Líder do PT descarta acordo e diz que ‘maioria derrubará vetos’
A menos de duas horas do início da análise dos vetos presidenciais à Lei dos Royalties (Lei 12.734/13), o senador Wellington Dias (PT-PI) descartou a chance de um acordo de última hora para evitar a votação. Segundo o parlamentar, foram esgotadas todas as tentativas de negociação, e agora é a vez de o Congresso Nacional dar a última palavra.
- Vamos ter uma votação democrática, com as duas posições estabelecidas. Não se trata de ser base de governo ou ser oposição. Nós temos maioria nas duas casas que garantem a derrubada do veto. Se houver acordo, a principal mudança que vamos fazer é carimbar mais verbas do petróleo para a educação.
Entre a terça-feira (5) e hoje circularam versões de que o governo estaria preparando uma medida provisória destinando recursos a estados não produtores, o que poderia levá-los a desistir de derrubar os vetos à lei que redistribuiu recursos antes concentrados nas mãos dos estados produtores, como o Rio de Janeiro e o Espírito Santo.
Wellington Dias, que tem sido um dos principais defensores de mudanças na partilha dos royalties, além de ser autor do primeiro texto do projeto parcialmente votado (PLS 448/2011), voltou a se posicionar a favor de uma redistribuição mais igualitária entre os estados.
- Estamos tratando de uma riqueza em mar, reparando uma injustiça na distribuição. É uma riqueza que pertence a todo o povo brasileiro. É justo que 96% fiquem concentrados em dois estados [Rio de Janeiro e Espírito Santo] que não produzem uma gota de petróleo? – indagou.
A sessão do Congresso para a avaliação dos vetos está marcada para às 19h25 e pode se estender pela madrugada caso os representantes dos estados produtores cumpram a promessa de adotar a tática de obstruir os trabalhos. Os parlamentares do Rio e do Espírito Santo somam 56 dos 513 deputados e 6 dos 81 senadores.
- O mesmo regimento que prevê a obstrução como direito democrático é o que dá à maioria a chance de definição, senão o Parlamento se engessaria e não votaria nada. O próprio regimento estabelece um limite. É no voto. Quem ganhar, vai ganhar no voto – argumentou Wellington Dias.
Insistência
Apesar da posição de Wellington Dias, o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) publicou no twitter, por volta das 18h15, que estava no Palácio do Planalto buscando um entendimento.
"Buscamos um entendimento com o governo para chegarmos num acordo sobre os vetos aos royalties e evitar a votação de hoje", escreveu Ferraço, acrescentando estar acompanhado pelo senador Lindbergh Farias (PT-RJ), do deputado Anthony Garotinho (PR-RJ) e do vice-governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB).
Mais cedo, a Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), públicou matéria, segundo a qual a presidente Dilma Rousseff deixou "nas mãos do Congresso" a decisão sobre os vetos.
Articulações
Ainda segundo a EBC, parlamentares representantes de estados produtores se articulavam para tentar evitar a derrubada dos vetos. Faz parte da estratégia desses congressistas questionar a validade da votação, já que vetos, ausente da mensagem presidencial, foram acrescentado à pauta de ontem para hoje. A votação foi adiada para esta quarta justamente porque a Mesa do Congresso não incluiu na cédula de votação, distribuída a deputados e senadores, dois dispositivos vetados pela presidenta Dilma. A correção foi republicada em uma edição extra do Diário Oficial da União e os pontos corrigidos foram lidos ainda na sessão de ontem e serão incluídos nas cédulas da votação prevista para hoje. Ao todo a análise envolverá 142 dispositivos, conforme a EBC.
Para o deputado Alessandro Molon (PT-RJ), cada dispositivo deve ser analisado como um veto. Assim, a inclusão de “dois novos vetos” exigiria novo prazo de 30 dias para análise e o exame da matéria por uma nova comissão mista.
“ Nós vamos passar o dia em reuniões e vamos fazer tudo para impedir a votação. Vamos entrar em obstrução e já temos a estratégia com todos os instrumentos regimentais para que a votação não aconteça”, disse o parlamentar à EBC.
Segundo Renan, o que houve foi uma retificação. “Não há um segundo veto nem poderia haver porque o prazo já foi encerrado. De modo que nós fizemos a leitura prudentemente e hoje vamos realizar a votação”, reforçou o presidente do Congresso pela manhã.
a reportagem da EBC apurou que além dos votos contrários à derrubada do veto de 126 parlamentares do Rio de Janeiro, Espírito Santo e de São Paulo, deputados e senadores de estados produtores estão tentando convencer parlamentares da Bahia, do Rio Grande do Norte, de Sergipe e do Amazonas, de que também perdem com a derrubada do veto.
Em outro front, Alessandro Molon tenta persuadir parlamentares do Pará e de Minas Gerais de que, quando o Congresso for analisar a proposta que trata dos royalties da mineração, esses dois estados devem ser submetidos às mesmas regras sobre a redistribuição dos royalties do petróleo. “O feitiço pode virar contra o feiticeiro”, advertiu.
A sessão do Congresso será transmitida pela TV Senado, inclusive pela internet.
06/03/2013
Agência Senado
Artigos Relacionados
Maioria dos brasileiros descarta hipótese de guerra no País nos próximos 20 anos, diz Ipea
Palocci descarta aumento do mínimo e diz que governo dialoga para ter maioria no Senado
Líder do PSDB confirma acordo para a direção da CPI, mas líder do PT reitera que partido quer a presidência
Líder do PT diz que governo reconhece derrubada dos vetos
Para líder do PSDB, Orçamento só pode ser votado depois dos vetos
Para líder do PT, Congresso pode definir ordem de votação dos vetos