Mais de sete mil eleitores estão aptos a votar no Estado









Mais de sete mil eleitores estão aptos a votar no Estado
Filas de jovens em busca do primeiro título e de pessoas que desejam regularizar a sua situação eleitoral estão se formando na Central do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), localizada na rua Padre Cacique, 96. Segundo a assessoria de imprensa do órgão não há dificuldades e o fluxo do atendimento é normal.

O espaço, totalmente informatizado, foi recentemente inaugurado pelo Tribunal, centralizando os cartórios das dez zonas eleitorais da Capital. No interior a situação é semelhante com grande procura pelo serviço. O prazo para a regularização eleitoral encerra amanhã, quando é esperado um movimento ainda superior ao constadado nos últimos dias.

Num levantamento parcial, feito até o dia 4 de maio, o número total de eleitores aptos para votar nas próximas eleições, no Rio Grande do Sul, era de 7.278.797 eleitores, sendo 3.717.001 do sexo feminino e 3.561.796 masculino. Num comparativo com os anos de 1998 (6.846.077 eleitores) e 2000 (7.112.134 eleitores), houve um crescimento aproximado de 6,28% do eleitorado gaúcho. Nesta quarta-feira, está prevista uma entrevista coletiva com o presidente do TRE, desembargador Clarindo Favretto, quando este informará os números oficiais.


Britto formaliza sua candidatura ao Piratini
"A partir de agora é um caminho sem volta!" Com essa afirmação o ex-governador Antônio Britto (PPS) formalizou ontem a sua candidatura ao governo do Estado pelo partido de Ciro Gomes. Juntamente com o senador José Fogaça, que anunciou a sua candidatura a reeleição, Britto lembrou que aprendeu com a derrota sofrida em 1998 que lhe fez "ouvir mais a vontade das ruas".

A partir da definição, Britto e as lideranças do PPS começam a costurar o que chamou de "alianças não só eleitorais, mas de governabilidade" com outras legendas. O primeiro encontro será, hoje, às 11h, com o PFL, de Germano Bonow, seu ex-secretário da saúde e nome cotado para ser o seu vice, numa eventual confirmação da coligação regional. Britto estará acompanhado de Fogaça e do presidente do PPS, deputado Nelson Proença.

Como candidato oficial, Antônio Britto destacou a posição adotada pelas lideranças do PTB que assumiram publicamente o seu desejo em estar ao lado do PPS no processo eleitoral de outubro, contrariando deliberação nacional que aponta a aliança com José Fortunati, candidato do PDT. Para o ex-governador o rompimento da Frente Trabalhista se deu por razões unilaterais do PDT e ele não vê o afastamento dos partidos como um "adeus" e sim como um "até logo". Sobre o PTB ressaltou que mesmo que o apoio não seja oficial o desejo e a intenção dos petebistas é o que lhe basta.

Quanto às criticas recebidas por seus ex-companheiros do PMDB no final de semana, Britto se resumiu a expressar a sua solidariedade com o "momento difícil" pelo qual passa o senador Pedro Simon. Considerou que prefere lembrar do PMDB que há seis meses atrás o queria como candidato ao governo. "Ao longo de 20 anos Simon me conduziu pela vida política e não é brinquedo o que ele está passando. De mim ele terá sempre carinho e compreensão". Disse que, caso Ciro Gomes não vá para o 2º turno das eleições presidenciais, e Simon venha a ser candidato a vice, não terá dificuldades em votar nele para o cargo.

Britto garantiu que não pretende fazer dessa campanha um terceiro turno das eleições de 1998. "Ninguém me deve e não devo para ninguém. Não estou querendo acerto de contas", destacou.

José Fogaça vai para mais uma reeleição
O senador José Fogaça também anunciou que é candidato à reeleição para o Senado Federal, e defendeu uma grande pacificação construtiva do Estado. Ele afirmou que "a fase que nós estamos vivendo acho que não é nem tanto uma questão do país, mas do estado. O Rio Grande do Sul é um estado muito difícil de governar. Quem conhece as finanças do estado sabe que as suas condições são hoje muito precárias, sabe que será preciso um apoio político muito grande para governar. E seria uma irracionalidade de quem quer que seja, neste momento, buscar dividir, buscar reduzir apoios, buscar confrontar situações inúteis. A minha disposição, como candidato ao Senado, é a de trabalhar permanentemente numa coisa, que é a conciliação política do estado, daqueles partidos que desejem conciliar-se com o bem comum, com o objetivo comum de fazer o Rio Grande se estabilizar como administração pública, como administração que tem dívidas a pagar, tem compromissos a cumprir, que tem serviços a prestar à população. E, como tal, nós não devemos e nem podemos tratar de questões que muitas vezes são da vida interna do partido, tratar de relações que muitas vezes são problemáticas entre nós políticos, mas que muitas vezes também são questões que operam no universo pessoal de cada um ou no universo restrito da vida partidária".


Collares acusa PTB gaúcho de traição na campanha municipal
A entrevista coletiva convocada ontem pelo PDT serviria para o pré-candidato José Fortunati responder as críticas de integrantes da Frente Trabalhista sobre sua pouca viabilidade eleitoral. Mas o deputado federal Alceu Collares roubou a cena, acusando o PTB de traição durante a campanha eleitoral para a prefeitura de Porto Alegre, em 2000. Segundo Collares, o presidente de honra do PTB, deputado Sérgio Zambiasi e o atual vice, Cláudio Manfrói, sequer apareciam em eventos da campanha.

Acusou, ainda, a direção regional de manipular os petebistas gaúchos para favorecer o candidato do PPS, Antônio Britto, na pesquisa interna feita com 210 filiados, em encontro realizado na sexta-feira. "São traidores e só vão nos apoiar se houver uma intervenção da executiva nacional. Não podemos esperar por eles", disse, diante de lideranças pedetistas perplexas e bem mais comedidas nas palavras.

O presidente regional do PDT, deputado Vieira da Cunha, ainda tentou conciliar, lembrando que a aliança no Rio Grande do Sul é "um embrião para um partido trabalhista unificado". Conforme ele, os pedetistas esperam que o PTB indique o vice na chapa encabeçada por Fortunati. "Confio que não haverá necessidade de intervenção, mas a assimilação da base petebista sobre a importância da união", comentou, referindo-se à possibilidade de a executiva nacional do PTB intervir no Estado.

A Fortunati restou lembrar pesquisas eleitorais dos últimos anos em que a vitória não coube ao primeiro colocado nas pesquisas de intenção de votos. Destacou que a estrutura do partido e a garra da militância serão fundamentais na melhoria de seu desempenho na campanha. "O processo eleitoral apresenta surpresas. Eu estava quase me convencendo que não tinha visibilidade, mas lembrei que me elegi para diversos cargos com excelente votação", analisou.

Fortunati considera que foi transformado em "miss simpatia" da campanha. "Me elogiam dizendo que dialogo com todos mas, paradoxalmente, falam que não tenho visibilidade", lamentou. Acrescentou, ainda, que ficará à vontade para criticar o PT durante o período eleitoral, porque já fazia isso antes de sair do partido, no ano passado.


Tarso Genro dá receita para enfrentar a Alca
O pré-candidato do PT ao governo do Estado, Tarso Genro, defendeu ontem, em Madri, o fortalecimento e a diversificação da base produtiva do Estado visando o aumento da capacidade de resistência e da competitividade contra a implantação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca).

Depois de cumprir agenda em Barcelona, onde se encontrou com dirigentes da "Iniciativa Por Catalunha" e proferiu conferência na Universidade Pompeo Fabra, Tarso se reuniu com a alta direção do Partido Socialista Espanhol. Pela manhã, fez palestra para representantes de 20 grandes empresas e grupos empresariais, entre eles a Repsol, o Grupo Santander e a Teka Eletroeletronica.

Em sua exposição, o candidato mostrou dados econômicos do Estado, apresentou sua base produtiva e o sistema de políticas sociais, chamando atenção para investimentos altamente produtivos na região. Tarso destacou a importância da articulação política e econômica com a União Européia e discorreu sobre o futuro do Mercosul e do Estado. "Precisamos que nossa base produtiva seja fortalecida e diversificada, que tenha capacidade de resistência e competitividade contra a implantação unilateral da Alca", afirmou.
A agenda de trabalho prosseguiu com entrevista à principal emissora de rádio da Espanha e reunião com a mais importante central sindical do País e com dirigentes políticos da Esquerda Unida que governam diversas municipalidades espanholas. Hoje, Tarso viaja para Roma, onde se reunirá com representantes dos partidos de centro-esquerda.

Tarso comentou, ainda, o lançamento da candidatura de Antônio Britto (PPS) ao Palácio Piratini. Para ele, a entrada de Britto na disputa "reforça a democracia no Rio Grande do Sul". Afirmou também que uma aproximação do candidato do PT à presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, com Ciro Gomes, no primeiro turno, é improvável.


Para Serra, abertura de CPI não faz sentido
O senador José Serra, pré-candidato do PSDB à Presidência da República, defendeu ontem, em Arapiraca, a 136 quilômetros de Maceió, que não faz sentido a abertura de uma CPI para investigar as denúncias da Revista Veja, publicada neste final de semana, de que o ex-presidente do Banco do Brasil, Ricardo Sérgio de Oliveira, tentou cobrar comissão de R$ 15 milhões do empresário Benjamin Steinbruch no leilão da Companhia do Vale do Rio Doce. "Qualquer coisa deve ser investigada sempre, mas desde que se trate de algo concreto e não "ti-ti-ti" ou cascas de banana jogadas aqui e acolá", disse. "Não faz sentido, mas as oposições estão no seu direito", afirmou. "A oposição sempre quer levar as coisas adiante para desgastar o governo, o que é normal em uma democracia, e desta vez com conotação eleitoral".

O ex-ministro da Saúde garantiu não temer o desgaste pretendido. "Não tem nada a ver comigo", observou. Ele lembrou que "não há nenhum governo que tenha investigado tanto e tudo quanto o governo Fernando Henrique". Serra fez estas declarações em uma rápida entrevista depois do lançamento do programa Bolsa Alimentação, quando ele recebeu o título de cidadão honorário arapiraquense por decisão unânime da Câmara de Vereadores e uma comenda da prefeitura.

Em seu discurso, Serra alertou que a Argentina saiu do rumo por causa de eleição. "Em campanhas eleitorais havia quem criticava tudo, quem dizia que tudo estava ruim, e propunha o céu", disse. "Mas quando chegou no governo não teve coragem de fazer nada e o país foi para baixo, perto do inferno". Ele afirmou ser preciso aprender com o que ocorreu no país vizinho: "O Brasil não pode sair do rumo, mas dentro desse rumo, tem que acelerar".


Greve dos servidores afeta Justiça do Trabalho
A Justiça do Trabalho foi a mais afetada no primeiro dia da greve dos servidores do Judiciário Federal. Foram registradas filas no protocolo do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) na avenida Praia de Belas, em Porto Alegre. Pelo menos 100 mil processos trabalhistas deixaram de ser analisados no Rio Grande do Sul. Na Justiça Federal, a greve foi parcial e contou com o apoio de alguns servidores da Justiça Eleitoral e Militar.
A categoria reivindica a votação na Câmara do Deputados do Plano de Cargos e Salários (PCS). O Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal (Sintrajufe) informou que a adesão a greve no Estado chegou a 70%.
Na Capital, paralisaram as atividades os funcionários do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (sedes Moinhos de Vento e Centro) e do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região e das 30 Varas do Trabalho na Praia de Belas. Deste total, cinco foram fechadas.

A direção do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) garante que uma eventual paralisação não vai afetar o funcionamento dos cartórios eleitorais, já que a maioria é cedida por outros órgãos como a extinta Caixa Econômica Estadual. A categoria realiza amanhã uma manifestação na frente da Central de Atendimento do Eleitor, na avenida Padre Cacique. É quando termina o prazo do alistamento eleitoral para a eleição deste ano. O atendimento ao público foi tranqüilo ontem. A diretora da 112ª Zona Eleitoral, Maria Luiza Flores, explicou que estão sendo atendidas por dia uma média de duas mil pessoas que pretendem fazer o título pela primeira vez ou realizar a transferência de domicílio eleitoral.


Artigos

A judicialização da política
Luciano André Losekann

Em artigo jornalístico, eminente deputado estadual, reportando-se, mais uma vez, a ação de reintegração na posse da Fazenda Pontão, em Passo Fundo, comparou as invasões do MST com a "sentença" (na verdade, simples decisão interlocutória) do magistrado que indeferiu o pedido de liminar formulado pelo proprietário da área, irrogando a ambas as decisões (a de invadir propriedades rurais e à decisão judicial sobre a invasão) a pecha de "nazistas". Isso porque não teriam elas observado o direito de propriedade, tendo o parlamentar visualizado aí o germe de uma grande instabilidade social, que conduziria a um tipo de estado totalitário, como a Alemanha de Hitler, ou, quando menos, a um estado fascista, como o de Mussolini. Os equívocos do raciocínio, porém, são flagrantes e começam por querer comparar o incomparável, isto é, a invasão e a decisão judicial sobre a invasão da propriedade. Mas o mais grave, no entanto, está no fato de que essa espécie de argumento não trata com a devida seriedade uma questão bastante complexa. Pelo contrário, banaliza a discussão, faz parecer que a decisão do juiz não foi fundamentada, não contribuiu para o aperfeiçoamento da democracia e nem zela pela necessária independência e harmonia que deve haver entre poderes de Estado. Refiro-me a um fenômeno que, apesar de não ser recente, tem-se intensificado entre nós desde a Constituição de 1988: a judicialização da política.

Por judicialização da política entende-se, na esteira de conceituado juspublicista alemão, o fenômeno de atribuir ou submeter a tribunais judiciários a decisão a respeito do mérito de ações político-administrativas ou normas obrigatórias, determinando o surgimento de uma nova prática jurisdicional. Com isso se quer dizer que já vai longe o tempo em que os juízes eram "a boca que pronuncia as palavras da lei, seres inanimados que não podem moderar a sua força, nem seu rigor", na conhecida lição de Montesquieu, em seu Espírito das Leis. Vale dizer, os juízes não são porta-vozes mecânicos das "intenções do legislador", seres desprovidos de vontade que devem, simplesmente, ajustar os fatos às normas pré-estabelecidas. E essas mudanças no modo de pensar e de julgar dos juízes remontam às Constituições surgidas após as duas grandes guerras mundiais, que de simples instrumentos de organização da vida estatal passaram a ser instrumentos normativos de alargamento das tarefas do estado, incorporando fins econômicos e sociais a serem atingidos pela aplicação de suas normas. No Brasil, a judicialização da política adquiriu um colorido especial a partir da Constituição de 1988, por dois fatores. O primeiro, pela própria linguagem incorporada ao novo texto constitucional, com expressões de caráter vago, impreciso e indeterminado (tais como "dignidade da pessoa humana", "Estado (Democrático) de Direito", "função social da propriedade", "moralidade pública", entre tantas outras), cujos conteúdos eram - e são - em essência, políticos, atribuindo a Lei Maior competência também ao Poder Judiciário (e, naturalmente, a seus juízes) para dar u m significado substancial (e não apenas formal) a tais palavras, no momento de aplicação da lei, com o que se mostra inevitável que o juiz acabe por se debruçar sobre os conteúdos políticos que compõem as normas e, também inevitavelmente, assuma uma posição, em um ou outro sentido. O segundo, porque a redação de uma Constituição dotada de conceitos "abertos" não decorreu de acaso, mas da ausência de bancadas políticas hegemônicas no seio da Assembléia Nacional Constituinte de 1987-88, de sorte que a Carta Política que daí surgiu foi o "compromisso possível" entre forças antagônicas (entre elas a do respeitável deputado estadual referido ao início), que confiaram ao legislador ordinário e ao Poder Judiciário a tarefa de complementá-la. Nenhuma decisão judicial agrada aos dois contendores de um processo, especialmente quando estão em jogo interesses tão ferrenhamente defendidos como no caso da Fazenda Pontão: de um lado, o respeitável direito dos proprietários da área; de outro, o não menos respeitável direito de quem foi sendo, paulatinamente, expulso da terra e dela necessita para sobreviver.


Colunistas

ADÃO OLIVEIRA

A guerra dos bugios
Do jeito que vai, a guerra entre o PFL e o PSDB entregará, de mãos beijadas, o Palácio do Planalto ao petista, Luiz Inácio Lula da Silva. A história levantada por Veja de que Ricardo Sérgio Oliveira, amigo de José Serra, teria pedido para Benjamin Steinbruch, uma propina de R$ 15 milhões para ajudar a montar um consórcio que comprou a Companhia Vale do Rio Doce, fez balançar a pré-candidatura de Serra, desarrumou o ninho e sujou o muro dos tucanos, deixando um odor fétido jamais sentido por lá.

O ministro da Educação, Paulo Renato confirma ter ouvido a denúncia de Steinbruch e um ex-ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros, também. Essa é a segunda edição de um "reality show" que tem impressionado milhões de brasileiros.

A primeira, começou com a descoberta, pela Polícia Federal, de 26 mil notas de R$ 50 reais, na empresa Lunus, de propriedade da então pré-candidata do PFL à sucessão de Fernando Henrique Cardoso. Roseana Sarney que estava com os índices de aceitação popular "lá em cima" e que desmoronou nas pesquisas, saiu da disputa acusando o tucano José Serra, do PSDB, de ter urdido a trama que a destruiu.

Agora veio a vingança armada pelo babalorixá baiano Antônio Carlos Magalhães, do PFL. Não é de agora que ACM não gosta de José Serra. A implicância é dos dois lados. Começou com o não atendimento por Serra, de pedidos de recursos da área da Saúde para a Bahia, solicitados por Antônio Carlos. ACM começou fazendo queixas de Serra a Fernando Henrique, por telefone. Não adiantou. ACM passou a mandar cartas falando mal do ministro da Saúde. Bulhufas! Aí então, o "Painho" passou a esculhambar o ministro da Saúde pela imprensa e formar um dossiê contra ele. ACM é assim, tem o costume de formar dossiês incriminando inimigos, possíveis inimigos e, se querem saber, até amigos. "Ninguém sabe quando eu posso usar um desses contra eles", orgulhava-se quando era descoberto "especulando" sobre a vida de alguém.

Foi investigando José Serra que ACM chegou em Ricardo Sérgio Oliveira. Foi Serra quem o colocou no Banco do Brasil, como diretor da área internacional. Já diretor do BB, Ricardo Sérgio confessou a Mendonça de Barros, que operava nos "limites da irresponsabilidade" durante o episódio de privatização das teles. Parece que também agia assim quando arrecadava preciosos milhões de reais para as campanhas de seu amigo e padrinho José Serra ou para quem quer que fosse. Para as campanhas políticas de Fernando Henrique, por exemplo.

Essa denúncia pode, até não acabar com a candidatura de Serra, mas ela corre riscos de ser inviabilizada. Antônio Carlos Magalhães vive um bom momento. Depois das agruras da cassação de seu mandato de senador, só agora ele se recuperou. Sua recuperação pública foi espetacular! Ele foi fotografado beijando na boca, a embaixatriz Lúcia Flecha de Lima, para deleite das más línguas da corte brasiliense. Esse ACM, de bem com a vida, está "querendo ver o circo pegar fogo". Ele está pedindo uma CPI para investigar a denúncia de Steinbruch. José Aníbal, presidente do PSDB, que criticou duramente Paulo Renato, seu colega tucano, não vê motivos para uma CPI. Enfim, aqui em Brasília já se fala de tudo, inclusive na troca de candidatos saindo José Serra, uma candidatura que não decola, entrando Aécio Neves, um tucano de plumagem blindada.
Uma coisa é fundamental nisso tudo. É o tratamento que a grande imprensa vai dar à denúncia da Veja em relação ao caso Vale. No Lunus, a mídia "colou" a descoberta do dinheiro na Roseana. No caso da propina na Vale, já não está sendo bem assim. Portanto, tudo pode acontecer. Inclusive, nada. Enquanto isso, Lula que não é bobo, permanece quietinho. Não fala nada. Agindo assim ele erra menos e "piriga nadar, nadar e se esbaldar na praia". Com toda essa ajuda...!


CARLOS BASTOS

Britto se lança e tem encontro com PFL
O ex-governador Antônio Britto anunciou oficialmente ontem que é candidato ao governo do Estado, em virtude de ter fracassado a tentativa de salvar a Frente Trabalhista no Rio Grande do Sul. Ele estava acompanhado pelo senador José Fogaça, que também se lançou como candidato à reeleição. Ao mesmo tempo em que assumiu definitivamente sua candidatura ao Palácio Piratini, Antônio Britto anunciou aos jornalistas que hoje às 11h estará fazendo uma visita ao PFL em sua sede na rua dos Andradas, onde será recepcionado pelo presidente Germano Bonow e seus companheiros. Na entrevista que concedeu aos jornalistas ontem, anunciando sua candidatura ao governo, Antônio Britto evitou comentar as críticas que lhe foram dirigidas no encontro das mulheres peemedebistas, domingo, especialmente pelo senador Pedro Simon. O ex-governador disse que respeitava muito a história política do senador, e em tom de ironia enfatizou que compreendia a situação difícil que atravessa o senqador Pedro Simon.

Diversas
  • Antônio Britto mandou um recado especial para os pauteiros dos veículos de comunicação, de que não vai entrar nas brigas menores da campanha. Alertou que nada vai o afastar desta posição, de ficar longe de tricas e futricas.

  • Britto só estranhou que seus críticos de domingo, na reunião do PMDB, sejam os mesmos que propugnavam há seis meses o seu nome para suceder Olívio Dutra. Chegaram a se posicionar contra sua candidatura à presidência do partido, sob o argumento de que deveria se preservar para concorrer ao governo.

  • O ex-governador anunciou que a partir de agora terá muito cuidado em suas manifestações, pois esta é uma eleição em dois turnos. E no segundo turno não haverá oito candidatos, mas somente dois. E as pessoas terão que fazer opção, comentou Britto.

  • A visita hoje ao PFL gaúcho confirma a informação antecipada por esta coluna, de que o PPS se coligaria com o partido de Jorge Bornhausen, destinando a vaga de candidato a vice-governador ao deputado Germano Bonow. É lógico que hoje ainda não será confirmada esta "dobradinha".

  • Britto também se declarou muito sensibilizado pela manifestação de simpatia apresentada pelo PTB gaúcho na reunião realizada semana passada. Chegou a dizer que tal pronunciamento dos petebistas, com mais de 90% favoráveis ao seu nome, já lhe satisfazia, independente da formalização de um apoio oficial do partido.

  • Já o deputado Ronaldo Zulke, do PT, diz que o discurso eleitoral do ex-governador Britto "é uma roupagem nova para velhas idéias e práticas". Acrescentou que uma rápida retrospectiva de sua administração aponta o tamanho da contradição entre o discurso e a prática.

  • O vereador José Fortunati concedeu entrevista ontem reafirmando sua candidatura ao governo, mas quem roubou a cena foi o ex-governador Alceu Collares, que acusou Sérgio Zambiasi e Claudio Manfrói, do PTB, de terem se omitido de sua campanha na eleição para a Prefeitura de Porto Alegre.

    Última
    Vai a voto na Comissão de Justiça da Assembléia hoje o projeto de decreto legislativo sustando a aplicação do decreto do Executivo, que tirou o Colégio Tirandentes da orientação da Brigada Militar. O projeto tem parecer pela aprovação já considerando a defesa apresentada pelo Governo, que se baseia no procedimento do processo do calendário rotativo do Governo Collares.


    FERNANDO ALBRECHT

    A invasão I
    Uma assembléia de produtores rurais feita ontem em Aceguá, perto da invadida Fazenda Ana Paula, decidiu pela continuação da vigília e a não-ação de reintegração de posse, procedimento que os pecuaristas e a Farsul acham inútil porque os últimos pedidos têm sido negados, embora deferidos em primeiro grau. Um grupo de jornalistas e deputados foram ontem até a Ana Paula. A fazenda é um brinco. Nada é deixado ao acaso. Só de milho e milheto para silagem, são 500 hectares irrigados, que são distribuídos para os parceiros da fazenda, cujo dono é Ernesto Correia.

    A invasão II
    Como se vê, é realmente um empresário de proa e que, entre outras coisas, é responsável por 70% da exportação do calçado brasileiro. Seria o caso do MST invadir as fábricas de calçados do Vale dos Sinos, porque parte vai para a exportação. Pelo menos foi esse o argumento dos invasores no caso da Ana Paula. O problema da invasão é que estrangulou toda a produção da Ana Paula, que parou. O motivo é simples: a fazenda tem um formato em 8 e o MST acampou bem no meio do 8, atrapalhando todo o manejo, transporte e atividades afins. E não há data para terminar o calvário. O clima em Bagé e Fronteira é de consternação, impotência e revolta.

    Fim de papo
    No fundo, no fundo, toda essa discussão em torno dos objetivos da esquerda em geral e do MST em particular pode ser resumida de forma muito simples: o MST é contra a propriedade privada, ponto. Reforma agrária é papo furado. O resto é conversa para boi dormir, seja ele da Ana Paula ou de qualquer outra fazenda gaúcha. Por enquanto. Talvez brasileira, em breve.

    Favelas rurais
    Uma dezena de deputados e outro tanto de vereadores da Fronteira estiveram na manifestação dos produtores, que teve à frente o presidente da Farsul, Carlos Sperotto. A folhas tantas, o produtor Gedeão Pereira, disse que, da forma como estão fazendo a reforma agrária no Brasil, estão é transformando terras produtivas em favelas rurais.

    Suculento mocotó
    Se nos anos 60 alguém dissesse que no futuro um dos melhores mocotós da cidade seria de um hotel cinco estrelas, provavelmente seria levado em camisa de força para o então hospício. Mas é. O mocotó do Plaza São Rafael, servido às sextas, é de primeira. Melhor ainda, quem chega no lobby bar do hotel pode saborear o suculento prato a qualquer hora do dia ou da noite.

    OP para italiano...
    O secretário do Planejamento Municipal, Carlos Eduardo Vieira,viajou para a Itália a fim de fazer palestras no Curso de Formação "Indicadores e Instrumentos da Nova Democracia Territorial: o Orçamento Participativo", que se realiza na cidade de Trento. Claro está que Vieira vai falar da experiência do OP em Porto Alegre, sua história, conceitos e realizações.

    ...e OP para espanhol
    Já o candidato do PPB ao Piratini, Celso Bernardi, foi procurado pela TVE espanhola para falar sobre o Orçamento Participativo da capital gaúcha. Segundo Bernardi, os entrevistadores ficaram surpresos com os dados por ele apresentados. Ele disse que todas as grandes obras de infra--estrutura da Capital não passaram pelo OP. Bernardi garante que caiu a ficha espanhola.

    Multa parcelada
    O líder do PMDB na Câmara Municipal, vereador Fernando Záchia, está propondo parcelamento das multas de trânsito em quatro vezes. O projeto tramita nas comissões do Legislativo e deve ser votado até o final do primeiro semestre. Segundo Záchia, a prefeitura já parcela o IPTU e pode fazer o mesmo em relação às multas, argumentando que não é qualquer um que pode pagar uma multa de 540 Ufirs, por exemplo.

    Missão impossível
    O vereador Adeli Sell (PT) propôs à prefeitura de Porto Alegre que seja tomada uma atitude para coibir o comércio ambulante na orla do Guaíba. Adeli disse que está estudando mudanças na lei do comércio informal, tornando a orla um local apenas para áreas de alimentação e lazer, mediante licitação. Vereador, isso sim que é missão impossível. A bem da verdade, diga-se que Adeli tem mantido uma luta incansável contra as ilegalidades, o que lhe tem valido inclusive danos no seu patrimônio. Mas, navegar é preciso, como já disse o general português Pompeu.

    Deputado Bernardo de Souza (PPS) recebe hoje a Medalha Ambiental 1° Grau "Mar".

    Boticário lança dia 9 em escala nacional seus novos perfumes Tarsila e Renault Clio.

    Encontro Latino Americano de Recursos Humanos será de 22 a 24, em Gramado, promoção ABRH/Racional.

    Sebrae implantou o Processor Web para realizar a gestão de seus sites.

    Jardine Veículos recebeu a visita do presidente e vice da GMB, Walter Wieland e José Carlos Pinheiro Neto.

    AM3 Comunicação Integrada comemora seis anos com seu foco na construção de sites.

    Associação Cristã de Moços (ACM) homenageia seus voluntários e apresenta o balanço social dia 16.


    Editorial

    DA TERRA NASCEM OS CONFLITOS NO RIO GRANDE

    Quando parecia que todas as adjetivações, todas as opiniões e ângulos, contra e favor, do Movimento dos Sem Terra, MST, e das ocupações por ele promovidas no Estado e no País estavam esgotados, eis que surgem novas versões para os mesmos fatos. Porém acrescidas de pitadas de posições jurídicas, de contradições e da certeza, provada pela undécima vez, que se trata muito mais de arregimentação política em busca da convalidação dos seus propósitos do que um efetivo movimento social. A invasão da Fazenda Ana Paula é a chamada gota de água que faz entornar o caldo da paciência e da compreensão para a Reforma Agrária, cuja realização não tem contestadores há muito. O que continua em discussão são os métodos, o financiamento, a logística e a petulância dos seus dirigentes, que estão debochando do ordenamento jurídico e social que deve regrar a vida coletiva e manter o tão propalado e desgastado termo Estado Democrático de Direito. Pois mesmo tendo desapropriado milhões de hectares com uma fortuna, o governo federal vem sendo fustigado durante todos os oito anos da gestão do atual presidente da República. Sempre a culpa é de Brasília, por fazer ou deixar de fazer. Ora são os números divulgados, ora os valores investidos na Reforma Agrária, também se as terras são boas ou não. Aqui no Rio Grande o movimento tem uma amplitude muito maior, afinal trata-se do estado com maior produtividade do País, onde estão linhagens de gado de primeira qualidade.

    A produção intensiva de gado é tradição e pressupõe tempo, técnicas e dinheiro para chegar ao nível que alcançamos, onde a Exposição Internacional de Animais, Expointer, é a prova cabal do quanto podem os produtores gaúchos, com o magnífico auxílio dos empregados rurais. De outra parte, ninguém é contra a Reforma Agrária, ponto pacífico discutido à exaustão e onde a convergência é pela distribuição de terras, com apoio na implantação dos núcleos. No entanto, os assentamentos do MST não têm correspondido exatamente ao que deles se espera. Mas, vá lá, não basta dar um pedaço de chão, há que haver acompanhamento e auxílio financeiro até que tudo deslanche. Verbas públicas são destinadas para tanto, inclusive deixando um "pedágio" para su stentar o MST e suas campanhas, porém os resultados deixam a desejar. Entre nós a bipolarização é uma tendência histórica que, não raro, levou a enfrentamentos sangrentos. Guerra dos Farrapos, Revolução Federalista, chimangos e maragatos, getulistas e borgistas, chegando ao esporte, com gremistas e colorados, são divisões que marcam o cenário rio-grandense. O MST extrapolou todas as fronteiras ao invadir a Fazenda Ana Paula, cujos produtos estão aí, nas prateleiras dos supermercados, deliciando os paladares. Seu tamanho é proporcional ao que se propõe fazer, criar o melhor gado de abate, ter toda uma tecnologia e manuseio à disposição, gastar antes para ganhar depois. O que entristece mais e causa insegurança é o radicalismo de quem nasceu com uma finalidade social válida, reclamar terra para quem dela quer viver e somente com isso sabe mexer, tornando-se instrumento político-partidário. Dirigentes do MST declararam, em março, que em abril e maio ocorreriam invasões e com surpresas. Ou seja, há o anúncio de quebra do ordenamento legal e fica por isso mesmo. Incorporamos a violência urbana ao nosso cotidiano, rezando apenas para que não sejamos a próxima vítima, agora também nos acostumamos às diatribres do MST. Se da terra nascem os conflitos no RS, esperamos apenas que não venham a explodir, há pessoas que, parece, tudo fazem para gerar vítimas e mártires para uma causa justa, apenas mal usada e distorcida desde muito.


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    05/07/2002


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