Lúdio quer família e militar no combate ao crime
As famílias brasileiras e as Forças Armadas devem participar ativamente no combate ao crime que vem intranqüilizando toda a sociedade, defendeu nesta quinta-feira (28) o senador Lúdio Coelho (PSDB-MS). Para ele, o problema do aumento da criminalidade no país não se deve à falta de leis, mas sim a outros fatores, como o desaparelhamento das prisões e das polícias.
Esse problema está no mesmo contexto dos surtos da dengue, da morosidade do Judiciário ou da situação precária das estradas, afirmou o senador, referindo-se à carência de investimentos públicos em diversos setores fundamentais.
A maior parte dos crimes hediondos e bárbaros que vêm sendo cometidos em todo o país, no seu entender, é praticada por criminosos reincidentes ou por fugitivos das prisões. Isso evidencia que o sistema penitenciário brasileiro "não está funcionando de forma adequada", disse.
- Temos de melhorar urgentemente a qualidade dos serviços públicos porque, para mim, está claro que a grande quantidade de crimes que ocorre atualmente está muito mais ligada à falta de funcionamento do nosso sistema carcerário do que à venda de armas - observou o senador.
Para Lúdio Coelho, o aumento do banditismo pode ter relação com a venda ilegal de armas, porque, "através do contrabando, qualquer um compra a arma que quiser". Assim, a seu ver de nada adianta proibir a venda de armas, porque isso somente iria dificultar a compra de armas pelos cidadãos, não representando qualquer obstáculo à aquisição de armas pelos bandidos. E indagou: "Qual é a lei que vai proibir vender arma proibida?"
Para que o Brasil tenha êxito no combate à criminalidade, Lúdio Coelho acredita ser necessário que a família brasileira se conscientize do problema da criminalidade e decida atuar de forma integrada aos órgãos de segurança. É ainda fundamental que as Forças Armadas, que possuem os melhores quadros de recursos humanos e equipamentos modernos, também se integrem na luta contra o banditismo.
O senador criticou também o excesso de cuidado de alguns setores da sociedade, que invocam sempre os direitos humanos na defesa de criminosos bárbaros. Ele lembrou que, há alguns anos, chegou a pensar numa proposta de participação das Forças Armadas no combate ao crime, mas foi desestimulado pelos que consideravam a proposta inconstitucional.
Em aparte, o senador Romeu Tuma (PFL-SP) ressaltou a necessidade de o governo investir mais firmemente na carreira do policial, resgatando a dignidade desse profissional e atuando, assim, de modo a impedir o aliciamento de policiais por bandidos. "A corrupção cresce no meio policial por desatenção ao profissional dessa área", disse ele. Já o senador Arlindo Porto (PTB-MG) disse que 90% dos crimes cometidos hoje no Brasil envolvem armas não registradas - o que mostra, segundo ele, a ineficácia de se proibir a venda de armas -, conclusão também aceita pelo senador Casildo Maldaner (PMDB-SC), para quem, em primeiro lugar, "é preciso desarmar os bandidos, não os pais de família que guardam uma arma em casa para se proteger".
Também em aparte, o senador José Fogaça (PPS-RS) disse discordar do envolvimento das Forças Armadas no combate ao crime. Para ele, essa fórmula já foi testada no Brasil, durante o governo Itamar Franco, e em diversos outros países, não tendo sido bons os resultados. A melhor forma de combate ao crime é contar com a participação da comunidade, o que, segundo Fogaça, foi demonstrado na Inglaterra, que tem uma grande rede de informações funcionando através de conselhos comunitários de segurança.
28/02/2002
Agência Senado
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