Lindberg: documentos mostram que Ambev está aniquilando sua rede de distribuidores



O senador Lindberg Cury (PFL-DF) denunciou em discurso que documentos da Federação Nacional dos Distribuidores de Bebidas e Refrigerantes mostram que a Ambev, empresa resultante da fusão das cervejarias Antarctica e Brahma, vem promovendo um "verdadeiro aniquilamento" de sua rede de distribuidores. Até agora, conforme os documentos, mais de 2.500 distribuidores já fecharam suas portas, provocando o desemprego de 227 mil pessoas.

O problema foi debatido na noite da última terça (dia 27) pela Comissão de Assuntos Econômicos do Senado e, segundo Lindberg Cury, os depoimentos apresentados revelam que a Ambev decidiu fazer distribuição direta no varejo, competindo com tradicionais revendedores de cervejas Antarctica e Brahma. Ele citou denúncia dos distribuidores de que a Ambev passou a privilegiar as grandes redes de supermercados, contribuindo "para aumentar ainda mais o exagerado poder dos hipermercados sobre o mercado varejista nacional".

O compromisso firmado pela Ambev com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), depois de um longo processo sobre a fusão, impedia a redução dos níveis de empregos. O problema, no entanto, é que o compromisso não estabeleceu salvaguardas para os outros integrantes do setor, como os distribuidores. O senador manifestou esperança de que o Cade interfira no processo, para evitar mais demissões.

Problema parecido, de acordo com Lindberg Cury, vem acontecendo com os franqueados da rede de lanchonetes McDonalds. Ele citou que, há alguns anos, contratos leoninos entre a Ford e seus distribuidores também provocaram o fechamento de revendedores que estavam há décadas no mercado. "O que temos hoje é uma total vulnerabilidade do pequeno empresário brasileiro, que não dispõe de instrumentos para se defender de exigências quase sempre esdrúxulas de grandes corporações." O senador disse acreditar que o Congresso deve agora rever a legislação que trata da relações entre as grandes corporações e o pequeno empresário.

Em aparte, o senador Arlindo Porto (PTB-MG) informou que os preços praticados pela Ambev subiram 38% desde a fusão, o que fere o termo de compromisso firmado com o governo. Sebastião Rocha (PDT-AP) disse quer pretende levar o Cade a investigar as denúncias de abuso de poder econômico da corporação contra seus distribuidores. Romeu Tuma (PFL-SP) e Casildo Maldaner (PMDB-SC) também manifestaram preocupação com o problema criado pela Ambev.

28/11/2001

Agência Senado


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