Magistério rejeita projeto









Magistério rejeita projeto
Legislativo conclui em fevereiro análise sobre o IPE

Ainda sem data para entrar na Assembléia Legislativa, o projeto de reestruturação do regime de Previdência do Estado está preocupando os representantes do magistério.

O movimento Pó de Giz, que faz oposição à atual direção do Cpers-Sindicato, propõe que a categoria não volte ao trabalho no reinício do ano letivo, no começo de março, caso o Executivo mantenha a intenção de aumentar a alíquota de contribuição dos servidores.

Líder do movimento, o professor Luiz Afonso Medeiros disse ontem que solicitará o exame da sugestão no conselho do Cpers-Sindicato. A presidente da entidade, Juçara Dutra, lembra que a categoria manifestou contrariedade com o texto do governo em duas assembléias gerais, mas considera que não há tempo para organizar a mobilização até 4 de março, data da volta às aulas no Estado.

– À exceção dos panelaços na Argentina, as mobilizações não são espontâneas – afirmou, salientando que o plano de Medeiros deveria ter sido apresentado no congresso do Cpers, em dezembro.

Ela ressaltou, porém, que a instituição está atenta à tramitação do texto encaminhado pelo Palácio Piratini a uma comissão especial do Legislativo, constituída para analisar o tema. Juçara disse que a proposta abre a possibilidade de uma eventual privatização do Instituto de Previdência do Estado (IPE), além de onerar o funcionalismo:
– O governo deveria adotar uma tabela progressiva e excluir os salários mais baixos, magistério e funcionários de escolas, por exemplo, do aumento da contribuição.

De acordo com projeto elaborado por uma comissão constituída por representantes dos três poderes, em 2000, e acatada pelo governo, servidores da ativa teriam a alíquota de desconto aumentada de 7,4% para 14% (mais 3,6% para a assistência médica). O índice dos aposentados subiria de 5,4% para 8,4%. Pensionistas passariam a contribuir com 3%.

A comissão especial da Assembléia estuda outras alternativas além do aumento da alíquota incidente sobre os vencimentos do funcionalismo, mas sabe que dificilmente haverá uma solução que evite esse caminho. A idéia dos parlamentares é encontrar meios de reduzir a parcela dos servidores na vultosa conta deficitária do IPE.

O presidente da comissão, Otomar Vivian (PPB), tem demonstrado simpatia pela proposição de Cézar Busatto (PPS) de constituição de um fundo de ativos. Com a medida, haveria a captação de recursos advindos da privatização de estatais, da concessão de serviços públicos, de créditos de empréstimos concedidos e de créditos da dívida ativa para um fundo de capitalização destinado a garantir o custeio das aposentadorias e dos atuais beneficiários.

O parecer dos deputados, a cargo do relator João Luiz Vargas (PDT), deverá ser concluído até o final de fevereiro. O Executivo pretende enviar a matéria para exame no plenário da Casa somente se tiver certeza da aprovação. Existe ainda a possibilidade de o projeto não entrar na pauta de 2002, ano eleitoral. Como admite Vivian, aumento de contribuição de servidores “não traz votos para ninguém”.


Olívio avisa ao PT que será candidato à reeleição
Governador defende consenso, mas admite disputar prévia

Um dia depois de retornar das férias, o governador Olívio Dutra informou à direção estadual do PT que está disposto a concorrer à reeleição.

Em reunião no Palácio Piratini, Olívio defendeu a escolha de um candidato de consenso, poupando energia para a disputa com os adversários do projeto do PT, mas ressalvou que a prévia é um instrumento legítimo do partido.

Referindo-se à própria candidatura, o governador disse ter certeza de que “o povo gaúcho não quer voltar para trás, para um Estado mínimo e privatizado”.

– Ao contrário, quer continuar aperfeiçoando um projeto baseado na solidariedade, na participação e na estruturação do Estado para atender as necessidades essenciais da população, como saúde, educação, emprego e segurança – discursou.

Olívio ressaltou que confia na condução da direção do PT frente ao processo eleitoral, a ser desencadeado com a reunião do diretório estadual, no próximo sábado.

Na semana passada, o prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro, oficializou sua intenção de ser candidato, caso uma pesquisa encomendada ao Ibope indique que ele tem maiores chances de vitória. Ontem, Tarso disse não ter sido surpreendido com a decisão do governador.

– Não é nenhuma novidade. Olívio tem toda a legitimidade de ser candidato. Volto a reiterar que só serei candidato se sentir que existe alguma indicação de que eu tenha mais condições de vitória.

Tarso disse que isso vale também para o ex-prefeito Raul Pont e o vice-governador Miguel Rossetto.

– Se eu e o Olívio apresentarmos as mesma condições, por meio de levantamento técnico, ou algum outro procedimento, acho que ele deve concorrer. Minha prioridade é meu mandato à frente da prefeitura de Porto Alegre – reiterou.

O prefeito acredita que com o nome de Olívio como candidato, se esgotam as possibilidades de surgirem dentro do partido outros postulantes ao Piratini.

Na avaliação do vice-presidente estadual do PT, Paulo Ferreira, Olívio tem legitimidade para disputar um segundo mandato ao Palácio Piratini:
- Encaramos esse fato com absoluta naturalidade. Ele tem todas as condições favoráveis para consultar os petistas.
Ferreira, da corrente PT Amplo e Democrático, acredita que não haverá prévias para a escolha do candidato ao Piratini:
– Temos de ver os critérios para balizar e não ter prévia.

Pouco antes de Olívio se reunir com o comando petista e anunciar a disposição de concorrer, Rossetto criticou, em entrevista ao programa Atualidade, da Rádio Gaúcha, o lançamento de candidaturas antes do Fórum Social Mundial. O vice-governador insinuou que o comportamento de Tarso está sendo desrespeitoso.


Ciro critica candidatos e FH
O candidato do PPS à Presidência da República, Ciro Gomes, criticou ontem, em São Paulo, o ministro da Saúde, José Serra, o presidente de honra do PT, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o presidente Fernando Henrique Cardoso, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Raul Jungmann, e o ex-ministro da Fazenda Mailson da Nóbrega.

O principal alvo foi FH e a possibilidade de Jungmann ser candidato à Presidência pelo PMDB. Sobre Serra, Ciro manifestou ser um candidato indesejado pelo povo. Ciro poupou a governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL).

Antes de participar do 6º Congresso Brasileiro do Calçado, o candidato do PPS fez críticas também a Nóbrega, acusando-o de “trabalhar a serviço do governo federal”. Em uma palestra, Nóbrega disse que o único candidato de esquerda a chegar ao segundo turno das eleições será Lula e afirmou que Ciro não terá chances.


Brizola discute aliança com PPS e PTB
Reunidos na casa do presidente nacional do PDT, Leonel Brizola, os presidentes do PTB, deputado José Carlos Martinez (PR), e do PPS, senador Roberto Freire (PE), voltaram a discutir ontem a possibilidade de aliança em torno da candidatura do ex-ministro Ciro Gomes, candidato do PPS à Presidência da República.

Brizola afirmou que as conversas estão se iniciando. O pededista também afirmou que a aliança nacional é mais importante que os problemas regionais. A declaração é um sinal de que o pedetista recuou. As negociações entre PPS e PDT estavam interrompidas desde outubro do ano passado, quando o ex-governador Antônio Britto filiou-se ao partido. Na ocasião, Brizola acusou Britto de ter feito um governo alinhado ao Planalto e lesivo ao Estado e afirmou que a filiação praticamente inviabilizava a aliança. Na ocasião, o candidato do PPS disse que nada podia fazer para barrar a entrada de Britto.

Brizola disse que deve procurar o governador de Minas, Itamar Franco (PMDB), para conversar sobre a sucessão presidencial:
– Falamos pelo telefone no fim de ano e combinamos conversar agora.


Olívio dá as boas-vindas ao Fórum Social Mundial
Organização instala-se no Estado

Em uma rápida visita, o governador Olívio Dutra deu as boas-vindas aos integrantes do comitê organizador do Fórum Social Mundial (FSM), que se instalaram ontem no prédio 40 da PUC, em Porto Alegre.

Encerradas as inscrições para delegados, a comissão concentra-se agora no trabalho de sistematizar oficinas e seminários, cujo número pode passar de mil.

O acesso às conferências é restrito aos delegados – mais de 10 mil, de acordo com o comitê organizador. Quem não se inscreveu como delegado, pode participar de todas as outras atividades do fórum: oficinas, testemunhos, seminários e agenda cultural. A relação final das oficinas deve ser divulgada nos próximos dias. A comissão estuda a cobrança de uma taxa simbólica, entre R$ 2 e R$ 5, para os participantes. O número de vagas será limitado ao tamanho do recinto onde a atividade será realizada.

Ao sair da sala da comitê, questionado sobre a participação de partidos de oposição no fórum, Olívio disse que o Estado é anfitrião, e não organizador do evento.

– Acredito que o comportamento do presidente Fernando Henrique será diferente este ano. Ele tentou desmerecer a primeira edição, mas acredito que refletiu melhor. Esperamos integrantes dos partidos de sustentação ao governo federal no Fórum Parlamentar Mundial – disse o governador.

No encontro com a comissão, depois de um breve discurso, Olívio dividiu um chimarrão com Francisco Whitaker, secretário-executivo da Comissão de Justiça e Paz, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O diretor-geral do Instituto Brasileiro de Análise Social e Econômica (Ibase), Cândido Grzybowski, agradeceu a receptividade e o empenho do governo do Estado em oferecer a infra-estrutura para a realização do evento.


Justiça Federal fica mais simples
Ontem entraram em funcionamento os primeiros 24 Juizados Especiais Federais

Desde ontem, a informalidade no julgamento de causas cíveis e criminais é lei na Justiça Federal.

O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Paulo Costa Leite, esteve em Porto Alegre para lançar os primeiros 24 Juizados Especiais Federais (JEFs), que prometem simplificar ritos e acelerar tramitações que envolvam a União. Quatro das novas unidades ficam no Rio Grande do Sul – duas em Porto Alegre, uma em Rio Grande e outra em Passo Fundo.

Os JEFs são juizados de pequenas causas em que predomina a conciliação. Eles admitem processos que tenham como pena máxima dois anos ou indenização de até 60 salários mínimos (R$ 10,8 mil). A expectativa é de que seja reduzido para menos de seis meses o período de duração de uma causa (atualmente a média é de dois anos) e de que haja um desafogamento das varas federais comuns.

– Temos gargalos que conduzem a esse mal crônico do Judiciário, que é a morosidade. Estamos rompendo com o exagero de formalismo que entrava a Justiça. A Justiça Federal tem hoje 3 milhões de processos em tramitação. Pelo menos um terço deles já poderia estar correndo nos juizados, desafogando a Justiça como um todo – afirmou Costa Leite.

A rapidez é garantida por uma redução no número de etapas processuais e pela simplificação de procedimentos. Na primeira audiência, o juiz tentará um acordo. Caso não ocorra, o julgamento se realiza no mesmo dia, a menos que o magistrado considere o tema complexo e estabeleça um novo prazo.

A celeridade do sistema também se deve a uma limitação dos recursos: a parte insatisfeita só poderá apelar a um colegiado de juízes também de primeira instância. Outra inovação é a possibilidade de trocar petições e intimações pelo correio eletrônico.

Nos primeiros seis meses, os juizados estarão aceitando ações criminais (como sonegação fiscal ou crimes contra as finanças públicas) e, dentro da área cível, apenas ações previdenciárias. A partir de setembro, serão aceitos também os outros tipos de processos, como os referentes ao FGTS ou ao financiamento da casa própria. No Rio Grande do Sul, calcula-se que 95% das ações ligadas à Previdência preencham os requisitos para serem julgadas nos juizados especiais federais.

As causas que já estão nas varas comuns não serão repassadas para os juizados. O desembargador Teori Zavascki, presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, considera os JEFs um antídoto contra as deficiências do modelo tradicional.

Porto Alegre não foi escolhida para o lançamento por acaso. Desde setembro, funcionava na 3ª Vara Federal Previdenciária da Capital um juizado especial experimental, que obteve 30 acordos em 61 processos, além de dar sentenças imediatas a casos que, pelos trâmites convencionais, poderiam se estender por até 15 anos.


Rússia apóia ingresso do Brasil no Conselho de Segurança da ONU
Em retribuição, Fernando Henrique prometeu apoio ao ingresso do país na OMC

Os presidentes Fernando Henrique Cardoso e Vladimir Putin, da Rússia, assinaram ontem no Kremlin uma declaração conjunta, na qual a Rússia formaliza seu respaldo à reivindicação brasileira de se tornar membro permanente do Conselho de Segurança da ONU.
Em retribuição, o Brasil apóia a aspiração russa de ingressar na Organização Mundial do Comércio (OMC).

Nos discursos, os dois presidentes mencionaram outro foco de interesse mútuo: a aproximação entre a Rússia e o Mercosul. Os dois governos manifestam interesse em “projetos conjuntos nas áreas de alta tecnologia como a indústria aeronáutica, espacial, telecomunicações, combustíveis e energia, inclusive no desenvolvimento de tecnologias inovadores na área nuclear”.

Em todas as suas declarações, desde que chegou, no domingo, FH tem frisado pontos de interesse estratégico comuns com a Rússia, que constam do texto assinado ontem: a criação de uma ordem mundial multipolar e de uma globalização “mais justa e simétrica”, e o fortalecimento da ONU e do Conselho de Segurança, como instâncias de solução dos conflitos mundiais.

Ao todo, foram firmados quatro documentos: Programa de Intercâmbios Rússia-Brasil para Cultura Educação e Esportes em 2002, Tratado de Extradição, Protocolo sobre Troca de Instrumentos de Ratificação do Tratado de Parceria e Declaração Conjunta sobre os Resultados das Conversações. O presidente fez o convite, e o colega russo aceitou, para visitar o Brasil este ano. Pela manhã, FH iniciou a programação com a deposição de coroa de flores no Túmulo do Soldado Desconhecido.
Durante a conversa com Putin, no Salão Verde do Kremlin, FH ganhou dele a edição russa do livro Dependência e Desenvolvimento na América Latina – Ensaio de Interpretação Sociológica, de autoria do tucano. À tarde, recebeu o título de doutor honoris causa da Universidade de Moscou.
Na breve conferência que proferiu depois de receber o título, FH criticou os organismos financeiros multilaterais e pediu sua reformulação. O presidente também aproveitou para reivindicar a ampliação do Grupo dos Sete países mais ricos do mundo, e mesmo do Grupo dos Oito, que inclui a Rússia, argumentando que “os rumos da globalização, pela universalidade de seus efeitos, não podem ficar à mercê de instâncias restritas”.


Rosinha concorrerá ao governo do Rio
PSB fez consulta entre filiados

Depois de uma consulta aos filiados, o PSB fluminense escolheu a primeira-dama Rosinha Matheus como candidata ao governo do Estado do Rio.

Dos 92 diretórios municipais do PSB no Estado, apenas dois não apóiam o nome da mulher do governador Anthony Garotinho para a disputa estadual.

Na quinta-feira, a comissão que conduz o processo de escolha se reunirá com a primeira-dama para comunicar oficialmente o resultado da consulta.

O nome de Rosinha deverá ser lançado para o governo do Rio no Encontro Nacional de Mulheres do PSB, que ocorrerá na sexta-feira, no Rio. Na ocasião, a prefeita de Natal, Vilma Farias, também será lançada para a disputa pelo governo do Rio Grande do Norte.


Restrições à carne são mantidas
O secretário executivo do Ministério da Agricultura, Márcio Fortes de Almeida, tenta hoje, em reunião com representantes do Ministério da Agricultura da Rússia, derrubar no plano político as restrições levantadas pela área técnica do governo russo à importação de carne suína brasileira.
A instabilidade sanitária na América Latina e a reintrodução da vacinação contra a aftosa no Rio Grande do Sul são os principais argumentos dos técnicos russos para recomendar o veto.

O secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Luís Carlos Oliveira, que chegou a Moscou dois dias antes para adiantar os entendimentos com os colegas russos, voltou a insistir que todas as exigências no aspecto sanitário foram atendidas pelo governo brasileiro, tanto em nível estadual quanto federal:
– No plano técnico, portanto, não há mais o que fazer, embora se saiba que no comércio internacional este tipo de entendimento é contínuo.

O governo e os exportadores de carne do Brasil que fazem parte da comitiva presidencial estão na expectativa, também, que o governo russo autorize a venda de carne brasileira diretamente para os varejistas. Dessa forma, conforme cálculo do secretário da agricultura de Santa Catarina, Odacir Zonta, as vendas brasileiras este ano poderiam subir para até 250 mil toneladas – a previsão é de 180 mil toneladas.

A exportação direta para a rede varejista – cortes embalados em vez da carne com osso – representa um maior valor agregado, com ganho no preço de 35%. O ex-ministro da Agricultura Francisco Turra, integrante da comitiva oficial, lembra que com um valor agregado maior há expansão do setor, com ampliação da oferta de empregos e receita para Estados e municípios.
Este ano o Brasil poderá iniciar a exportação de carne bovina para a Rússia. O exportador Antônio Russo, do frigorífico Independência, de São Paulo, dedicado à exportação, prevê que o volume a ser vendido na Rússia deverá ficar entre 50 e 100 mil toneladas. As iniciativas dos exportadores brasileiros têm o respaldo do presidente Fernando Henrique Cardoso. Em sua reunião de trabalho, ontem, com o presidente Putin, o presidente deixou claro o interesse do governo brasileiro na ampliação do mercado para o segmento de carnes – bovina, suína e de frango –, para a satisfação de Francisco Turra e Odacir Zonta, presentes ao encontro.

De 2000 para 2001 houve um aumento de 600% na exportação de frangos do Brasil para a Rússia, gerando um faturamento de US$ 80 milhões. Cláudio Martins, diretor da Associação Brasileira de Exportadores de Frango, adverte que o aumento nas exportações depende dos Estados Unidos, o maior concorrente do Brasil no mercado internacional.

– Se os Estados Unidos aumentarem o subsídio ao produto, o Brasil perde mercado – afirma.


Artigos

O Fórum de que o mundo precisa
Miguel Rosseto

Um ano depois, voltam a encontrar-se aqui no Rio Grande do Sul governantes, militantes e intelectuais de todo o mundo, comprometidos com a construção de uma nova ordem mundial. O Fórum Social Mundial cresceu e se afirmou. Teremos mais de mil oficinas, seminários e palestras, sendo que mais de 50 mil pessoas são esperadas em suas atividades. Regiões do mundo que pouco compareceram no primeiro fórum, como Oriente Médio e Ásia, já confirmaram grandes delegações. O espectro de debate do Fórum se ampliou, englobando novas e importantes atividades como o seminário “Um mundo sem guerras é possível”, promovido pelo governo do Estado e coordenado por seis prêmios Nobel da Paz. O Fórum Mundial de Juízes e o Fórum Mundial do Audiovisual, entre muitas outra atividades, dão a dimensão daquele que é hoje o maior evento político do nosso tempo.

O mundo neste ano também afirmou a necessidade de a agenda do FSM ser incorporada internacionalmente. Temos hoje um mundo mais violento do que há um ano atrás: o terrorismo e a guerra como contrafaces da mesma moeda exigem de nós um programa e um compromisso com a paz que os governantes do mundo se mostram incapazes de responder. A América Latina continua a sofrer como antes os amargos efeitos do modelo. É dramática a derrocada da nação argentina e criminosa a cínica indiferença dos organismos financeiros que a levaram à ruína.

Daqui a alguns dias os olhos esperançosos do mundo estarão
todos voltados para cá

Agora, a possibilidade de criação de uma nova ordem depende daqueles que estarão aqui, dos que, como nós, se negam a conceder status de normalidade às guerras, à fome, à exploração e ao analfabetismo.

Neste nosso mundo que recém inaugura um novo século, 1,3 bilhão de pessoas vivem em pobreza absoluta; 840 milhões sofrem de fome e desnutrição; 20 milhões de crianças morrem de fome anualmente; 250 milhões de crianças entre cinco e 14 anos são forçadas a trabalhar precocemente e, dessas, 120 milhões trabalham em tempo integral; anualmente, 1,2 milhão de crianças são vítimas de exploração sexual e 1 bilhão de adultos permanecem analfabetos. Neste nosso mundo contemporâneo, para cada dólar gasto pela ONU em missões de paz a indústria armamentista investe US$ 2,5 mil na produção da guerra.

Mais do que nunca o caminho da paz e do desenvolvimento – este antigo sonho humano – está obstruído pela barbárie produzida no mundo real. Esta é a pauta a ser enfrentada e não há como fugir dela, pelo menos para aqueles que não perderam a esperança e que acreditam que um outro mundo é possível.

Daqui a alguns dias os olhos esperançosos do mundo estarão todos voltados para cá. É aqui, na nossa terra, que milhares de homens e mulheres organizarão as lutas que irão engendrar o futuro. Daqui, pretendemos mudar a história, derrotando as guerras e fazendo nascer um outro mundo, um mundo novo, possível sim, que seja fruto da igualdade, da paz e da solidariedade. Os gaúchos e gaúchas têm muito a contribuir com este 2º Fórum e, desde já, estão convidados a participar ativamente da sua construção.


Colunistas

ANA AMÉLIA LEMOS

Os novos consumidores
A Rússia, nos últimos cem anos, fez duas revoluções. A comunista, em 1917, e a capitalista, nos anos 90. Na primeira, o Estado tomou conta de tudo. Foi pai e patrão. Na última, ainda em transição, os russos tiveram de mudar hábitos e a conviver com o pluralismo partidário e a liberdade econômica. As mudanças foram radicais. Não há mais fila em Moscou. Os consumidores têm acesso a bens que, duas décadas atrás, eram impensáveis e inacessíveis. A capital, que possui um dos mais belos conjuntos arquitetônicos do mundo, formado pelo Kremlin e pela famosa Praça Vermelha, é hoje uma das cidades mais caras do mundo. O poder aquisitivo da população não justifica a realidade do mercado.

A geração mais velha sofre. As aposentadorias variam de US$ 50 a US$ 100. Muito pouco para o custo de vida da cidade, onde um copo de refrigerante, em um bar de qualidade, custa 120 rublos (US$ 4) ou R$ 10. Isso explica por que os vôos procedentes da Europa Ocidental (Alemanha, França, Espanha) se parecem com os ônibus dos sacoleiros brasileiros que se ab astecem no Paraguai. Os preços em Moscou são duas ou três vezes maiores do que os de qualquer país da Europa Ocidental, garantiu um engenheiro de Portugal que vive, faz 10 anos, na capital russa.
As mudanças rápidas na economia podem melhorar o poder aquisitivo da população. O mercado russo é hoje o principal importador de carne suína brasileira. Em 2001, foram 130 mil toneladas. Neste ano, podem chegar a 180 mil e se houver, como se espera, autorização para a venda direta ao varejo, só a carne suína pode chegar a 250 mil toneladas, estima o secretário de Agricultura de Santa Catarina, Odacir Zonta. A visita de Fernando Henrique Cardoso contribuirá muito não só para o aumento da exportação do segmento de carnes (frango, suíno e bovino), mas também para outros bens de consumo, como cosméticos, calçados e outros manufaturados. Vários acordos de cooperação foram assinados. Ficou claro que o comércio tem duas mãos. Barreira de um lado, a porta fecha do outro. Este é o pragmatismo notado nas relações do Brasil com seus parceiros estratégicos, como é o caso da Rússia. O presidente Vladimir Putin este ano deve visitar o Brasil, retribuindo a visita de Fernando Henrique Cardoso. Os russos acham que o Brasil é uma excelente plataforma, não só para o lançamento dos seus foguetes na base brasileira de Alcântara, no Maranhão, mas também para a chegada dos seus produtos e das suas empresas ao Mercosul, à América Latina e à África.


JOSÉ BARRIONUEVO

Por um mínimo de convivência
O périplo do presidente regional do PPS, Nelson Proença, na busca de diálogo com os demais partidos teve prosseguimento ontem. Numa conversa com o tucano Nelson Marchezan, do PSDB, Proença discutiu a possibilidade de uma aliança para a eleição deste ano.

Agora falta o mais difícil: o PMDB, de onde Proença e o grupo do ex-governador Antônio Britto saíram em setembro. Depois, o aparentemente impossível: Proença vai pedir para conversar com o presidente estadual do PT, David Stival. Não para propor aliança, obviamente, mas para discutir uma espécie de “convenção de Genebra”.

Proença acha que é preciso definir um programa mínimo de convivência entre contrários para que não se confirmem as previsões de uma campanha eleitoral marcada pela selvageria.

Só elogios
Os eleitores que não esperem do deputado Nelson Proença ataques duros à governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL), adversária do ex-ministro Ciro Gomes (PPS) na sucessão presidencial. Proença, que conviveu com Roseana na Câmara, só tem elogios para a governadora: diz que ela é uma mulher inteligente, simpática, boa gestora, administradora competente, além de política talentosa e moderna. Precisa mais?

Mais tempo
O PPS criou alma nova com a reabertura das negociações com o ex-governador e líder máximo do PDT Leonel Brizola, principalmente depois da conversa de ontem, que incluiu o presidente do PTB, José Carlos Martinez. O que Ciro mais precisa é de tempo na TV para dar seu recado.
E tempo o PDT e o PTB têm bastante.

Deputados tentam amenizar a estiagem
A partir de hoje, o deputado estadual Marco Peixoto dá largada num roteiro de uma semana por cerca de 40 municípios atingidos pela estiagem no Estado. Integrante da comissão representativa da Assembléia Legislativa, Peixoto está propondo a prorrogação do prazo de pagamento das dívidas dos agricultores das regiões atingidas, onde 40% da safra foi perdida. No final de semana, o deputado recarregou as baterias numa churrascada em sua casa de praia, onde compareceram os colegas de parlamento Berfran Rosado, do PPS, e Kalil Sehbe, do PDT.

Beto testa candidatura
Candidato a deputado federal, o secretário dos Transportes, Beto Albuquerque, reafirmou seu prestígio nas duas festas de aniversário que realizou no último final de semana para comemorar seus 39 anos. Uma em Porto Alegre e outra em Passo Fundo, que reuniram cerca de 2 mil pessoas. A pressão do PSB para que Beto dispute o Senado é grande, mas as duas vagas da aliança Frente Popular deverão mesmo ser preenchidas por indicações do PT.
Entre as homenagens ao secretário destacaram-se as dos filhos Rafael, de 16 anos, e Pietro, de 12. Rafael toca guitarra e Pietro, teclado.

Villela está no ar
Depois de ser prefeito de Porto Alegre por oito anos (1975 a 1983), deputado estadual, secretário dos Transportes, presidente da CEEE e presidente da primeira agência de regulação de serviços delegados do país – a Agergs –, Guilherme Sociais Villela constrói sua volta à política gaúcha.
Aos 63 anos, Villela já trabalha no lançamento de sua campanha a deputado estadual, mas sem muito alarde em razão dos impedimentos da legislação eleitoral. Por enquanto, um site foi lançado por amigos de Villela com um pouco de sua trajetória pessoal e política: é o www.gsvillela.com.br.
Mas nenhuma vinculação à candidatura é feita no site.

Só sorrisos
O secretário da Administração, Marco Maia, anda rindo sozinho. O governo do Estado conseguiu economizar R$ 66,7 milhões nos últimos três anos com a redução de custos e incremento de receitas. Compras por licitação, por exemplo, passaram a ser realizadas a partir de pesquisas de mercado. Só aí a despesa caiu R$ 16 milhões por ano.

De volta à praça
Agentes da polícia civil abrem hoje o ano de protestos diante das portas do palácio Piratini. São inspetores e investigadores que cobram do governo as promoções por antigüidade e por merecimento não concedidas em 2001. Outro fator de descontentamento é o envio de projeto que reestrutura a carreira dos policiais sem o aval da categoria. Vai esquentar.

No banco escolar
Saudoso dos bancos escolares, o prefeito de Santa Maria, Valdeci Oliveira (PT), está prestando exame vestibular para o curso de História no Centro Universitário Franciscano do município. São 40 vagas. Concurso disputadíssimo, mas que talvez seja mais fácil para o candidato do que quando disputou e se elegeu deputado federal e depois prefeito.


ROSANE DE OLIVEIRA

O recado de Olívio
Agora é oficial: o governador Olívio Dutra informou ontem à direção do PT que está disposto a concorrer à reeleição. Disse que o melhor é o PT escolher seu candidato por consenso, “com o objetivo de dirigir as energias para a disputa com os adversários do projeto”, mas lembrou que as prévias são um instrumento legítimo do partido. Resumo da ópera: ninguém quer as prévias, porque trazem desgaste, mas elas só serão evitadas se a pesquisa encomendada ao Ibope mostrar que o prefeito Tarso Genro não tem vantagem significativa sobre o governador.

O fato de oficializar sua candidatura no primeiro dia depois do retorno das férias – e antes da reunião do diretório marcada para o próximo sábado – indica que Olívio quer marcar posição contra o critério escolhido por seu adversário, o da pesquisa de viabilidade eleitoral. E que não está disposto a permitir o avanço de Tarso sobre suas fileiras.

A contratação da pesquisa e o valor a ela atribuído por Tarso provocou um maremoto no PT. A direção mandou um aviso aos navegantes: a pesquisa é interna e seus resultados só serão apresentados aos dirigentes petistas. Situação complicada, porque Tarso condicionou sua permanência na disputa ao resultado da pesquisa. Dependendo da decisão que tomar, se terá uma idéia do resultado da pesquisa – que cedo ou tarde acabará vazando.

Olívio defendeu o consenso – como 10 em cada 10 petistas – mas não excluiu a possibilidade de uma prévia. O problema do consenso a estas alturas é convencer os partidários de um e de outro candidato a abandonar a disputa antes da batalha decisiva. Como os dois admitem o confronto direto, a oposição torce para que isso se concretize, e o PT rache sem possibilidade de colar os cacos.

A oposição não tem pressa. O ex-governador Ant ônio Britto (PPS) jura que não é candidato, mas seu comportamento indica o contrário. A agenda não deixa dúvida: Britto aceita todos os convites para palestras no Interior e na Capital, com a desculpa de que está trabalhando pelo crescimento do PPS. Enquanto as alianças nacionais não se definem, as definições regionais ficam congeladas, mas as conversas seguem em ritmo frenético. Britto é o Plano A. O presidente da Assembléia, Sérgio Zambiasi (PTB), que se declara candidato ao Senado, o Plano B.

O PPB, com Celso Bernardi, e o PDT, com José Fortunati, estão em campanha, mas nenhuma candidatura poderá ser considerada definitiva até as convenções. Orientados por pesquisas, os partidos de oposição avaliam se é melhor disputar o primeiro turno com dois ou três candidatos e somar forças no segundo turno ou formar uma aliança mais ampla para 6 de outubro.


Editorial

O RECADO DE OLÍVIO

Agora é oficial: o governador Olívio Dutra informou ontem à direção do PT que está disposto a concorrer à reeleição. Disse que o melhor é o PT escolher seu candidato por consenso, “com o objetivo de dirigir as energias para a disputa com os adversários do projeto”, mas lembrou que as prévias são um instrumento legítimo do partido. Resumo da ópera: ninguém quer as prévias, porque trazem desgaste, mas elas só serão evitadas se a pesquisa encomendada ao Ibope mostrar que o prefeito Tarso Genro não tem vantagem significativa sobre o governador.

O fato de oficializar sua candidatura no primeiro dia depois do retorno das férias – e antes da reunião do diretório marcada para o próximo sábado – indica que Olívio quer marcar posição contra o critério escolhido por seu adversário, o da pesquisa de viabilidade eleitoral. E que não está disposto a permitir o avanço de Tarso sobre suas fileiras.

A contratação da pesquisa e o valor a ela atribuído por Tarso provocou um maremoto no PT. A direção mandou um aviso aos navegantes: a pesquisa é interna e seus resultados só serão apresentados aos dirigentes petistas. Situação complicada, porque Tarso condicionou sua permanência na disputa ao resultado da pesquisa. Dependendo da decisão que tomar, se terá uma idéia do resultado da pesquisa – que cedo ou tarde acabará vazando.

Olívio defendeu o consenso – como 10 em cada 10 petistas – mas não excluiu a possibilidade de uma prévia. O problema do consenso a estas alturas é convencer os partidários de um e de outro candidato a abandonar a disputa antes da batalha decisiva. Como os dois admitem o confronto direto, a oposição torce para que isso se concretize, e o PT rache sem possibilidade de colar os cacos.

A oposição não tem pressa. O ex-governador Antônio Britto (PPS) jura que não é candidato, mas seu comportamento indica o contrário. A agenda não deixa dúvida: Britto aceita todos os convites para palestras no Interior e na Capital, com a desculpa de que está trabalhando pelo crescimento do PPS. Enquanto as alianças nacionais não se definem, as definições regionais ficam congeladas, mas as conversas seguem em ritmo frenético. Britto é o Plano A. O presidente da Assembléia, Sérgio Zambiasi (PTB), que se declara candidato ao Senado, o Plano B.

O PPB, com Celso Bernardi, e o PDT, com José Fortunati, estão em campanha, mas nenhuma candidatura poderá ser considerada definitiva até as convenções. Orientados por pesquisas, os partidos de oposição avaliam se é melhor disputar o primeiro turno com dois ou três candidatos e somar forças no segundo turno ou formar uma aliança mais ampla para 6 de outubro.


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01/15/2002


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