Lobão sugere discussão sobre redução da maioridade penal



O 1º vice-presidente do Senado, Edison Lobão, disse, nesta terça-feira (29), em entrevista à Rádio Senado, que considera o Código Penal brasileiro muito brando, e defendeu a necessidade de se examinar a questão dos menores.

- Um sujeito com 17 anos já não é menor. No mundo moderno, no mundo em que vivemos, com o computador, a informática, a televisão e com tudo o mais, temos que ter uma ação mais presente no que diz respeito a certos delinqüentes considerados isentos da malha do Poder Judiciário e do Código.

Lobão acrescentou estar inteiramente de acordo com a proposta do presidente do Senado, Ramez Tebet, de se discutir a adoção da prisão perpétua: "é preciso ter uma punição de alto grau, sem o quê não vamos muito longe". O 1º vice-presidente aproveitou para lembrar que já houve, no Brasil, um debate sobre a instituição da pena de morte. E manifestou sua posição favorável à participação do Exército no combate à criminalidade:

- Embora não seja instituição preparada para esse tipo de ação, a simples presença na rua inibe a ação dos bandidos e não deixa de ser uma ajuda ao aparelho policial - afirmou Lobão, para quem, se necessário, também devem ser empregados contingentes da Marinha e da Aeronáutica.

O 1º vice-presidente disse que não se pode estabelecer o pânico entre a população, "achar que estamos em um estado de guerra":

- Não estamos. O que precisamos é agir com determinação para conter essa violência.

Lobão defendeu uma ação conjugada entre as polícias estaduais, o que, em sua avaliação, é fundamental para o combate à violência. O senador disse que, embora esteja havendo um combate mais eficaz à criminalidade em São Paulo e no Rio de Janeiro, é preciso que a polícia esteja vigilante em todas as unidades da Federação.

- O combate tem sido eficaz no sentido de se ter uma presença maior da polícia, do aparelho policial nas ruas, e de uma ação determinada pelos governos. Não que os resultados tenham sido, até agora, consideráveis. Mas o que acontece então com esses bandidos que são procurados, caçados em São Paulo, no Rio e até em outros estados? Eles fogem para outros estados onde parece haver uma tranqüilidade maior e onde o aparelho policial está um pouco mais inadvertido. Então é bom uma ação conjugada para tornar todas as polícias advertidas e de prontidão para o combate sem tréguas à violência.

Segundo Lobão, o povo brasileiro não suporta mais o quadro de violência. Para o senador, ou se combate o crime, ou, lembrou, como disse há dois dias um homem desesperado em São Paulo, as pessoas vão se organizar e elas próprias cuidar da sua segurança, "o que não é uma coisa boa, porque as pessoas que não tenham tato da segurança, das questões policiais, não sabem se defender e então poderemos ter um desastre maior".

O senador disse "não gostar muito" da proposta de unificação das polícias civil e militar. Lembrou que foi governador do Maranhão, quando teve de operar com ambas as polícias, e observou que a PM "tem um sistema de hierarquia e uma disciplina maior, anda fardada etc., enquanto a polícia judiciária, civil, é mais investigativa".

- Eu preferia manter as duas polícias separadas. Mas também não me oponho, se os cientistas que examinaram essa questão acham que é por aí que se deve andar, eu também não me oponho.



29/01/2002

Agência Senado


Artigos Relacionados


Começa discussão sobre redução da maioridade penal

CCJ retoma discussão sobre redução de maioridade penal

Discussão na CCJ sobre redução da maioridade penal será no próximo dia 25

Entidades de defesa da criança e adolescente acompanham discussão sobre redução da maioridade penal

Lídice da Mata defende ampla discussão sobre maioridade penal

Debate sobre redução maioridade penal mobiliza CCJ