LAURO CAMPOS DIZ QUE FMI ATRASOU MUDANÇA NO CÂMBIO
Durante a sabatina da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) ao presidente indicado para o Banco Central, Francisco Lopes, o senador Lauro Campos (PT-SP) denunciou que o FMI atrasou as mudanças na política de câmbio do Brasil, para dar tempo aos banqueiros internacionais de retirarem US$ 50 bilhões aplicados no país e para Fernando Henrique Cardoso ganhar a reeleição.Lauro Campos disse que, na sua avaliação, o real é um dólar furado. Ele lembrou que, desde a época em que foi implantada a âncora cambial, escreveu artigos alertando sobre os perigos que essa medida poderia trazer para a economia.Na opinião do senador pelo Distrito Federal, quando ele afirmou, há pouco tempo, que a situação havia chegado ao fundo do poço, não estava sendo pessimista. Ele acha que o pessimismo está enraizado na própria realidade do país. Lauro Campos concordou com Francisco Lopes no sentido de que as opções de dolarização e moratória são ruins para o Brasil.Demonstrando surpresa ao saber que a decisão de liberar o câmbio não vinha sendo estudada há vários meses, mas apenas às vésperas de sua aplicação, Lauro Campos criticou o governo. No seu entendimento, a âncora que estava sustentando a economia brasileira não era só cambial, mas cravada na fome e na pobreza da população brasileira.A indicação de Francisco Lopes para a presidência do Banco Central, na avaliação de Lauro Campos, é um avanço. Ele criticou o ex-presidente da instituição, Gustavo Franco, por responder às questões com evasivas sempre que compareceu ao Senado para prestar esclarecimentos.Comentando as questões levantadas por Lauro Campos, Francisco Lopes disse que se o Brasil não for "sabotado" pelos governadores, alcançará um expressivo superávit primário já este ano. Por outro lado, ele previu que os próximos seis meses serão de muitas dificuldades. Disse ainda que a aprovação pelo Congresso da contribuição previdenciária dos inativos e aposentados e o aumento da alíquota da CPMF são fundamentais para gerar as bases que levarão ao desenvolvimento do país.
26/01/1999
Agência Senado
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