Lula parte para ofensiva contra PSDB









Lula parte para ofensiva contra PSDB
Petista começa a perceber que se ficar só na defensiva será prejudicado pela máquina

SÃO PAULO - Deixando de lado a postura paz e amor que vem apresentado em entrevistas e em comícios, o candidato petista à Presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva começou ontem a responder, através do seu site na internet (http://www.lula.org.br), os ataques promovidos pelo adversário tucano José Serra.

O site do petista lançou ontem uma série, intitulada Herança Tucana, que aponta as falhas do Governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, ao qual Serra é ligado. O objetivo da série, pelo menos nas palavras do texto do site, é fazer "um balanço dos dois mandatos do presidente Fernando Henrique para contribuir com o debate na sucessão presidencial de 2002, mostrando o que é necessário para fazer o Brasil voltar a crescer, com emprego e justiça social".

O que se vê no conteúdo dos textos, no entanto, são críticas ácidas a FHC. Parece que o petista começa a perceber que se ficar só na defensiva, poderá ser prejudicado pela máquina governista. Entre as críticas a FHC da série, destaca-se uma notaque diz que o próprio presidente confessou, na última quinta-feira em pronunciamento no Palácio do Planalto, que o desemprego quase dobrou nos seus oito anos de Governo.

Segundo a nota, a afirmação do presidente de que houve uma evolução positiva da ocupação no Brasil de 1999 para 2001, de 73,3 milhões a 75,4 milhões de trabalhadores, "contém uma meia verdade". "A população ocupada aumentou em números absolutos, citados por FHC, mas, de acordo com os dados da PNAD publicados pelo jornal O Estado de S.Paulo, o percentual de pessoas empregadas com 10 anos ou mais caiu de 57,3% em 1993 para 55,1% em 1996, segundo ano do mandato de FHC, para baixar ainda mais em 2001, para 54,8%.

O site de Lula ainda traz uma nota dizendo Serra tem divulgado informações distorcidas na internet. Entre as distorções, o texto refere-se à nota divulgada no site oficial do tucano, na semana passada, que alega que a idéia original do programa Primeiro Emprego, exibido no programa eleitoral de Lula na TV, foi elaborada pelo Instituto Sérgio Motta e divulgada na revista Primeira Leitura, do ex-ministro de FHC Luiz Carlos Mendonça de Barros, em novembro de 2001, sugerindo que o petista copiou a idéia.

Segundo a página e Lula, "esse não é absolutamente o caso, pois, desde 1999, o Estado do Rio Grande do Sul tem em andamento programas dessa natureza e a Prefeitura de Ribeirão Preto (SP), desde de agosto de 2001, apenas para citar dois exemplos ( as duas administrações são do PT).


Serra omite bens à Justiça Eleitoral
BRASÍLIA - Em dois de julho passado Serra entregou ao TRE de São Paulo uma lista com a relação de todos os seus bens. No total, o patrimônio do ex-ministro da Saúde é de R$ 603.744,25. Mas a lista apresentada por Serra que deveria ser espelho de todos os seus bens - não é fiel à realidade patrimonial de Serra. A declaração omite a compra de dois imóveis no valor de R$ 125.146,94 e uma sociedade com a filha, Verônica Allende Serra, na empresa ACP Análise da Conjuntura Econômica e Perspectivas Ltda.

A sede da ACP, penhorada pela Justiça desde 1999, é uma casa com 180 mts, localizada no número 1020 da Avenida Simão, na Vila Madalena, em São Paulo. Nela funcionou o comitê de campanha do ex-ministro da Saúde ao Senado, em 1994, e à Prefeitura de São Paulo, em 1996. Embora criada em novembro de 1993, a ACP também esteve ausente das declarações de Serra à Justiça eleitoral em 1994 e 1996. A declaração de bens é uma exigência legal feita a todos os candidatos.

Serra e Preciado foram sócios num terreno no bairrodo Morumbi, em São Paulo, vendido em 25 de abril de 1995. Mas o candidato sempre negou qualquer outro vínculo comercial com o dono da Gremafer. Segundo a assessoria de Imprensa do candidato, a relação entre a ACP e a Gremafer restringiu-se a uma operação de aluguel transparente entre inquilino e senhorio.

Mas com a ACP ainda existindo legalmente e sediada num imóvel que até ser penhorado pertenceu à Preciado, Serra reaparece ligado a alguém investigado pelo Ministério Público Federal. Preciado é apontado pelo Ministério Público como beneficiário de uma série de operações bancárias suspeitas (empréstimos, perdões e rolagens de dívidas) que causaram um suposto prejuízo ao Banco do Brasil superior a US$ 60 milhões, segundo investigações dos procuradores.

O procurador da República no Distrito Federal, Luiz Francisco de Souza adiou para hoje o ajuizamento do processo, na Justiça Federal, contra o ex-diretor do Banco do Brasil (BB) Ricardo Sérgio Oliveira, o ex-presidente do BB Paulo Cézar Ximenes, o empresárioWladimir Antônio Violi e Gregório Marín Preciado, marido de uma prima de José Serra.


Comando serrista se réune amanhã
BRASÍLIA - O principal objetivo da reunião que o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, fará na amanhã com seus coordenadores de campanha e lideranças partidárias é afinar o discurso para alertar o eleitorado dos riscos de uma eventual vitória de Lula, no primeiro turno. Preocupado com o crescimento de Lula nas pesquisas e o baixo desempenho eleitoral de Serra, o comando da campanha tucana vem reforçando as críticas a Lula.

Os tucanos pretendem insistir que o petista não tem preparo e experiência administrativa para assumir o cargo de presidente. Além dos políticos e candidatos da coligação PSDB/PMDB aos governos estaduais, a reunião do comando da campanha de Serra contará também com a presença dos publicitários Nizan Guanaes e Nelson Biondi, e do especialista em pesquisas, Antonio Lavareda.

Integrantes do comando da campanha tucana consideram estranhas as especulações de que o candidato, ao contrário de Lula, não tem crescido nas pesquisas de intenção de votos, pois as informações disponíveis são de que Serra vem melhorando eleitoralmente em muitos Estados.

Por isso, o encontro de amanhã servirá para afinar o discurso, com ênfase ao "despreparo administrativo" de Lula. Os tucanos vão reforçar também a tese de que, se eleito, o petista não terá maioria parlamentar para governar. Pimenta da Veiga disse ficar "assombrado" com a possibilidade de Lula vir a governar o País.


Dólar fecha em alta de 1,8%
Expectativa do mercado é que o IPCA suba 6,6% neste ano, segundo pesquisa do BC

SÃO PAULO - O dólar iniciou a semana em alta de 1,80%, vendido a R$ 3,217. A moeda norte-americana atingiu ontem seu maior valor em um mês e meio. O risco-país brasileiro, calculado pelo banco JP Morgan, fechou em 1.782 pontos, com alta de 3,7%.

A especulação eleitoral voltou a dar o tom às negociações. Na semana passada, o assunto havia sido colocado de lado, diante dos temores mundiais devido à celebração de um ano dos atentados nos Estados Unidos.

A preocupação ficou centralizada no cenário externo, uma vez que havia o temor de novos ataques terroristas. A atenção no cenário interno teria ocorrido após o vazamento ao mercado o resultado de pesquisa de intenção de voto realizada pelo Ibope, cuja divulgação está prevista para hoje.

A sondagem apontaria novo crescimento do candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, na preferência dos eleitores. Lula teria subido para uma percentagem entre 41% e 44%, dependendo da versão apresentada pelos operadores. Dessa forma, o candidato de oposição venceria a corridapresidencial já no primeiro turno, em 6 de outubro.

O candidato do Governo, José Serra (PSDB), teria se estabilizado em torno dos 19%, em segundo lugar. Ciro Gomes (PPS) teria caído para a quarta colocação, com Anthony Garotinho (PSB) assumindo a terceira.

O mercado é avesso a mudanças e sempre tende a apoiar o candidato do atual Governo, em um ano eleitoral. O fato de um nome da oposição, que representa, na avaliação do mercado, mudanças na atual política econômica, ter chances de vencer a disputa, sem a necessidade de haver um segundo turno, foi utilizado como uma desculpa para a especulação com a moeda dos Estados Unidos.

Levantamento feito pelo Banco Central com bancos e empresas de consultoria mostra que os investidores continuam pessimistas em relação à trajetória da inflação e do dólar nos próximos meses.

Segundo a pesquisa, a expectativa do mercado é que o IPCA - índice que serve de referência para as metas de inflação do Governo - suba 6,6% neste ano. Na semana passada, o mesmo levantamentoapontava para uma alta de 6,51%. A meta do Governo é de 3,5%, com margem de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. No acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional), o IPCA poderá chegar a 9% neste ano.

As expectativas para a inflação de 2003 também pioraram. A projeção do mercado para o IPCA do ano que vem passou de 5% para 5,2%. A meta do Governo para o período é de 4%, com margem de tolerância de 2,5 pontos percentuais.

A pesquisa também mostra que o mercado está um pouco mais pessimista em relação ao comportamento do dólar até o final do ano. A estimativa é que a cotação da moeda dos EUA chegue a R$ 2,86 até dezembro. Embora mais baixa do que a cotação atual, a projeção desta semana é maior do que os R$ 2,80 esperados até a semana passada.

O levantamento do BC mostra ainda que o mercado espera uma redução dos juros. A taxa Selic, atualmente em 18% ao ano, chegaria a 17% até o final do ano.


FGTS vai poder abater saldo devedor
O Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) pode ser usado para abater o saldo devedor da casa própria. Apesar dessa regra constar entre as estabelecidas pelo Conselho Curador do FGTS e não se tratar de nenhuma novidade, o industriário Júlio Soares Primo teve que ingressar com uma ação na Justiça Federal de Minas Gerais para que a Caixa Econômica Federal (CEF) aceitasse fazer a amortização da dívida com recursos de sua conta de FGTS. A Associação Brasileira dos Mutuários da Habitação (ABMH) alega que pelo menos 40% dos mutuários que têm empréstimos habitacionais desconhecem esse direito.

"A Caixa, que é a administradora dos recursos do fundo, não tem interesse em fazer essa operação e não divulga. Sem informação, os mutuários não têm como reclamar seus direitos", argumenta o consultor jurídico da ABMH, Rodrigo Daniel dos Santos.

Ele acrescenta que a lei nº 8.036/90 estabelece que os mutuários do Sistema Financeiro da Habitação (SFH) podem sacar o FGTS para comprar, dar como entrada ou mesmo amortizar as prestações dos financiamentos.

Para isso há regras, também estabelecidas pelo Conselho Curador, que os mutuários têm que cumprir. Entre elas a que para usar o saldo da conta ele precisa ter, no mínimo, três anos de contribuição. Além disso, não pode ser dono de outro imóvel e nem ter realizado saque na conta nos últimos dois anos. "Esse mutuário que moveu a ação se enquadrava nesses requisitos. Mesmo assim a instituição financeira não queria liberar o dinheiro para amortização da dívida", ressalta Santos.

De acordo com ele, o banco só cumpriu a lei depois da determinação do juiz federal da 13ª Vara de Belo Horizonte (MG), Gregório Carlos dos Santos. Em sua decisão o juiz declarou que as regras do Conselho Curador tinham que ser aplicadas. "Essas pessoas que têm contratos habitacionais e recursos na conta do FGTS para abater a dívida e não conseguem efetuar a operação, devem procurar a Justiça", recomenda o consultor. Ele lembra que a ABMH presta atendimento gratuito aos mutuários.

A decisão do Superior Tribunal de Justiça , que estabeleceu o Bônus do Tesouro Nacional Fiscal como o índice usado para corrigir o saldo e as prestações dos contratos baseados na variação da caderneta de poupança, a favor do mutuário que moveu uma ação, já levou mais de 10 mil pessoas à ABMH. Todos querem ingressar com ação na Justiça para ter o mesmo direito. De acordo com a associação a decisão representa uma redução de até 70% no saldo devedor e nas mensalidades e vai beneficiar 1 milhão de mutuários em todo o País.


Gás é vendido por até R$ 15,00
Pesquisa da ANP atesta que botijão vem reduzindo preço após intervenção do Governo

As sucessivas quedas no preço do gás de cozinha (GLP) no Estado depois da intervenção do Governo federal no setor, no início de agosto, já estão fazendo com que o botijão de 13 quilos do produto seja comercializado em alguns postos revendedores do Recife por até R$ 15,00. Um valor que o consumidor da capital pernambucana não via desde agosto do ano passado e que está bem próximo dos R$ 12,75 em vigor no Recife até a liberação dos preços para revenda na Região Nordeste, em maio de 2001.

A comercialização do gás de cozinha na capital praticamente a preço de custo foi detectada na pesquisa semanal da Agência Nacional do Petróleo (ANP), divulgada em seu site (www.anp.gov.br). A queda nos preços vem sendo bastante comemorada pelos consumidores. Mas tem tirado o sono dos revendedores legalizados do Recife. Um comerciante que pediu para não ser identificado disse que tem comprado o botijão da distribuidora por R$ 16,00 e revendido por R$ 17,00.

"O volume das vendas tem semantido na mesma. Mas como o preço está bem mais baixo, acabo tendo prejuízo", disse. De acordo com o presidente da Associação dos Revendedores de GLP (Associgás), Alberto Martins, a guerra de preços entre as companhias distribuidoras para ampliar o volume de venda é o principal motivo das reduções. "Depois que o Governo mandou baixar os preços, elas começaram a guerra, que teve um efeito em cascata. Agora perdemos nós revendedores e as companhias", garante.

Segundo a pesquisa da ANP, a margem média de lucro dos revendedores do Estado por botijão está em apenas R$ 0,23, a menor do País. Realizado entre os últimos dias 8 e 14, o levantamento também aponta que o valor médio cobrado pelo botijão no Recife foi de R$ 21,71. A média de R$ 21,71 por botijão também é a mesma do Estado, segundo a pesquisa. Esse valor faz com que o produto comercializado em Pernambuco continue como o de menor preço em todo o País. Na comparação com o início de agosto, a queda acumulada já chega a 13%.

O primeiro lugar no ranking nacional já havia sido conquistado pelo Estado na semana anterior (entre o 1º e 7º), quando o preço médio do botijão ficou em R$ 21,89. Ainda de acordo com a mais recente pesquisa da ANP, o preço médio do botijão no País ficou em R$ 23,40 na semana passada. Nos últimos 30 dias, foi registrada uma queda de 7,95%.


Artigos

Sobre piratas e agiotas
Leonardo Guimarães Neto

Imagine uma situação na qual uma frota comandada por piratas ou corsários, no Século XVII ou XVIII, depois de ocupar uma pequena colônia, localizada numa ilha do Atlântico Sul, e de subjugar o seu governo, com auxílio de colaboradores internos, estabeleça um alto preço pela liberdade dos ilhéus. Imagine, ainda, que o preço da liberdade consistisse na participação, dos invasores, numa parcela dos impostos cobrados que representasse 1/3 da receita do governo central da pequena colônia. E que por dezenas e dezenas de anos, esta cobrança se repetisse, podendo o montante do compromisso aumentar dependendo dos riscos e fundamentos da economia da ilha e dos preços de sua moeda, relativamente à libra esterlina, que é a moeda de referência dos piratas ou corsários. Não resta dúvida que isto representaria uma grande pilhagem, inaceitável pelos habitantes da ilha, sobretudo em razão da carência de infra-estrutura econômica, d a precariedade dos serviços e das desigualdades sociais da colônia e da sua estagnação econômica. Sem considerar a sua contribuição obrigatória, como colônia, para o enriquecimento da sua metrópole.

Pois bem, sem frota invasora de corsários ou piratas, nem batalhas, a situação imaginária da ilha tropical de séculos passados tem semelhanças com o Brasil atual. A dívida pública brasileira representa, hoje, mais de 60% do produto e implica o pagamento anual, a título de serviços da dívida, valor de iguais proporções ao cobrado pelos invasores da ilha imaginária. Na proposta orçamentária para 2003, os juros nominais previstos representam 4,8% do produto, ou seja R$ 67,5 bilhões (existem estimativas de R$ 109 bilhões de pagamento de tais serviços em 2001), valor que é menor somente do que o pagamento com os funcionários públicos e os seus encargos (R$ 74,4 bilhões) e que os benefícios da previdência (R$ 97,9 bilhões). Saindo do mundo das previsões orçamentárias, que nunca coincidem com as despesas efetivas, pode-se recorrer a estudos que analisaram a questão, como o doInesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos). De acordo com este instituto, em 1999, os encargos financeiros da dívida pública alcançaram R$ 58 bilhões. Na comparação com os gastos federais com saúde (R$ 15 bilhões), com ensino fundamental e superior (R$ 12,4 bilhões) e com a reforma agrária (R$ 705 milhões), tais encargos representaram 3,9 vezes o gasto em saúde, a 4,7 vezes o que se gastou no ensino fundamental e superior, e 82,3 vezes o gasto no badalado programa de reforma agrária. Sobre este último, a publicidade oficial (e eleitoral) assinala ser o maior programa de reforma agrária do Mundo.

O que é pago em tais encargos da dívida falta aos programas sociais e econômicos. Não é sem razão (i) que as filas nos hospitais e em outras instituições de atendimento de saúde ampliam-se a cada dia diante da precariedade dos programas de saúde, (ii) o lugar vergonhoso que o Brasil ocupa no contexto latino-americana relativamente ao ensino fundamental ao lado da quase falência das universidades públicas e (iii)o fato de o movimento dos sem-terra estar freqüentemente pressionando para que as metas prometidas sejam cumpridas. Enquanto isto, no topo da pirâmide social e econômica estão os beneficiários da grande pilhagem a que se assiste hoje não só no Brasil, mas em grande parte dos países subdesenvolvidos. É evidente que não se trata mais de corsários e piratas nos seus navios a vela, botas, espadas e ganchos, mas de respeitáveis executivos, bem vestidos, com acesso diário aos meios de comunicação apresentando seus cálculos sobre o risco/Brasil, além das recomendações de política financeira. Dos métodos ilegais, sujos e cruéis dos piratas evoluímos para os métodos legais, limpos e socialmente reconhecidos, dos agiotas, apoiados por governos e pela elite econômica, mas tão violentos quanto os anteriores. É difícil saber qual dos dois grupos foi menos nocivo à Humanidade. Há quem aposte nos piratas.


Colunistas

DIARIO POLÍTICO - Divane Carvalho

Na defensiva
José Serra (PSDB) vai começar a se aborrecer a partir de hoje, quando o procurador da República no Distrito Federal, Luiz Francisco de Souza, entrar com uma ação na Justiça contra o ex-diretor do Banco do Brasil, Ricardo Sérgio Oliveira, o ex-presidente do BB, Paulo Cézar Ximenes, o empresário Wladimir Antônio Violi e Gregório Marín Preciado, acusados de improbidade administrativa. Como Preciado é casado com uma prima do presidenciável tucano, começa aí a confusão para Serra, mesmo que o procurador tenha dito que não há nenhum documento que prove a participação dele nessa história. Esse pode ser o início do calvário do candidato governista, até então fazendo uma campanha leve e solta porque nenhum dossiê havia aparecido para colocá-lo na defensiva. Apareceu. Pois Luiz Francisco acusa Serra de ter omitido nas declarações da Justiça Eleitoral de 1994, 1996 e 2002, e também da Receita Federal, a existência de uma empresa que ele teria tido em sociedade com Violi, um dos citados na referida ação. Tudo isso irritou o candidato que anunciou que vai processar o procurador e o acusou de ser militante do PT. Nada disso alterou a disposição de Luiz Francisco que ironizou a intenção do tucano em processá-lo dizendo que "um bando de gente disse a mesma coisa mas não fez". Como esse escândalo está apenas começando, o jeito é aguardar com muita atenção para ver como é que fica. E com cuidado, porque a temperatura continuará subindo, quanto mais se aproxima o dia da eleição.

Fernando Lyra (PT), ex-deputado e ex-ministro, diz que o programa de Governo do presidenciável tucano José Serra parece mais um programa de auditório "com Gugu Liberato e todos aqueles artistas dançando e cantando na televisão"

Homenagem
Por iniciativa de Marcelo Santa Cruz (PT), a Câmara dos Vereadores de Olinda faz sessão solene, quinta-feira, em homenagem aos 30 anos do Centro de Cultura Professor Luiz Freire. Às 10h, no plenário.

Mistério
Os eleitores de Águas Belas estão completamente desinformados sobre a campanha política, apesar de o município ficar a 314 quilômetros do Recife. Na hora do guia eleitoral, a TV fica fora do ar e não apenas nas casas com antenas parabólicas, naquelas que não têm também. Um mistério, isso.

Audiência 1
O comandante da PM, coronel Iran Pereira (foto), decidiu abrir espaço na sua agenda para receber os praças que tenham problemas pessoais a resolver e dependam para isso de providências institucionais. Até então só oficiais eram recebidos, como determina o regimento interno da corporação.

Audiência 2
A decisão do coronel está na portaria 836, publicada no Boletim Geral da Polícia Militar de 2 de setembro e determina que as audiências sejam feitas às quintas-feiras.

Os praças devem se inscrever para conversar com o comandante no Grupo de Apoio Voluntário da PM. Uma boa iniciativa, essa.

Comício
Apesar de votar em Ciro Gomes (PPS) para presidente, Inocêncio Oliveira (PFL-PE) acompanha Jarbas Vasconcelos no comício desta terça-feira, em Araripina. Depois visita outros municípios do Sertão do Araripe.

Censura 1
Censura prévia no processo eleitoral 2002 é o tema do encontro que se realiza, hoje, às 19h, no Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário Federal que fica na rua do Pombal, 52, Santo Amaro.

Censura 2
Com representantes de sindicatos, organizações não governamentais e entidades da sociedade civil para denunciar o ataque à democracia e defender um Judiciário democrático no pleito deste ano.

Algazarra
Os militantes de Sérgio Guerra, do PSDB (foto), fizeram o maior auê, domingo, no primeiro jardim de Boa Viagem, onde tem um comitê do candidato ao Senado. Os pagodeiros tocaram tanto que deu meia noite e a algazarra não terminava, para desespero dos moradores que precisavam trabalhar no outro dia.


Editorial

TEMPOS DO APOCALIPSE

Armas nucleares podem ser produzidos pelo Iraque dentro de três meses, usando equipamento alemão pirateado e urânio contrabandeado do Brasil, se é que ainda não as produziu. Essa ameaça foi dada em primeira mão por um cientista iraquiano dissidente. Ele advertiu, ainda, que inspetores da ONU seriam inúteis, pois mesmo que eles obtivessem "acesso irrestrito", encontrariam ainda mais dificuldade que antes para detectar a linha de produção nuclear.

Assim, o Mundo está novamente possuído pelo medo do Apocalipse que de há muito se insere na imaginação dos povos. Por outro lado, o paradoxo torna-se concreto quando se sabe que Bagdá recebeu ajuda norte-americana para produção de armas químicas. Isso quem salienta é a revista Newsweek apoiada por documentos obtidos do Departamento de Estado dos EUA.
< BR>No governo Reagan diversos carregamentos da bactéria de produção do antraz foram enviados para Saddam Hussein. A revista cita uma visita de Donald Rumsfeld, em 1983 - então embaixador especial para o Oriente Médio dogoverno Ronald Reagan e que hoje exerce o cargo de secretário de Defesa -, ao presidente iraquiano, ocasião em que ele transmitiu as saudações do presidente dos EUA e expressou seu prazer em se encontrar em Bagdá.

O representante americano estava no país com a missão de oferecer ajuda ao Iraque na guerra contra o Irã. Os EUA temiam que os revolucionários iranianos - que tomaram o poder num golpe contra o xá Reza Pahlevi - dominassem todo o Oriente Médio e suas jazidas de petróleo. Sob protesto de algumas autoridades do Pentágono, o governo Reagan autorizou a venda de uma grande variedade de materiais e equipamentos americanos para serem usados na luta contra o Irã.

Mais: o Mundo tem razão em se amedrontar. De acordo com a Newsweek, também foram incluídas bases de dados computadorizadas para o Ministério do Interior iraquiano, helicópteros para transportar autoridades e câmeras de TV para fins de vigilância. Tudo com a aprovação do Departamento de Estado americano que também aprovou o envio a Bagdá de 1,5milhões de injeções de atropina - para uso contra os efeitos de armas químicas.

No caso brasileiro existe conhecimento prévio de que foi exportado urânio para o Iraque durante mais de dez anos, de 1979 a 1990. O urânio saía das jazidas da extinta Nuclebrás, em Poços de Caldas no sul de Minas, era levado até o Instituto de Estudos Avançados do Centro Técnico Aeroespacial (CTA) de São José dos Campos, e depois embarcado nos portos de Santos e de São Sebastião. Sabe-se, além disso, que em 1981, quando a aviação de Israel bombardeou e destruiu a central nuclear iraquiana de Ozirak, pelo menos 40 técnicos brasileiros haviam deixado aquelas instalações, onde estava sendo construído o primeiro reator do complexo.

O Armagedon profetizado por tantos está próximo de se tornar realidade? Todos têm medo de dizer que sim.

Os EUA sabem muito bem os males que ocasionaram quando ofereceram apoio às tiranias do Oriente Médio, no sentido de defender seus interesses na região. Não é de se estranhar, portanto, a insistência do governo Bush em receber aval do Mundo para atacar o Iraque. Só que o feitiço pode se virar contra o feiticeiro.


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09/17/2002


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