LAURO CAMPOS: GOVERNO ESTATIZA PREJUÍZO DO BANCO ECONÔMICO



O senador Lauro Campos (PT-DF) acusou hoje (dia 15) o governo de permitir a estatização dos prejuízos do Banco Econômico, que segundo o parlamentar, chegou ao estado de insolvência devido à má administração.Campos fez uma análise sobre a crise da dívida pública brasileira, a relação do Estado e do Banco Central com os bancos privados e também um histórico sobre déficit público como forma de financiar desenvolvimento econômico, corrida armamentista e políticas sociais.

Para o senador por Brasília,a dívida pública do país começou quando Rui Barbosa, em 1890, lançou títulos brasileiros no mercado internacional, além de conceder a sete bancos baianos o poder de emitir títulos e, conseqüentemente, "fabricar" dinheiro.Lauro Campos disse que o poder dos governos de emitir títulos para financiar suas políticas não é um mal em si, ao contrário.O senador citou os exemplos dos Estados Unidos, da Itália, que possuem enorme deficit público, e da própria Alemanha hitlerista.

-A dívida pública dos Estados Unidos chegou a U$ 6 trilhões com os governos Reagan e Bush.É a própria desmoralização da escola neoclássica do equilíbrio orçamentário.Nos Estados Unidos, na década de 30, a produção de automóveis chegou a uma redução brutal, produziram-se 600 mil automóveis por ano, até 1943.Entre 32 e 35, 5 mil bancos quebraram.Foi a ação do governo, através do lançamento de títulos, do investimento do Estado, que foi recuperada a economia - frisou disse Lauro Campos.

Sempre citando números, o senadordisse que os Estados Unidos têm 60 anos de déficits públicos sucessivos."Usa-se o endividamento público para pagar empreiteiras, para fazer a corrida armamentista, o programa espacial e até, eventualmente, para programas sociais.O próprio Roosevelt chegou a dizer que agia exatamente como Hitler, ao usar a capacidade de endividamento do Estado para fins de desenvolvimento econômico", explicou.

Na avalição de Lauro Campos, no entanto, o quenão se justifica, "é uma relação espúria", usar dinheiro público para salvar bancos falidos por irresponsabilidade administrativa."Equivale a amarrar cachorro com lingüiça, essa relação podre", definiu.Ele lembrou inclusive o caso que envolveu na década de 70 o atual proprietário do Banco Econômico, Ângelo Calmon de Sá, que era, na ocasião, ministro da Indústria e do Comércio do governo Geisel.O Banco Econômico emitiu um cheque administrativo sem fundos, e houve pressões pela demissão de Calmon de Sá, rechaçadas pelo presidente Geisel.

15/08/1995

Agência Senado


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