Lula pede voto casado com Humberto e Carlos Wilson









Lula pede voto casado com Humberto e Carlos Wilson
Presidenciável faz apelo emocional para uma nova “onda vermelha” no Estado e pede o voto casado, destacando o senador Carlos Wilson

CARUARU – Recriar a onda vermelha que levou João Paulo à Prefeitura do Recife. Foi esse o apelo principal da passagem do presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva pela cidade de Caruaru, ontem. A defesa do “voto casado” na majoritária petista e no senador Carlos Wilson (PTB), que disputa a reeleição, foi o tema de todos os discursos no comício realizado no município. Lula fez um apelo emocionado para que os pernambucanos não permitissem que o governador-candidato Jarbas Vasconcelos (PMDB) e o vice-presidente da República, Marco Maciel (PFL), fossem eleitos. O desafio, segundo Lula, faz parte do conjunto de articulações essenciais para viabilizar um potencial Governo petista na Presidência. O prefeito João Paulo esteve presente à visita.

Apesar dos impedimentos da legislação eleitoral, em decorrência da verticalização, o senador Carlos Wilson foi conduzido pela militância e subiu no palanque petista. O petebista foi saudado com entusiasmo pelo público e pelas lideranças políticas presentes. Sua apresentação acabou ganhando mais destaque que a do próprio candidato petista ao Senado, o vereador do Recife Dilson Peixoto.

Durante os dez minutos em que esteve no palanque, Carlos Wilson foi cumprimentado, deu autógrafos e recebeu inúmeros beijos e abraços, mas não discursou. Ao deixar o local, o senador foi aplaudido pelo público. Mas nem sua saída do palco fez com que o destaque dado ao seu nome fosse menor, já que a cada novo pronunciamento, ele era novamente citado como peça essencial para o apoio a um futuro Governo petista.

ALERTA – O candidato do PT ao Governo do Estado, Humberto Costa, também mandou um recado direto aos eleitores, em defesa do voto casado. “Peço aos pernambucanos que não se impressionem com pesquisas eleitorais. O importante é que vocês tenham a consciência de que Lula precisa de governadores, senadores e deputados que estejam comprometidos com seu projeto de governo. Ou vocês acham que Marco Maciel, Jarbas Vasconcelos, Sérgio Guerra e toda aquela corja com que eles andam vão ajudar Lula? Eles vão é instituir um boicote sistemático na tentativa de inviabilizar a gestão do PT porque para eles nosso partido é um inimigo mortal”, disparou Humberto.

Outra preocupação petista é a mobilização para a conquista das eleições ainda no 1º turno. “Sabemos que isso é possível. Não está certo, mas é possível e é isso que nos deixa mais animados para continuar o trabalho”, afirmou Dilson Peixoto.

Além dos apelos pelo voto casado, Lula fez uma explanação geral sobre seu programa de governo e os planos de investimento na região Nordeste. Bem humorado, o candidato petista brincou na hora de saudar os presentes e apresentou sua esposa, Marisa, como sua “galega".

De acordo com a organização do evento, cerca de 15 mil pessoas participaram do comício. Grande parte do público era formada por trabalhadores rurais e integrantes dos movimentos de luta pela terra da região. Centenas de bandeiras, faixas e balões transformaram o local em uma onda vermelha e branca.


Serra prepara ofensiva contra Lula
Os tucanos querem conduzir candidato do PT para o terreno mais técnico do embate eleitoral, onde, aposta-se, o petista deverá mostrar despreparo

BRASÍLIA – “A nova realidade é Lula versus Serra e é diante deste fato consumado que se vai trabalhar”, disse ontem o coordenador político da campanha tucana, deputado Pimenta da Veiga (PSDB-BA). Mas este parece ser o único ponto sobre o qual não há polêmica nem discordância na campanha tucana. Embora o próprio candidato José Serra e seu site na Internet não economizem ataques ao petista Luiz Inácio Lula da Silva, Pimenta desaconselha a tática do tiroteio, seja contra Ciro Gomes (PPS) ou Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Ao mesmo tempo, porém, aliados como o líder do PSDB na Câmara, Jutahy Júnior (BA), recomendam a escalação do time que ficará na linha de frente dos ataques, poupando Serra, que ontem fez campanha em Cuiabá, Mato Grosso. No confronto com o PT, o líder tucano no Senado, Geraldo Melo (RN), resume a principal preocupação de políticos e marqueteiros: tentar manter em alto nível a polarização com o petista, explorando as contradições entre o discurso do adversário e a prática do PT.

“É indispensável que a sociedade saiba o que Lula pensa e o que realmente fará caso seja eleito”, diz Melo, certo de que há uma diferença enorme entre o adversário produzido pelo marqueteiro Duda Mendonça e o candidato que representa a história e as teses do PT nos últimos 20 anos.

“Naturalmente, o embate a partir de agora será com Lula, porque Serra já está no segundo turno”, avalia o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), convencido de que esta é uma boa tática para manter a vaga no segundo round da disputa. “Mas o Serra não deve se meter na polêmica com o Ciro”, emenda o líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA).

O próprio Serra vinha seguindo esta linha em relação a Ciro. Foi assim na viagem do fim de semana ao interior da Bahia, onde desdenhou o adversário, dizendo que dali em diante só trataria de seu programa de governo, e não de programa de insultos.

Desentendimentos à parte, não se fala em abandonar a estratégia inicial, sustentada sobre um tripé: o programa eleitoral no rádio e na televisão, para crescer popularmente, a proposta de governo detalhada, centrada no emprego para mostrar que o eventual Governo Serra terá um foco, a exploração da figura do candidato como homem preparado e de palavra.


PFL articula estratégia para 2º turno
BRASÍLIA – A decisão do ex-senador Antonio Carlos Magalhães (BA) de votar em Luiz Inácio Lula da Silva, na hipótese de o segundo turno da eleição presidencial ser decidido entre o petista e o tucano José Serra, deverá ser imitada no PFL apenas pela ex-governadora Roseana Sarney. A ala que hoje apóia o candidato da Frente Trabalhista, Ciro Gomes, comandada pelo presidente do partido, Jorge Bornhausen (SC), votará em Serra caso este seja um dos vitoriosos em 6 de outubro. Será o voto já denominado de anti-Lula pelo próprio Bornhausen.

A certeza do voto contra Lula poderá levar setores do PFL a se movimentarem em direção à candidatura tucana ainda no primeiro turno das eleições. Pelo menos essa é a expectativa dos aliados de Serra.

Prevendo que, em qualquer situação, o PFL teria de se mobilizar para evitar um racha, a executiva nacional do PFL marcou para o dia 10 de outubro, quatro dias depois do primeiro turno, uma reunião para definir o rumo da pefelândia no segundo turno.

Bornhausen tem duas preocupações: evitar a divisão partidária e manter pelo menos parte da fatia de poder que hoje tem no partido e que, com certeza, será reduzida, caso Serra passe para o segundo turno.

Ele perderia espaço, por exemplo, para a ala comandada pelo vice-presidente Marco Maciel, que apóia Serra. Para evitar novos desgastes no partido, Bornhausen inicia hoje pelo Maranhão uma série de visitas.


Arraes é contra renúncia de Ciro e Garotinho
O ex-governador Miguel Arraes afirmou, ontem à noite, que uma iniciativa de renúncia da candidatura de Ciro Gomes (PPS) ou de Anthony Garotinho (PSB) para ajudar o presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a derrotar o tucano José Serra no primeiro turno somente iria fortalecer o candidato governista. Segundo Arraes, “voto não é um ato mecânico”, que garanta o apoio imediato dos eleitores do desistente ao petista.

“Se Ciro sair, não será automática a adesão a Lula”, ressaltou o soci alista, no jantar de adesão à sua candidatura a deputado federal, no Spettus.

A declaração de Arraes foi dada em resposta às especulações de que representantes de Ciro e de Garotinho articulavam a unidade com Lula ainda no primeiro turno, de modo a evitar o crescimento Serra. Arraes disse que a campanha está na metade, e que o quadro eleitoral não está definido. O presidente nacional do PSB revelou que, na sua avaliação, Lula não ganha no primeiro turno. Por isso, não vê motivo para se falar em retirada de candidaturas, em apoio ao candidato da oposição melhor posicionado.

Considerando que não há razão para posição precipitada, Arraes declarou que “não se pode ter um plano B, antes de se ter o resultado do plano A”.

O líder socialista, ao analisar a luta do governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) e do candidato ao Senado Sérgio Guerra (PSDB), no TRE, para impedir denúncias da oposição no guia eleitoral, não perdoou o peemedebista. Arraes acusou Jarbas de “autoritário”. “Ele sempre foi autoritário. É da natureza dele. Não é questão de estar, mas de ser”, fez o trocadilho.

Recebido com aplausos e músicas de campanhas anteriores, por 499 pessoas que adquiriam os convites (520, no total), Arraes destacou que, apesar do pouco espaço de tempo das oposições no guia, o interesse de Jarbas é que “não haja debate”, o que, no seu entendimento, o fará avançar ainda mais. “É uma tática dele”, assinalou.

O líder do PSB disse que a candidatura de Dilton da Conti, que ainda não conseguiu pontuar nas pesquisas, “é importante para os socialistas firmarem uma posição, na eleição estadual”. Indiretamente, o socialista admitiu que o nome de Dilton visa só a “marcar posição”. “Defendemos a unidade, mas não foi possível”, argumentou. Arraes revelou, também, que há uma tendência, em grande parte da população, em adotar a postura de não querer perder o voto. “Aí vota-se em quem parece que vai ganhar. Na hora que houver uma tendência contrária, esse voto muda.”


11 de Setembro leva tensão ao mercado e dólar fecha em alta
SÃO PAULO - A entrada de dólares no mercado cambial registrada na última segunda-feira não se repetiu ontem, e a moeda norte-americana subiu 1,13%, para R$ 3,137. A baixa liquidez continuou durante todo o dia. A avaliação entre analistas de mercado era uma só: às vésperas do 11 de setembro, quando completa um ano dos ataques terroristas aos Estados Unidos, ninguém estava disposto a vender dólares.

Além de o dia ter sido de expectativas e incertezas relacionadas ao cenário internacional, com a possibilidade, também, da guerra entre os Estados Unidos e o Iraque, hoje é o dia do vencimento de cerca de US$ 2 bilhões em títulos cambiais do Governo. Do total, 89,7% foram rolados. Os 10,3% restantes serão resgatados hoje, e as instituições que detêm esses contratos iniciaram um movimento de pressão sobre o dólar para influenciar na formação do Ptax (preço médio medido pelo BC diariamente) de ontem.

O título cambial paga juros mais a variação do dólar em determinado período. Quanto maior o valor do dólar e, conseqüentemente, do Ptax , maior a diferença a ser recebida pelos investidores.

Para o restante da semana, o dólar pode continuar pressionado.De acordo com os cálculos do mercado, há o vencimento de US$ 600 milhões em dívidas de empresas.

Até a semana que vem, estariam concentrados US$ 300 milhões. Logo, as instituições estariam começando a fazer compras da moeda norte-americana para honrar seus compromissos.

A falta de crédito atinge o País há vários meses, devido ao ano eleitoral e à aversão mundial ao risco após as fraudes cometidas por empresas norte-americanas.

O cenário eleitoral continuou presente entre as mesas de operação hoje. A divulgação das pesquisas eleitorais teve um impacto ambíguo no mercado.

Por um lado, agrada aos investidores o isolamento de José Serra (PSDB) em segundo lugar. Mas preocupa o crescimento de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a possibilidade de que ele vença a eleição já no primeiro turno.

“Ainda assim, acredito que o cenário político ficou mais positivo aos olhos do mercado”, afirma Wilson Ramião, do Lloyds TSB. “Há a possibilidade de um candidato da oposição e o candidato do Governo irem para o segundo turno. Antes se falava na ida de dois candidatos da oposição”, completou. De acordo com as últimas pesquisas, Ciro Gomes (PPS) está empatado tecnicamente com Anthony Garotinho (PSB). Ambos em terceiro lugar.


Artigos

Alerta de muita valia
Fernando Antonio Gonçalves

Passadas as eleições de outubro, uma emergência se impõe: a de reforma política brasileira, para a ampliação da cidadania pátria. O futuro do país está a exigir um quadro partidário mais consistente, com ideários desmitificantes, com pano de fundo que foi definido pelo Herbert de Souza, o Betinho: “Para mim, mais importante que o Estado é a sociedade, mais importante que qualquer governo é a ação da cidadania.

Este é o meu credo. Entre o presidente e o cidadão, fico com o cidadão. Meu antiestatismo não tem a mesma origem do pensamento neoliberal. Sou crítico do Estado porque quero democratizá-lo radicalmente, submetê-lo radicalmente ao controle da sociedade, da cidadania. Não quero o presidente, mas o cidadão. Não quero o salvador, mas o funcionário público eleito para gerenciar o bem comum”.

Na perspectiva do Betinho, todo cuidado é pouco com as leituras tronchas que apontam como positivo tudo aquilo que é proveniente da sociedade civil, as coisas do Estado sendo marcadas como negativas. A expressão “sociedade civil” está sendo utilizada com significados os mais diferenciados possíveis. É preciso perceber que “a formação de uma sólida e autônoma sociedade no Brasil só poderá surgir do amadurecimento das liberdades democráticas, da elevação sociocultural das massas, da vontade coletiva e da iniciativa de muitas forças sociais organizadas, sem recorrer a métodos demagógicos e a mitos totalitários”, segundo Giovanni Semeraro, autor do livro Gramsci e a Sociedade Civil, editado pela Vozes.

Depois de outubro, que se ampliem as alianças contra uma política governamental que, a partir de 1995, mediocrizou a economia, esfrangalhou o social, obsoletou o serviço público e ampliou a vulnerabilidade externa do país. Torna-se imperioso o estudo das causas de favoreceram a inserção internacional passiva do Brasil, diferentemente na China, hoje a economia de maior eficiência dinâmica do planeta.

Para exemplificar, no item participação percentual no comércio mundial, exportação de manufaturados, anos 1980 e 1999, os dados do Brasil são, respectivamente, 0,70 a 0,61, enquanto os dados da China são, para os mesmos anos, 0,80 e 4,11. E para acentuar a “africanização” brasileira, ressalte-se que a participação da renda do grupo 1% mais rico aumentou de 13,5%, em 1996, para 13,9% em 1997, o número de pobres passando de 50,2 milhões, em 1995, para 53.1 milhões em 1999.

A partir de 1995, o Brasil tem sofrido uma crescente “africanização”, adjetivação dada por Reinaldo Gonçalves, ganhador no Prêmio Jabuti 2001, na área de Economia. No seu livro Vagão Descarrilhado, ele identifica os cinco processos dessa “africanização” iniciada em 1995: desestabilização macroeconômica (crescimento medíocre da renda per capita, desemprego elevado, degradação das contas públicas, déficit crônico do balanço de pagamentos), desmonte do aparelho produtivo (taxas decrescentes e baixos investimentos, desnacionalização, desaparecimento do sistema nacional de inovações), esgarçamento do tecido social (miséria, pobreza, violência, aumento do consumo de drogas, tensão e desigualdade), deterioração política e institucional (meios de comunicação, polícia, forças armadas, judiciário, partidos políticos) e perda de governança (incompetência, má gestão, perda de legitimidade e corrupção).

A subsaarização do Brasil, a partir de 1995, não deve ser somente atribuída ao presidente FHC, mas sim a todos aqueles que do seu ministério participaram, pouco adiantando, hoje, se passarem por cordeirinhos de olhinhos cândidos.

Votar bem é contribuir para a cidadanização do todo. Sem ufanismos messiânicos, nem maniqueísmos cavilosos. Voto nulo ou branco é um desserviço ao Brasil, um modo de ser ajumentado com um título de eleito nas mãos.


Colunistas

PINGA FOGO – Inaldo Sampaio

No rumo certo
Lula chegou ontem a Pernambuco para participar de manifestações políticas em Caruaru e no Recife no melhor momento de sua campanha. Três pesquisas divulgadas no dia anterior (Sensus, Ibope e Datafolha) apontam sua ascensão na preferência do eleitorado, bem como o seu favoritismo absoluto num eventual segundo turno contra qualquer dos três adversários. Isso é a prova insofismável de que ele estava absolutamente certo quando defendeu a aliança com o PL e o senador mineiro José Alencar para ser seu candidato a vice.

É verdade que nessa primeira fase da campanha o candidato do PT foi muito poupado pelos seus principais adversários, como também não é menos verdade que ele abrandou o seu discurso em relação ao governo de Fernando Henrique e não atacou os opositores. Contudo, isso faz parte da estratégia da campanha. O “Lula versão 2002” já tem uma imagem consolidada como opositor do governo e do regime, cabendo-lhe tão somente nessa quarta disputa presidencial apresentar-se ao eleitorado com um programa de governo factível.

Há indícios de que José Serra partiria para cima dele, agora, após ter deixado Ciro para trás. Mas o que ele poderia dizer de Lula que já não foi dito nas campanhas passadas? Do PT, sim, de Lula, não.

Sob ameaça
O deputado Carlos Lapa, líder do PSB na Assembléia Legislativa, reforçou sua segurança pessoal. É que o capitão PM José Pires, candidato a deputado pelo PSD e seu principal adversário político no município de Carpina, assumiu um compromisso público: “quebrar a cara dele (deputado) e do radialista J. Cândido, em praça pública, até o dia da eleição”. Faz exatamente três dias que o militar está à procura do deputado “para um acerto de contas” e não o encontra.

Campanha caseira
A queda de Ciro nas pesquisas está sendo atribuída pelo PFL à “natureza doméstica” da campanha. Além de ter introduzido os irmãos Cid e Lúcio no centro das decisões, bem como o cunhado Einhart Jácome no comando do guia eleitoral, ele tem no economista cearense Mauro Benevides Filho o seu principal assessor para assuntos econômicos.

Ao ninho antigo
Jorge Bornhausen já comunicou ao amigo José Jorge (PE), que é o 1º vice-presidente do PFL: se Ciro não for para o 2º turno a sua tendência é ficar com Serra. Espera levar consigo as “ovelhas desgarradas” Joaquim Francisco e Inocêncio Oliveira, que apostaram suas fichas no candidato do PPS e se decepcionaram com a campanha dele.

Ex-prefeito de Triunfo na quota do líder do PFL
Inocêncio Oliveira (PFL) voltou de um périplo pelo interior “absolutamente convencido” de que elegerá cinco deputados estaduais. Um deles, segundo garantiu, será o ex-prefeito de Triunfo Eduardo Melo (PSD).

Pausa no interior para buscar votos na capital
Osvaldo Coelho (PFL) interromperá na próxima 3ª feira a sua campanha no vale do São Francisco para vir abraçar os amigos na capital. A partir das 19h, estará oferecendo um coquetel para convidados na Arcádia (Boa Viagem).

Fora da disputa
A partir desta 4ª feira não haverá mais guia eleitoral de Maurílio Ferreira Lima. Ele chegou a registrar sua candidatura à Câmara Federal e a gravar depoimentos para o horário da TV. Mas acabou chegando à conclusão de que remava contra a maré. Sem condições de competir com os “endinheirados” da aliança, desistiu.

Anos de chumbo
Além do retorno da “censura prévia”, há um outro fato igualmente grave em Pernambuco diante do qual a própria Assembléia Legislativa silenciou: a queixa-crime que Jarbas Vasconcelos move no TRF da 5ª região contra Paulo Rubem (PT). O deputado foi notificado anteontem para apresentar defesa prévia.

Depois da reação indignada do presidente Antonio Camarotti espera-se que o TRE-PE suprima definitivamente de suas decisões aquilo que só se viu por aqui durante o regime militar: a censura prévia. Afinal, quando a Justiça Eleitoral ocupa mais espaço na imprensa do que a própria campanha que ela fiscaliza não é um bom sinal.

Com base em pesquisas qualitativas, o marqueteiro Marcelo Teixeira (Makplan) aposta até a alma como Carlos Wilson e Dílson Peixoto serão eleitos senadores. Para ele, “não cabe na cabeça de ninguém” que o eleitor de Lula, que lidera as intenções de voto em Pernambuco, vá votar em Maciel e Sérgio Guerra.

O comando da campanha de Sérgio Guerra (PSDB) está num dilema: até onde deve ir o “bombardeio” contra a candidatura de Carlos Wilson (PTB). É que há um precedente na própria campanha presidencial: o guia de Serra feriu Ciro de morte mas os pontos que ele perdeu não foram para o tucano, e sim para Lula e Garotinho.

Para Maurílio Ferreira Lima, Ciro Gomes arranjou tantos inimigos nessa campanha eleitoral que logo depois do segundo turno será um homem só. “Vai chegar o momento que ele vai ter que dar bom dia a jegue pois não achará sequer um correligionário capaz de estender-lhe a mão”, diz o ex-deputado do PMDB.


Editorial

UMA TRAGÉDIA ANUNCIADA

O que aconteceu nos Estados Unidos há exatamente um ano nos traz à memória a invasão de Roma pelos bárbaros; os monumentos de uma das maiores civilizações antigas sendo atacados e destroçados por hordas à margem da civilização. A destruição das torres gêmeas do World Trade Center e de uma ala do Pentágono, por terroristas que podem ser vistos como os bárbaros de hoje, atingiram símbolos da civilização americana e de seu poderio bélico, herdeiros atuais do Império Romano.

Além de ferir no peito o povo americano, pela primeira vez atacado tão duramente em seu território continental, a tragédia atingiu a alma do mundo inteiro, de todos os democratas e humanistas, daqueles que acreditam que o ser humano tem o direito de viver e ser feliz, e o dever de deixar os outros viverem.

O que aconteceu no dia 11 de setembro do ano passado transpôs para a realidade as mais imaginosas ficções de Hollywood, e comprovou que mesmo as potências mais fortes e bem-armadas são frágeis diante do terror cego e fanático, que se esconde na sombra e ataca em qualquer parte. A reação do Governo americano foi dura e implacável, mas não atingiu seus objetivos de capturar os mentores dos ataques suicidas; e nem sequer conseguiu comprovar cabalmente a responsabilidade, no caso, de Osama bin Laden e sua associação criminosa Al-Qaeda. Um ano depois, os EUA ainda pensam em invadir o Iraque e derrubar Saddam Hussein, cuja participação naqueles atos terroristas é apenas uma suspeita.

Sem questionar a dor do povo americano, nem o direito de seu Governo de defender sua população e atacar quem atacou o coração da pátria, em vários países, a começar por pensadores americanos de calibre, crêem políticos, intelectuais, que os EUA perderam uma oportunidade de fazer uma reflexão mais profunda sobre seu papel no mundo, sobre a maneira como tratam países mais fracos, sobre seu apoio a ditadores e terroristas quando esses são úteis a seus interesses. Uma reflexão assim poderia muito bem conviver com sua resposta aos que planejaram e executaram o trágic o ataque de um ano atrás.

Outro aspecto que está vindo à tona ultimamente é aquilo que é considerado um descuido do atual Governo americano na prevenção do terrorismo. Têm aparecido na mídia inúmeros depoimentos de funcionários americanos ligados à segurança (da CIA, FBI e outros órgãos) que afirmam, e provam, que enviaram às autoridades competentes advertências sobre planos terroristas e, até, sobre a movimentação, em escolas de pilotagem, de pessoas vindas dos países árabes que mais odeiam a política americana. Recentemente, a revista Time publicou uma longa reportagem (mais de dez páginas) com fotos, gráficos, documentos, depoimentos, em que mostra como o assessor para segurança do Governo de Bill Clinton, Sandy Berger, passou para sua sucessora no atual Governo, Condoleezza Rice, informações detalhadas e fundamentadas sobre ameaças e preparativos concretos de atentados terroristas contra o território americano. Rice também recebeu informações de Richard Clarke, especialista em terrorismo na administração de Clinton. O novo Governo não deu muita atenção à questão, até aquele fatídico dia.

O que lembra o também fatal descuido dos franceses, em 1939, quanto à ameaça de Hitler. Acreditaram na Linha Maginot, como os americanos acreditam em seu poderio bélico. Neste primeiro aniversário da tragédia, lembramos que os bárbaros que destruíram Roma se civilizaram, e hoje formam a União Européia, uma utopia que se tornou realidade e recorda a formação dos Estados Unidos. E fazemos votos para que os bárbaros de hoje também se civilizem, e a humanidade fique livre do terrorismo, e da miséria que o sustenta.


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09/11/2002


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