Mais emprego depende de crescimento sustentado e de mudança na economia, dizem economistas



O professor da Universidade de Campinas e atual secretário municipal do Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade de São Paulo, Marcio Pochman, disse nesta terça-feira (27) no seminário "Desemprego e renda - Diagnóstico e perspectivas" que o índice atual de desempregados no país somente foi superado pelos números registrados durante a crise econômica de 1929. De acordo com Pochman, o Brasil disputa hoje com a Indonésia a 2ª e 3ª colocação no ranking mundial, perdendo apenas para a Índia, que ocupa o 1º lugar. O seminário é uma iniciativa do senador Paulo Paim (PT-RS), 1º vice-presidente do Senado.

Segundo o professor da Unicamp, para ocupar os 2,2 milhões de pessoas que ingressam no mercado de trabalho anualmente, o Brasil precisaria crescer entre 5% e 6% ao ano. Na opinião de Pochman, é necessário rever também o modelo econômico, baseado na inserção subordinada no mercado internacional e igualmente dependente do agronegócio. Os países que mais investem em tecnologia registram as menores taxas de desemprego, apontou o economista.

Ainda segundo Pochman, o país enfrenta hoje o mais grave achatamento da renda do trabalhador, que responde por 36% do Produto Interno Bruto (PIB), uma queda de 14% em relação à década de 80. Para compensar a redução nos salários, explicou, um grande contingente de pessoas que já deveriam ter deixado de trabalhar continuam na atividade. Um terço dos aposentados e pensionistas, cerca de 6 milhões de pessoas, estão trabalhando atualmente, disse ele.

Para o professor da Universidade de São Paulo (USP), José Pastore, a redução do desemprego passa pelo crescimento sustentado da economia, por reformas na legislação e por investimentos na educação. O professor da Universidade de Brasília (UnB), Jorge Arbache, relacionou entre os fatores que explicam o aumento do desemprego a depressão da economia brasileira, os graves problemas de condução da política econômica por governos anteriores, a pobreza e a desigualdade, a péssima distribuição das oportunidades de acesso à acumulação do capital humano e, mais recentemente, as reformas estruturais. Para o professor, flexibilizar a legislação trabalhista não é fator fundamental para a redução do desemprego.

O consultor legislativo do Senado, José Pinto da Mota Filho, afirmou ser necessário perseguir alternativas no âmbito do Legislativo para reverter a situação do desemprego. Ele frisou que o maior número de projetos no Congresso aguardando votação está relacionado à questão do emprego ou à legislação trabalhista.



27/04/2004

Agência Senado


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