Lúcia Vânia: presidente da Funai merecia demissão sumária por declarações insensíveis



O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Mércio Pereira Gomes, merecia demissão sumária pelas suas declarações na última semana, afirmou a senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO) em pronunciamento nesta sexta-feira (23). Para ela, a insensibilidade demonstrada pelo presidente da Funai diante da morte de 26 garimpeiros em conflito com tribos indígenas em Rondônia é inadmissível.

Os fatos indicam, segundo Lúcia Vânia, que pouco ou nada foi feito pelo governo para evitar a tragédia. A entidade Plataforma Brasileira de Direitos Humanos, Sociais e Culturais, observou a senadora, informou ter entregado em dezembro de 2003 a cinco ministérios relatório no qual sinalizava a possibilidade de conflito na área.

- Reconhecemos e defendemos os direitos dos povos indígenas constantes da Constituição brasileira, como o respeito às suas organizações sociais, línguas, crenças e tradições, bem como o aproveitamento de recursos hídricos e minerais das terras que tradicionalmente ocupam. Mas não podemos admitir a insensibilidade de autoridades, como o presidente da Funai, diante da morte de cerca de 30 pessoas, em condições ainda não totalmente esclarecidas - afirmou.

Para ela, a insensibilidade demonstrada pelo presidente da Funai é reveladora. A maneira como a autoridade competente cuida dos que já foram, afirmou, diz muito sobre a maneira pela qual o governo tem cuidado dos que permanecem vivos.

Lúcia Vânia também criticou propostas que defendem a elevação das metas de inflação. Ela disse concordar com pronunciamento feito na quinta-feira (22) pelo líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), que classificou a sugestão de "impatriótica". Deveria estar sendo defendida inflação zero em favor do Brasil e dos mais pobres, argumentou Lúcia Vânia.

A senadora por Goiás também comentou outros fatos divulgados pela imprensa nesta semana, que revelam, a seu ver, o momento emocional de desesperança vivido pela população brasileira. Ela ressaltou as manifestações de integrantes da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), reunidos na 42ª assembléia da entidade, que explicitaram decepção com a atuação do governo, e resultado de pesquisa realizada pela Associação Internacional de Estresse Gerencial do Brasil, que detectou que 82% dos profissionais brasileiros apresentam traços de ansiedade em diversos graus, sendo o desemprego uma das principais causas.

- Não é para menos, pois a população teve promessa do candidato Luiz Inácio Lula da Silva de criação de 10 milhões de empregos e até agora só viu as taxas de desemprego crescerem - afirmou.





23/04/2004

Agência Senado


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