Lula sobe, Serra pára de crescer









Lula sobe, Serra pára de crescer
Candidato petista vai a 61% e abre 29 pontos percentuais sobre o adversário tucano, segundo o Datafolha

Pesquisa divulgada, ontem, pelo Datafolha confirma o distanciamento entre Lula e Serra, já apurado na amostragem divulgada sexta-feira pelo Instituto Sensus, a pedido da Confederação Nacional dos Transportes (CNT).

A uma semana do segundo turno das eleições, o candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, ampliou de 26 para 29 pontos sua distância de José Serra (PSDB), em relação à última pesquisa Datafolha do dia 11 de outubro.

Lula passou de 58% para 61% do total de votos, e Serra manteve-se com os mesmos 32% do levantamento passado. Nos votos válidos, Lula foi de 64% para 66%, e Serra, de 36% para 34%.
O levantamento foi realizado na última quinta-feira (17), com 10.397 pessoas em 350 municípios de todo o país. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Entre os eleitores de Garotinho, Lula subiu sete pontos e, entre os de Ciro, seis. O petista passou de 41% para 48% dos votos entre os que estavam com Garotinho – faixa em que o tucano foi de 42% para 40%.

Entre os que votaram em Ciro, Lula passou de 42% para 48%, e Serra caiu de 42% para 37%. Os votos brancos e nulos somam 4% e os indecisos, 3%.

PT não antecipará ministério
O presidente nacional do PT, José Dirceu, disse, ontem, que o partido não discutirá, antes do resultado final das eleições, a composição de um futuro governo do PT e a participação de seus aliados de campanha em uma administração petista. "É preciso primeiro ganhar as eleições", disse ele. "O Lula já declarou que quer os aliados de hoje como os parceiros de amanhã, mas nenhum dos partidos que nos apóiam reivindicou participação em um futuro governo. E também não discutimos com nenhum partido participação em algum ministério", afirmou.

O que o PT deseja, segundo Dirceu, é contar com uma ampla base no Congresso Nacional. O partido "fará um governo amplo, que vai muito além da esquerda", explicou. Hoje pela manhã, o PT recebeu o apoio formal do Partido Verde, o que, de acordo com Dirceu, é importante para um eventual governo petista. "Além de ter uma boa base no País, o PV tem uma ampla rede de relações internacionais, que será um apoio importante para o governo", disse. Ele acrescentou que "o PT já havia assumido a agenda do PV, que é a defesa do meio ambiente".

Tucano promete choque moral
O candidato José Serra (PSDB) adotou, ontem, em seu horário eleitoral, um discurso conservador para tentar conquistar os votos dos evangélicos, católicos, e das populações do interior e das periferias.

Serra mostrou o depoimento de padres e pastores que falaram sobre a importância da família e dos valores morais para combater o problema das drogas e de falta de perspectiva para os adolescentes. "É preciso dar um verdadeiro choque de valores morais na nossa sociedade", disse o candidato.

Ele afirmou que o governo deve dar o apoio para que valores como família e casamento voltem a ser respeitados, "como acontece hoje nas cidades do interior". "Cada pessoa tem que ser apoiada pela sua família e cada família tem que ser apoiada pelo seu governo", disse Serra.

O programa do PSDB começou com uma cena em que um grupo de militantes tucanos aparece cantando uma versão da música "Lula-lá", utilizada pelo candidato petista Luiz Inácio Lula da Silva. "Serra-lá, brilha uma estrela, Serra-lá, meu primeiro voto", cantam os militantes.

Depois, um locutor aparece para explicar que, da mesma forma que "essa música não é a do Serra", as idéias que vem sendo defendidas no programa petista não são do Lula.

Outra cena, repetida duas vezes no programa, é a de atores que aparecem dizendo que votaram em Lula no primeiro turno, mas que agora estão indecisos.

O programa terminou com a participação da atriz Beatriz Segall, que defendeu a colega Regina Duarte e disse que também tem medo de Lula. A cena já havia ido ao ar ontem à noite.
"Eu tenho medo. Também estou com medo de não poder dizer que estou com medo, de ser ameaçada de processo por discordar. Tenho medo de alguém que recorre a ofensas pessoais. Não tenho medo das atrizes mais jovens, a quem sempre dou minha ajuda", disse Beatriz Segall, referindo-se às declarações dadas por Paloma Duarte no programa de Lula, criticando Regina.

Regina não se arrepende
A atriz Regina Duarte afirmou à Folha de São Paulo, em conversa por celular, que não se arrepende do depoimento que fez no programa eleitoral do candidato José Serra, na última terça-feira. A atriz disse que "tocou num nervo exposto" ao declarar que tinha "medo" da eleição de Lula, entre outros motivos porque ela poderia significar a volta da "inflação desenfreada".

A atriz, que passou a semana recolhida a uma fazenda, disse que só vai se manifestar definitivamente após ler tudo o que foi publicado sobre ela na imprensa.

Regina ressaltou que seu sentimento não é isolado. "Senão, não teria a repercussão que teve", afirmou a atriz da Rede Globo. Ela garantiu que o depoimento foi seu. "Sem dúvida. Sempre é meu. Na medida em que você assume dizer alguma coisa, mesmo que você não tenha escrito, você é co-autor. No caso, a autoria é minha mesmo", reafirmou.

Regina Duarte alegou que nunca foi sua intenção vender o medo. "Eu acho que o meu depoimento contribuiu para uma discussão muito importante, que é a liberdade de expressão e o medo que todos têm da volta das patrulhas", concluiu.

Cumprimento de contratos
O candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, reafirmou, ontem, em encontro com empresários, sindicalistas e representantes de entidades civis, que a sua eventual gestão respeitará os contratos e vai promover mudança com segurança e responsabilidade – bordão que tem sido usado contra o petista pela propaganda de José Serra (PSDB), seu adversário.

O encontro comandado por Lula, que reuniu 90 participantes, foi um ensaio, segundo dirigentes do partido, do que será, se ele for eleito, o seu Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, grupo que reunirá, segundo planos do PT, de grandes banqueiros a representantes dos movimentos sociais, como sindicatos e o MST .

"Sabemos que a atual crise nos mercados financeiros pode ser superada sem quebra de contratos e sem surpresas como as já sofridas pela população com o confisco e a sangria de suas poupanças", disse Lula.

Embaixador patrulheiro
O candidato José Serra (PSDB) acusou o embaixador da Venezuela, Vladimir Villegas, de "patrulhar" sua campanha à Presidência da República. O tucano discursou ontem num evento promovido pelo diretório estadual do partido, em Campinas, interior paulista.

"Agora virou moda até o embaixador de outros países, como o da Venezuela, vir me patrulhar. Eu não disse nada demais. Todos sabem que o PT tem afinidades com o governo da Venezuela. Por que negar isso?"

Villegas disse, sexta-feira, que Serra está fazendo uma "campanha sistemática" contra a Venezuela. Classificou isso de um "atentado contra a democracia" do seu país e disse que são "pouco amistosas e sem consideração" as afirmações do tucano em relação ao presidente Hugo Chávez.


Orçamento é prioridade após o 2º turno
A prioridade do Congresso, terminado o segundo turno das eleições, será a votação do projeto de lei do Orçamento de 2003, que já tramita na Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização.

Nem mesmo as 35 medidas provisórias que passarão a bloquear a pauta de votações da Câmara nos próximos dias (quatro já estão bloqueando) poderão impedir a votação do Orçamento.
A Constituição proíbe a votação de qualquer projeto quando uma medida provisór ia ultrapassa os 45 dias de sua assinatura pelo presidente da República, exceto o projeto orçamentário, conforme interpretação aceita no Congresso.

O presidente da Comissão de Orçamento, deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA), pretende se reunir com os assessores do presidente da República a ser eleito dia 27 próximo e com líderes partidários no Congresso para decidir como poderão ser feitas alterações na proposta orçamentária que já está na comissão.

O candidato à Presidência José Serra já declarou que, se eleito, pretende fazer pelo menos uma alteração, para destinar mais recursos à Previdência Social e, assim, sustentar um reajuste mais expressivo para o salário mínimo.

A mudança do projeto de orçamento por um presidente eleito não é incomum. Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, após sua posse em janeiro de 1995, retirou o orçamento do Congresso para alterações e o Congresso só encerrou a votação da lei três meses depois.

No Senado, o presidente Ramez Tebet (PMDB-MS) também deverá decidir com os líderes partidários os projetos que poderão ser votados logo após as eleições. Um dos mais importantes, e que tem condições de constar da pauta, é a emenda constitucional que reforma o Poder Judiciário.
A proposta já está pronta para votação no plenário, depois que o parecer do relator, senador Bernardo Cabral (PFL-AM), foi aprovado pela CCJ (Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania).

Caso a Câmara vote após o 2º turno eleitoral alguma das 35 medidas provisórias que constam de sua pauta, elas também deverão ter prioridade no Senado, bloqueando suas votações, inclusive a reforma do Judiciário.


Juiz desacata e vai preso em Maceió
Titular da vara de entorpecentes estava armado e reagiu à acusação de perturbação da ordem

O juiz de Direito, Antônio Bittencourt de Araújo, titular da Vara de Entorpecentes de Maceió e filho do desembargador aposentado José Agnaldo Araújo, foi preso na madrugada de ontem por policiais militares, quando saia de um bar na orla marítima, acompanhado de um segurança. Bittencourt foi autuado em flagrante, acusado de perturbação de ordem e desacato a autoridade policial. Ele foi preso armado, com uma pistola 765, com dispositivo de rajadas. O advogado Fábio Ferrario, que defende o juiz, não quis falar sobre as acusações contra seu cliente.

Segundo os policiais da Rádio Patrulha, o juiz foi abordado com a arma em punho, embriagado e resistiu à voz de prisão, alegando que era autoridade judicial, saindo em seu carro, que foi interceptado alguns quilômetros depois, em frente à barraca Pedra Virada. Na hora da prisão, o juiz teria apontado a arma para os policias que tentavam prendê-lo. "Se não fosse o segurança, que pegou no braço direito do juiz, desviando o cano da arma para cima, o tiro tinha acertado um de nós", comentou um dos policias que efetuaram a prisão do magistrado.

Bittencourt foi levado para o prédio do Tribunal de Justiça de Alagoas, onde foi ouvido pelo desembargador Fernando Tourinho, que está à frente das investigações já que o acusado tem foro privilegiado. Segundo a Assessoria jurídica do Tribunal, o juiz ficará detido até que o caso seja esclarecido. O juiz poderá também responder por tentativa de homicídio, se ficar provado que o tiro que ele disparou tinha intenção de acertar os policiais que efetuaram a sua prisão.

Magistrado é reincidente
Na madrugada de 9 de junho de 2000, Bitterncourt se envolveu numa briga com jovens de classe média alta, numa boate famosa, na praia de Ponta Verde. Ele deu queixa da surra que levou na delegacia de plantão. Os policiais de serviço não levaram a sério a denúncia, porque o juiz estava embriagado. Por isso, pediram que ele fosse para casa. Inconformado com indiferença dos policias, o magistrado xingou a todo, gritou impropérios e ameaçou soltar os presos. Antes de ir embora, teria urinado na ante-sala do delegado.

Como os policiais civis não foram prender os jovens que tinham brigado com ele, o juiz deixou a delegacia da Central Integrada de Atendimento Policial ao Cidadão (Ciapc) e foi de carro até a sede da Polícia Federal, onde voltou a fazer a queixa. Vendo seu estado de embriaguês, os policiais de plantão fizeram algumas ponderações e pediram que o juiz fosse embora. Como o magistrado continuava alterado, um agente da PF telefonou para um desembargador e pediu ajuda. Horas depois, um camburão da PM chegou à sede da PF e levou o magistrado para casa.


Imóvel dá segurança a investidor cauteloso
Rendimento do negócio pode superar aplicações financeiras, mas é preciso escolher bem onde investir

O investimento em imóveis pode ser a melhor opção para quem quer proteger as economias no momento atual. A aplicação tem rentabilidade modesta, mas bastante estável. No longo prazo ultrapassa aplicações em renda fixa e, até mesmo, em dólar. Porém, a escolha de um imóvel como forma de investimento requer cuidados. Nem sempre eles valorizam. A construção de uma casa de espetáculos ou um presídio próximo ao bem pode desvalorizá-lo. Além disso, nem sempre se consegue manter o imóvel alugado por todo o tempo.

Segundo o professor da Faculdade de Ciências Socias Aplicadas da Universidade Federal do Paraná e autor do livro "Seu Imóvel – Como comprar bem", Mauro Halfeld, na maioria das vezes, o investimento apresenta boa rentabilidade no longo prazo. "Tirando o período do Plano Real, os imóveis têm obtido rendimentos mais altos que a maior parte das aplicações", garante Halfeld.
De acordo com um levantamento feito por ele, de janeiro de 1968 até julho de 2002 quem aplicou o equivalente a R$ 10 mil na poupança terminou o período com R$ 38,7 mil de lucro, já descontada a inflação. Quem investiu a mesma quantia em imóveis lucrou R$ 87,2 mil no período, descontados os tributos e a inflação.

No entanto, durante os oito anos do Plano Real, quem mais faturou foram os investidores em renda fixa. Quem tinha, em julho de 1994, R$ 10 mil aplicados em um fundo DI (depósito interbancário) estava com R$ 34 mil na conta este ano. Enquanto o mesmo investimento em um imóvel de dois ou três quartos gerou um incremento de apenas R$ 5 mil para o investidor, deixando-o com um saldo de R$ 15 mil no mesmo período.

Porém, a farra dos juros altos, que elevaram tanto os rendimentos dos fundos de renda fixa, deve acabar em breve. Halfeld acredita que não há como o governo manter a taxa de juros tão alta por muito mais tempo. "É impossível manter os juros elevados. O próximo governo terá de rever esta política e será a vez dos imóveis porque a procura vai aumentar", especula o professor.
Quanto aos cuidados que se deve ter na hora da compra, Halfeld diz que o investidor deve avaliar o potencial de valorização do imóvel, a possibilidade de ganho com aluguel e a depreciação do bem. "Os imóveis comerciais são mais vantajosos no que diz respeito a possibilidade rendimentos com aluguel, pois não são prejudicados por leis do inquilinato. Outra vantagem é a baixa depreciação. O inquilino mantém o imóvel conservado porque é bom para o negócio dele. Além disto, se o investidor acertar o ponto, o bem pode se valorizar muito", explica.

Halfeld acredita que o investimento em terrenos também pode ser bom. Embora não se ganhe com aluguel, ele pode ter boa valorização se estiver bem localizado. "Para isso, o comprador deve estudar o plano diretor do município onde está investindo e ver qual o planejamento para aquela área específica. Também é importante saber para que lado a cidade está crescendo e comprar em um lugar próximo", diz. Outro bom investimento, segundo o professor, são vagas de garagem. "Elas não sofrem muito com a depreciação, uma vez que não se consegue causar muitos danos a uma vaga, e têm baixíssimos índices de inadimplência porque os preços dos aluguéis são baixos", afirma Halfeld.

Cuidado antes de comprar
Na compra de um imóvel, além da análise das possibilidades de ganhos, o investidor deve avaliar bem as propostas, para não perder dinheiro. As opções para a compra vão desde consórcios, financiamentos habitacionais, financiamentos pela construtora, grupos de autofinanciamento e à vista. Todos os métodos oferecem riscos ao comprador.

Quem pretende comprar o imóvel por meio de um consórcio deve lembrar que perderá entre 10% e 20% do dinheiro investido, correspondente às taxas de administração. Além disso, o interessado deve verificar junto ao Banco Central se a administradora é autorizada a formar grupos de consorciados, procurar o Procon e checar se há reclamações e, se possível, conversar com pessoas que participam de algum grupo da mesma administradora.

Grupos de cooperação e autofinanciamento também podem ser uma alternativa. Em Brasília, até agora somente a Associação de Mutuários e Consumidores de Imóveis (Asmut) oferece este tipo de serviço. A promessa é uma taxa de administração menor (10%) e, conseqüentemente, custos mais baixos que o consórcio comum.

Uma alternativa ao consórcio é o financiamento pela construtora, isto é, comprar o imóvel na planta. Os corretores afirmam que o apartamento valoriza entre 20% e 30% quando pronto. Mas há sempre o risco de a construtora quebrar e o imóvel não ser entregue. Segundo Antônio Marcos, diretor da Asmut, neste caso todas as precauções tem de ser tomadas antes da assinatura do contrato.

"Não assine nada antes de consultar um advogado especialista em imóveis para saber que tipo de 'armadilhas' podem estar escondidas no contrato e checar no Procon reclamações contra a construtora", diz Marcos. Além disso, deve-se verificar se a obra está com o memorial descritivo registrado no cartório de imóveis da região, e conferir com a administração regional se o terreno está em situação regular.

Outra opção é comprar o bem por meio de um financiamento pelo Sistema Financeiro de Habitação (SFH). De acordo com Marcos, esta é a pior alternativa. "O financiamento SFH é a opção menos aconselhável, pois o comprador vai gastar três ou quatro vezes mais que se fizesse, por exemplo, um empréstimo", afirma. De novo, a recomendação é levar o contrato a um especialista para análise.


Leão prega uma peça em 150 mil contribuintes
Problema técnico incluiu número maior de pessoas na lista de restituição do IR divulgada dia 15

O Leão pregou uma peça em 150 mil contribuintes. Por um problema técnico, eles foram incluídos no último lote de restituição do Imposto de Renda, no último dia 15, antes mesmo de suas declarações terem sido analisadas pelo Fisco. O problema foi detectado antes de os nomes inclusos no lote serem colocados na Internet, mas os contribuintes receberam o AR (Aviso de Restituição) em casa via correio. Muitos foram ao banco receber o dinheiro e bateram com a cara na porta.

Segundo a Receita Federal, o problema aconteceu porque um arquivo com os nomes dos contribuintes foi enviado por engano para Banco do Brasil. Esse arquivo continha os nomes dos contribuintes e os valores que deveriam ser restituídos e depositados nas contas.

O Banco do Brasil passou, então, a avisar aos contribuintes de que as restituições estavam disponíveis. Ao chegar nas agências, os contribuintes eram informados de que não tinham nada a sacar. A Receita Federal informou que o problema já foi resolvido, mas não deu detalhes sobre se os contribuintes colocados por engano no quinto lote de restituições estarão automaticamente no próximo lote (em novembro).

De acordo com o Fisco, o disquete foi enviado para o Banco do Brasil dois dias antes de os nomes dos contribuintes terem seus nomes incluídos na Internet, o que deu tempo para que o erro fosse detectado e os nomes não fossem colocados na rede de computadores. De qualquer maneira, neste mês, a Receita não colocou à disposição dos contribuintes as informações sobre restituição na Internet uma semana antes da data para liberação do lote, como normalmente faz. A restituição, prevista para dia 15 passado, só estava disponível para consulta um dia antes.

Isento declara até 29 de novembro
A Receita Federal informou, na sexta-feira, que já recebeu 22,5 milhões de Declarações de Isento 2002. É cerca de metade do total esperado para este ano, algo entre 43 milhões e 45 milhões. O prazo para entrega termina no dia 29 de novembro.

Devem apresentar a declaração aquelas pessoas que tiveram rendimentos tributáveis inferiores a R$ 10.800,00 no ano passado ou se enquadraram nas demais categorias de isentos de apresentar a declaração do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF).

A declaração de isento deve ser apresentada pelas pessoas físicas que possuam número de inscrição no CPF e que ficaram dispensadas da Declaração de Ajuste Anual do Imposto de Renda 2002, cuja entrega foi até 30 de abril deste ano.

Estão livres da entrega da declaração de isento as pessoas que se inscreveram no CPF neste ano, o cônjuge cujo CPF constou da declaração entregue em junho em conjunto neste ano e aqueles que optaram por fazer a Declaração de Ajuste Anual 2001, mesmo que desobrigados.

Desde o ano retrasado, as unidades da Receita Federal recebem apenas as declarações que se enquadram em situações especiais, como a de estrangeiros que não possuem título de eleitor.

Sem custo pela Internet
Para declarar pela Internet ( www.receita.fazenda.gov.br ), o contribuinte não terá custos. Ao final do processo de preenchimento da declaração, será possível, opcionalmente e dependendo de cada caso, informar ou atualizar alguns outros dados cadastrais como, por exemplo, o endereço eletrônico.

Os brasileiros residentes no exterior só terão essa opção de entrega de declaração. Eles terão também de responder a um questionário, informando seu endereço completo e dados sobre seu patrimônio no Brasil.

Quem não possuir esse recurso poderá entregar a Declaração de Isento pelo Receitafone, no número 0300-78- 0300 (ligação no País) ou 55-78300-78300 (no exterior, apenas para as pessoas físicas que estejam em trânsito fora do País.


Falta de troco atrapalha comércio e consumidor
As pessoas mantêm o costume de deixar em casa as moedas que fazem falta às lojas e supermercados

As moedinhas, que durante o Plano Real ganharam valor, continuam escassas no comércio. Muita gente ainda as retém em casa, em cofrinhos, não se dando conta de que, agindo desta forma, dificulta o troco principalmente em estabelecimentos menores, como padarias e mercearias.
Já foi pior. Nos anos de 1999 e 2000, o Banco Central diminuiu a produção de moedas, por conta do ajuste fiscal. Em 2001 e este ano, o BC conseguiu normalizar a produção, mas, mesmo assim, o comércio ainda acusa a falta de moedas, especialmente as de R$ 0,05 e R$ 0,10.

"O remédio não faz efeito da noite para o dia. Mas com passar do tempo, o paciente fica bom, ou seja, a situação vai se normalizando", observa Luiz Henrique de Almeida Cabral, chefe substituto do Departamento do Meio Circulante do BC. Em sua opinião, a falta de moeda está relacionada não só com a demanda reprimida, mas também com a falta de costume do brasileiro em portar moeda para facilitar o troco.

Para os homens, que não andam com bolsa, a dificuldade é ainda maior nesse caso. O comerciante Geraldo Magela Taffner, 37 anos, confirma isto. Toda moeda que recebe de troco no comércio tem um destino: a gaveta de sua casa. "Tenho mais ou menos uns R$ 300 em moeda. O pior é que, quando tenho de comprar alguma coisa, nem me lembro de pegá-las, até porque acho um incômodo sair com uma sacola cheia de moedas para comprar algo", garante.

Os olhos da fiscal de caixa Marli Pinto de Camargo, 33 anos, brilha m quando ela vê um freguês chegar ao supermercado em que trabalha com uma sacola cheia de moedas para comprar ou trocar por dinheiro. "Tem cliente fiel, que traz toda semana. Isso é ótimo para gente", assegura a funcionária, que já adquiriu uma certa habilidade para contar, em pouco tempo, as moedas.

No supermercado Veneza, segundo o diretor Geraldo Briéri, as moedas de R$ 0,10, R$ 0,05 e R$ 0,25 são as mais escassas. A dificuldade maior é que, como os preços dos produtos são calculados sobre uma margem, acabam não ficando com um valor redondo. É comum encontrar nas gôndolas dos supermercados etiquetas com valores R$ 1,99, R$ 1,45 – variações de centavos.

Quando falta o troco, o comerciante apela para a boa vontade do cliente. "A gente pede para que ele forneça alguma moeda para a gente dar o troco redondo", mostra Geraldo Briéri. A tática, porém, nem sempre funciona, até porque muitos não têm o hábito de andar com moedinhas. Quando isto acontece, os comerciantes cobram até menos (ou mais um pouco), para não terem problemas com o troco.

Vale tudo para obter moedas
Na padaria Hollywood III, do Sudoeste, sempre que faltam moedas o caixa Adolfo Eulálio Mendes Neto recorre aos guardadores de carro, que trabalham próximo ao estabelecimento. Tem freguês que colabora também e sempre troca as moedas guardadas em cofrinhos, por cédulas.

"A gente não discrimina nada. Se aparece freguês com um monte de moeda no horário que tem fila no caixa, a gente pede para aguardar um pouco e conta, pois cada moeda é muito valiosa para gente", assegura Adolfo Eulálio Neto. Na panificadora onde trabalha, as moedas de R$ 0,25 e R$ 0,50 são as que mais faltam.

Em outros tempos, quando o pãozinho francês era comprado com poucos centavos (R$ 0,09, por exemplo), as moedas de valor menor eram mais difíceis. Agora, como o pão passou a ter um preço mais salgado (R$ 0,20), as de maior valor acabam ficando mais escassas na hora do troco.

Mas a situação não é desesperadora. Além de recorrer aos fregueses e aos guardadores de carros, os comerciantes também são abastecidos pelos bancos e por fornecedores (entregadores de leite, por exemplo), que recebem moedas em grande quantidade.

A escassez, segundo os comerciantes, acaba sendo sazonal. "Tem vez que elas somem e daí a pouco aparece um freguês com um pacote cheio para a gente trocar", garante o caixa Lúcio dos Santos, da panificadora São Gabriel, do Cruzeiro.

Há, segundo o Banco Central, necessidades específicas, em determinados pontos. Empresários de ônibus e do metrô, por exemplo, dependem de muita moeda para troco. O BC tem, em conjunto com os bancos, um esquema especial para atender às demandas. Disponibilizou, inclusive, um endereço eletrônico para reclamações relacionadas às moedas.

Serviço Pelo e-mail [email protected], qualquer pessoa pode reclamar da falta de moeda.

Centavos desprezados
O aumento da inflação, nos últimos oito anos, diminuiu o poder de compra das moedinhas. No período do Plano Real, segundo cálculos do Departamento Intersindical de Estatísticas Sócio Econômicas (Dieese), o custo de vida subiu 132,18%.

Para se ter idéia do aumento dos produtos, o pãozinho francês, que em julho de 1994 podia ser comprado por R$ 0,08 passou para R$ 0,19 (preço médio), segundo o Dieese. No mesmo período, o quilo do tomate passou de R$ 0,50 para R$ 1,29, o de arroz de R$ 0,62 para R$ 1,62 e o litro de leite, de R$ 0,53 para R$ 1,01.

"Com a inflação, as moedas perderam um pouco do valor. Por isto, muita gente nem dá bola para elas, dá para criança colocar em cofrinho", lembra Lilian Marques, supervisora técnica do Dieese/DF. Os comerciantes dizem que determinados fregueses recebem moeda de R$ 0,01 e jogam fora na hora.

Quem tem carro sabe que determinados guardadores de carros também não aceitam moedas pequenas, de R$ 0,01 e R$ 0,05. Não raro até alguns mendigos desprezam moedinhas com estes valores. "Mas é difícil, pois para os mais necessitados qualquer centavo é importante. A classe média é que costuma reter moedas", acredita o comerciante Geraldo Briéri.


Artigos

O dia em que fui enganado
Paulo Pestana

Um desses estudos misteriosos, publicado recentemente pela revista Veja, disse que as pessoas estão expostas a 200 mentiras diárias. Quem convive com políticos sabe que o número não é um exagero. E jornalista chega bem perto; e mesmo treinado para não cair em conversa mole desde os primeiros anos de profissão ainda somos usados muitas vezes para validar uma mentira – ou, sejamos delicados – uma inverdade. Este é um episódio de "Aconteceu comigo".

Quando editor do caderno Cidades do Correio Braziliense publiquei uma reportagem sobre um imenso condomínio que estava sendo regularizado às pressas em 1998. As informações que tínhamos disponíveis davam conta de que era um empreendimento inviável de ser aprovado da maneira que era pedida, principalmente por causa do abastecimento de água, já que não havia um plano de captação para suprir as necessidades de pelo menos cinco mil famílias, previsão inicial do condomínio. Diante das denúncias, o então secretário de Habitação afirmou aos repórteres do jornal que estava paralisando a regulamentação do condomínio até que uma nos proposta fosse feita, para que o impacto no meio ambiente fosse mínimo. Fez isto com o costumeiro foguetório que cerca os atos políticos; pompa e circunstância.

Baseado nas informações dos repórteres, escrevi um artigo em que analisava a situação e, entre outras coisas, elogiei a postura do secretário Magela. Quatro anos depois descobri que me fizeram de bobo. E eu não tenho mais direito, tantos anos na janela, de ser feito de bobo, ainda mais por um político, ser que joga os ponteiros do desconfiômetro para a área vermelha assim que chegam perto. Mas aconteceu.

A verdade é que Geraldo Magela, agora candidato petista ao governo, não fez nada além de falar. Não assinou papel, não publicou decisão. Nada. E aí é que a consciência do jornalista que se pretendia escolado vai ao chão. Não houve acompanhamento do caso, não me lembrei de acompanhar o Diário Oficial, como tantas vezes faço, para saber se algo havia sido publicado que referendasse as palavras do secretário Magela. Uma portaria com uma assinatura bastava. Nada. É um erro comum; publicamos o fato e não o acompanhamos depois que decretamos o desfecho, apenas por imaginar que ele não interessa mais ao leitor.

Magela me enganou. Não foi o primeiro político a fazer isto; espero que seja o último. Não por mim, nenhuma vaidade pessoal; mas pelos leitores, que merecem jornalistas sempre mais atentos para apresentar os fatos que o ajudem a enxergar mais longe. Não fui o único enganado. O político que mente ao jornalista, na verdade, está mentindo para toda a sociedade.


Colunistas

CLÁUDIO HUMBERTO

Nos quartéis, 64% votam Lula
Pesquisa de instituições militares (clubes e associações) em quartéis do Exército indica que 64% dos entrevistados votarão em Lula para presidente, no dia 27. O levantamento não teve "caráter científico", como nos institutos de pesquisas, mas foi promovido em todas as regiões e unidades representativas do Exército. Chefes militares atribuem o resultado à pindaíba: poucos setores foram tão afetados quanto o militar na crise do governo FhC, com arrocho salarial, cortes de pessoal e até no rancho.

Gesto de lealdade
O comandante do Exército, general Gleuber Vieira, será reconhecido pelo presidente Fernando Henrique, no futuro, por algo que não fez. Há algumas semanas, ele foi procurado por um emissário de Luiz Inácio Lula da Silva, que o convidava para um encontro. Leal a FhC, Vieira não hesitou: "Sou um general, chefe do Exército e só converso no meu gabinete. À luz do dia".

Lotação esgotada
Quase todos os hotéis de Brasília já estão com suas reservas esgotadas, para a semana da posse do futuro presidente, entre a segunda-feira 30 de dezembro e a sexta 3 de janeiro.

Certezas
Quem conversou com FhC na última semana saiu com duas certezas: 1) ele está se lixando para a vitória de Lula e a conseqüente derrota de José Serra; e 2) preocupado mesmo o presidente está com a crise econômica internacional e a guerra iminente dos Estados Unidos contra o Iraque.

Leite sem café
Não há chances de tucanagem "café com leite", no futuro. Aécio Neves já não esconde o seu desprezo por tucanos de São Paulo. Tanto assim que o seu projeto, segundo destacado confidente do governador eleito de Minas, é "despaulistizar o PSDB" e dividir seu comando com Tasso Jereissati.

PT si, ma non troppo
O embaixador José Aparecido de Oliveira e seu filho, José Fernando, prefeito de Conceição do Mato Dentro, empenharam-se tanto na campanha de Lula que o candidato do PT abiscoitou 4 em cada 5 votos válidos na região. Mas, para o governo de Minas, apoiaram o tucano Aécio Neves.

Posse dia 1º
A posse do futuro presidente será mesmo no dia 1º de janeiro, como prevê a Constituição. Fernando Henrique não admite a hipótese de encurtar nem muito menos prorrogar o mandato até o dia 6, como chegaram a sugerir.

Usineiros pagam a políticos...
Um grande escândalo está prestes a estourar em Brasília: um poderoso lobby de usineiros, instalado no centro da capital (junto ao shopping Pátio Brasil) rateou entre pelo menos cinco deputados e senadores do PMDB de São Paulo, do Mato Grosso e do Nordeste os ganhos obtidos pelo setor com o recente aumento da adição de álcool à gasolina.

...por mais álcool na gasolina
Pelo acordo com os usineiros, em troca do empenho desses parlamentares do PMDB, o que o setor faturasse do dia de implementação da medida até a eleição seria rateado entre eles, para financiar suas campanhas de reeleição. O trato foi cumprido. Segundo um empresário que participou de uma das reuniões, o total da festa pode ter chegado a R$ 10 milhões.

Círculo vicioso
George (hic!) Bush vai impor a Alca aos vizinhos e quem não aceitar vai ter de negociar com a Antártida, segundo um de seus assessores. Ele está tão obcecado pelo tema que há quem diga que vai virar doutrina: o Alca-olismo.

Tchan, tchan, tchan....
O suspense está criado na campanha de José Serra: será que hoje ele revelará o terceiro segredo de Fátima, ou o de Regina?

Amigo vitalício
O dedicado secretário de Comunicação do governo da Bahia, Fernando Vita, muito ligado a ACM, será recompensado com sua nomeação para o cargo vitalício de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado. Onde terá a oportunidade de julgar as próprias prestações de contas.

Poder sem paralelo
Os chefões do crime, no Rio, que mandam "tocar terror" na cidade e ameaçam a vida de governantes, estão criando um tipo de poder anárquico que bem poderia se chamar "anarcotráfico".

Down society
O TRF da 2ª Região absolveu a conhecida estilista carioca Glorinha Pires Rebelo da acusação de sonegar R$ 39.792 do INSS de seus funcionários. A Previdência não incluiu o débito na Dívida Ativa, errando feio no processo, que poderia dar dois anos de cadeia. Glorinha alegou inadimplência das clientes, optando por pagar os salários em dia. Os empregados agradecem.

Sinofilia
O Vaticano analisa o que é "abuso sexual" na Igreja. Concluiu que badalar o sino pode.

Onde há fumaça...
O The New York Times elogia "Stealing the fire", documentário cuja figura central é o alemão Karl-Heinz Schaab, condenado por vender segredos nucleares ao Iraque e salvo de extradição do Brasil para a Alemanha pelo STF, em 1998. Segundo o filme, Schaab trabalhava na construção do submarino nuclear, hoje submerso pelo custo astronômico.


Editorial

OS PRIMEIROS DIAS

O Brasil está a uma semana de conhecer seu novo presidente. Os próximos dias, mesmo que as pesquisas mostrem largo favoritismo do petista Luiz Inácio Lula da Silva, serão tensos e decisivos. O candidato tucano José Serra vem atuando de forma mais agressiva nos últimos dias, provocando até reclamações dos petistas. E tudo indica que o tom das acusações deve subir.
O fato é que o eleitor brasileiro tem dois candidatos muito bem preparados para assumir a Presidência da República. Lula, que perdeu três vezes a disputa, tornou-se um político hábil, moderado e aberto, além de ser cercado de bons quadros para compor um eventual governo. Serra é sem dúvida um dos melhores políticos brasileiros, mostrou toda sua capacidade técnica recentemente quando esteve à frente do Ministério da Saúde e tem capacidade para montar uma equipe de trabalho do mais alto nível.

O pior que pode acontecer ao Brasil é que as seqüelas que inevitavelmente serão deixadas pela disputa inviabilizem uma composição posterior para que o país vença a crise econômica. Com Lula ou Serra, à frente, será fundamental um período de armistício entre as forças políticas brasileiras para que a festa das urnas não se transforme numa grande ressaca. Do mesmo modo que o partido vencedor da disputa não pode achar que vai governar sozinho, o perdedor não pode partir para a oposição no instante seguinte. O que está em jogo é muito mais valioso do que uma eleição disputada; estaremos diante do teste definitivo da jovem democracia brasileira num momento internacional delicado.

A briga pré-eleitoral não pode se estender para além do dia 27 de novembro. No próprio domingo, anunciado o vencedor, o vencido deverá não apenas apresentar seus cumprimentos, mas se comprometer a ajudar o País a atravessar o momento difícil. Os apoiadores de Lula já reconhecem a necessidade de tranqüilizar o mercado financeiro com ações rápidas e decididas, com a apresentação de nomes que vão compor os responsáveis pela condução da economia. E isto é bom. Os primeiros dias como presidente eleito serão fundamentais para Lula ou Serra; ainda que sem o poder oficial, um deles terá que agir como maestro de uma Nação que espera de seu novo presidente, acima de tudo, responsabilidade. Passados os primeiros dias, ansiedade aliviada, o país poderá começar a discutir o que pode ser aplicado no programa de governo do presidente eleito.


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10/20/2002


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