plano Real, desde sua criação. "Sua engenharia fria estava caminhando para o desastre. Foi um erro depois do outro, com desprezo pelo social e atenção unicamente aos interesses políticos. Como aconteceu com o Cruzado, também o Plano Real já vai revelando suas contradições e mostrando que terá curta duração."O senador observou que com o Plano Real o Brasil se inseriu no processo de globalização "de maneira perversa", acrescentando que o governo "sucumbiu ao ópio da dívida externa". - Com esses recursos, podem-se fazer obras, eleger candidatos, apressar planos e cumprir metas, pensam muitos. Mas as conseqüências do endividamento excessivo já se fazem presentes e o governo não pode dizer que cumprirá o acordo com o FMI até a sepultura.O senador pelo Distrito Federal também criticou a postura do governo em relação ao sistema bancário. "Quando faliram a primeira vez, o governo os socorreu com um Proer de R$ 21 bilhões. Agora, quando se anuncia nova onda de quebradeira bancária, o Banco Central resolveu remunerar com 19% ao ano o dinheiro parado dos bancos que, diante da recessão, não conseguem emprestar a ninguém." Em aparte, o senador Edison Lobão (PFL-MA) discordou de Lauro Campos. "As medidas que o governo brasileiro está tomando estão corretas e visam a evitar uma crise maior. Somos sócios do FMI que nos está emprestando dinheiro a juros baixos para debelar uma situação difícil. Também não podemos criticar a decisão do governo de ajudar os bancos, impedindo que quebrem. Veja o Japão, que está destinando US$ 100 bilhões para socorrer seu sistema bancário", observou.
11/01/1999
Agência Senado
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