Lobão destaca "coragem" do presidente Lula em assumir crise na educação e pede correção de rumos



O senador Edison Lobão (PFL-MA) destacou da tribuna, nesta sexta-feira (16), a avaliação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, feita durante discurso no dia anterior, de que, na área da educação, o país estaria vivendo "no pior dos mundos". Lobão elogiou a "coragem" do presidente em apresentar tal diagnóstico e cobrou a correção de rumos, por considerar que a questão é fundamental para o futuro da Nação.

- Não é novidade para ninguém que não há destino para um país que não se sustente nos fundamentos da educação e do ensino. O país que negligencia esse setor está condenado ao fracasso, ao insucesso e ao descaminho - afirmou.

Lobão afirmou que, em 2006, conforme editorial do jornal O Globo que abordou o discurso do presidente, as notas apuradas pelos testes do Sistema de Avaliação do Ensino Básico (Saeb) foram as mais baixas de toda a história do exame. No ensino médio, cujo desempenho é avaliado pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), também teria havido retrocesso, com a nota média de cada aluno ficando em apenas 36 pontos do total de 100.

Além disso, o parlamentar lembrou que, em 2005, o Brasil possuía 15 milhões de analfabetos acima de 15 anos - o equivalente a 11% da população na faixa etária. Esse dado,disse ele, inclui o país entre as nações com o maior número de analfabetos, o que seria deplorável para uma Nação que pretende ser em breve a sexta economia do mundo. Observou ainda que, no passado, embora com alta faixa de analfabetismo, o Brasil tinha ensino de qualidade, do fundamental ao ensino superior.

- Ao longo do tempo, tentou-se uma massificação universitária, cujos resultados numéricos foram consideráveis, mas, em matéria de qualidade, foi uma verdadeira tragédia - ressaltou Lobão.

De acordo com o senador, o país investe 5% do Produto Interno Bruto (PIB) em educação - um percentual maior do que o fazem os Estados Unidos, Japão e Coréia, mas sem os resultados desejados. Para Lobão, o ministro da Educação, Fernando Haddad, mostra que tem competência e preocupação com a área. O senador criticou, porém, a elevada concentração dos recursos da pasta no ensino superior - cerca de 70% do total de investimentos - ao mesmo tempo que as universidades continuam "sucateadas".

Apoio

Lobão recordou que, como governador do Maranhão, deu grande ênfase à educação, tendo concluído o mandato com certificado de melhor desempenho na área no período, expedido pela Fundação Getúlio Vargas. Para o senador, os governantes não devem "varrer para debaixo do tapete as mazelas e dificuldades". Por isso, voltou a elogiar o presidente pelo mea culpa em relação ao quadro crítico na educação. Segundo ele, agora cabe oferecer ao governo todo apoio de que precisa.

- Haveremos nós todos de ajudá-los na correção de rumos, dotando o Poder Executivo dos meios que forem solicitados, mas também estabelecendo a nossa fiscalização, o nosso acompanhamento para que os resultados sejam benéficos a todos - enfatizou.

Em aparte, o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) disse que o país ainda ignora a importância da educação para o desenvolvimento. Ponderou que o reduzido gasto de US$ 944 dólares por aluno ao ano - metade do que gastam a Argentina, o Chile eo México - na educação básica justifica o fracasso dos indicadores de qualidade. O senador Paulo Paim (PT-RS) assinalou que o presidente Lula demonstrou responsabilidade ao abordar a questão da educação - debate que, na opinião do senador, precisa ser assumido de frente e por todos, para que os caminhos sejam encontrados.



16/03/2007

Agência Senado


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