Malan diz que Fazenda não tem culpa pela crise de energia



O ministro da Fazenda, Pedro Malan, disse nesta quinta-feira (dia 31) que o Ministério da Fazenda não tem culpa pela crise energética vivida pelo país, porque nunca procurou interferir nos investimentos das empresas estatais do setor, em busca dos superávits primários exigidos pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Ao responder a colocações neste sentido feitas por vários senadores na reunião conjunta das Comissões de Assuntos Econômicos (CAE) e de Fiscalização e Controle do Senado (CFC), Malan disse que o governo jamais contingenciou investimentos para o setor elétrico.

Malan negou-se, contudo, a fazer um diagnóstico da crise energética, explicando haver um grupo encarregado desse assunto. Ele anunciou, no entanto, que o governo vai criar condições para que os industriais co-geradores de energia elétrica (que movimentam suas indústrias com usinas próprios) possam vender o excedente da energia que produzem para a rede convencional, fixando, inclusive, a tarifa a ser paga pelas distribuidoras.

A medida foi anunciada por Malan, ao responder colocações enfáticas feitas pelo senador José Alencar (PMDB-MG), que se mostrou indignado pelo abandono das estradas e do setor energético em nome de uma política de estabilidade monetária.

- O combate à inflação tem de ser um meio, e não um fim. O fim tem de ser o desenvolvimento, a geração de riquezas e de empregos. O quadro social e econômico do país hoje é gravíssimo - afirmou o senador.

José Alencar disse ainda que o governo nunca levou a sério a questão do gás, e por isso não dispõe hoje das 49 termoelétricas planejadas, acrescentando que o Ministério da Fazenda não deveria jamais ter se descuidado do sistema de transporte e de energia.

Em resposta ao senador, Malan disse que o combate à inflação nunca foi o objetivo final do governo, mas sim o desenvolvimento. Disse que à exceção do último trimestre de 1998, em nenhum outro período houve queda dos investimentos para o setor elétrico. Assinalou, ainda, que quem deve dizer quanto de recursos públicos tem de ir para esta ou aquela área é o Congresso, que discute e vota o orçamento.

Para Malan, o tema crise energética é recorrente nos últimos 60 anos. Foi sempre assim, disse ele, porque o governo nunca deu conta de acompanhar com investimentos o crescimento da demanda. Ele usou esse argumento para justificar a programa de privatização. Malan disse que em 1995, quando o presidente Fernando Henrique Cardoso assumiu o governo, encontrou 23 usinas paralisadas, das quais hoje, 15 estão em funcionamento. Disse ainda que os gasodutos da Bolívia e da Argentina foram feitos pelo governo atual que, segundo ele, foi o que mais investiu no setor de energia elétrica.

31/05/2001

Agência Senado


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