Luiz Francisco confirma conversa com ACM



O procurador da República Luiz Francisco de Souza confirmou, durante audiência pública realizada pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar nesta quarta-feira (dia 14), a reunião entre ele, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), o ex-diretor da Secretaria de Comunicação Social do Senado, Fernando César Mesquita, e os procuradores Eliana Torelly e Guilherme Schelb. Confirmou também que o encontro, ocorrido em 19 de fevereiro, foi gravado com o consentimento e o conhecimento dos outros procuradores e que o teor das principais frases ditas pelos interlocutores da conversa condizem com o que foi publicado pela revista IstoÉ.

Luiz Francisco permaneceu por mais de quatro horas respondendo às perguntas dos membros do Conselho que queriam saber, principalmente, se Antonio Carlos Magalhães teria dito aos procuradores que dispõe de uma lista com os votos dos senadores na sessão secreta de cassação do senador Luiz Estevão. O procurador respondeu que se lembrava, claramente, de o senador haver dito isso e de também haver citado que o sigilo bancário do ex-secretário-geral da Presidência da República Eduardo Jorge Caldas Pereira, se quebrado, poderia atingir o presidente Fernando Henrique.

- Mesmo que as versões publicadas pela revista não sejam a transcrição literal das palavras do senador, em função de os jornalistas não terem tido acesso direto às fitas e de eu mesmo não ter mais as fitas audíveis comigo, é certo que ACM tenha dito: "Agora uma coisa eu posso dizer, a senadora Heloísa Helena votou no senador. Eu tenho a lista de todo mundo que votou nele. Ela disse no Senado que seria bom se Luiz Estevão não fosse cassado porque eu ou ele poderíamos acabar nos matando" - afirmou o procurador, dizendo reproduzir as palavras do senador baiano.

Luiz Francisco garantiu que não tem mais as fitas "audíveis" por ter tentando destruí-las depois de uma discussão com seus colegas procuradores. Ele, no entanto, não pôde afiançar se elas foram totalmente danificadas, pois, segundo esclareceu, pisou nas fitas com o consentimento dos outros procuradores e deixou a sala em seguida. A terceira fita, explicou, foi conseguida por meio de outro gravador, não tem a nitidez da outra gravação e foi parcialmente (cerca de 75%) reproduzida pelo perito Ricardo Molina.

Luiz Francisco também descartou, como aventou o senador Pedro Simon (PMDB-RS), a possibilidade de os jornalistas da IstoÉ terem gravado a fita que ouviram, lembrando que, se assim fosse, tanto ele como os repórteres entregariam essa prova da conversa para o Conselho. "Isso evitaria o desgaste que nós estamos tendo", disse.

Motivo da Gravação

Questionado pelo senador Ney Suassuna (PMDB-PB), o procurador Luiz Francisco explicou que decidiu gravar a conversa por querer resguardar-se de incorreções futuras e por temer um recuo por parte do senador e de seu assessor nas denúncias feitas. Ele fez questão de esclarecer que o motivo pelo qual concordou com o encontro foi o fato de sempre ter se interessado por denúncias de corrupção. O procurador negou, conforme afirmou o senador Waldeck Ornellas (PFL-BA), que tenha tido como motivação qualquer tipo de acordo com a revista IstoÉ e que apenas escolheu aquele veículo por identificar jornalistas investigativos que têm o mesmo interesse em descobrir corruptos.

- Eu tenho uma boa profissão, vitalícia e não a troco por nada. Não acho que errei ao fazer a gravação, mesmo que essa não seja uma prática comum na minha atividade. Mas eu considero errado que hoje eu esteja sendo sacrificado e não os corruptos. Eu só identifico como possível erro o fato de não ter convocado uma entrevista coletiva para mostrar a fita - disse.

14/03/2001

Agência Senado


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