Serra culpa Ciro pela crise
Serra culpa Ciro pela crise
Candidato do PSDB acusa: cada vez que o ex-ministro abre a boca o dólar sobe e uma fábrica fecha
Diante do crescimento do ex-ministro Ciro Gomes (PPS) nas pesquisas, o senador José Serra (PSDB) mudou de tática. Ele partiu ontem, pela pela primeira vez, para o ataque direto contra Ciro, seu principal adversário na luta para ir ao segundo turno da eleição presidencial com o petista Luiz Inácio Lula da Silva.
"Todas as vezes em que o Ciro abre a boca, o dólar sobe e uma fábrica fecha. Esta é a realidade. Ele está assustando os investidores, jogando no quanto pior melhor para faturar eleitoralmente. É uma ação irresponsável. Ele não tem condições de dirigir a economia", acusou Serra, na saída de um almoço com o governador Joaquim Roriz (PMDB), no restaurante comunitário de Samambaia.
De acordo com Serra, o candidato do PPS está usando a tática do "quanto pior melhor" para provocar instabilidade na economia e, com isso, enfraquecer o atual governo e ganhar pontos na sucessão.
Os motivos das críticas, segundo Serra, foram entrevistas em que Ciro afirmou ser contra um novo acordo do Brasil com o Fundo Monetário Internacional (FMI), e prometeu fechar contas bancárias usadas por investidores estrangeiros.
"Quando ele diz esse tipo de coisa, acaba apressando a remessa de dólares para o exterior", avaliou Serra. "Apesar de falar muito sobre assuntos econômicos, o Ciro não tem preparo nenhum", completou.
Serra aproveitou para defender o provável acordo com o FMI, que, segundo ele, não traria nenhum "sacrifício adicional" para a economia.
"Nós só ganharíamos segurança e tranqüilidade, e é disso que estamos precisando para gerar mais empregos", argumentou.
Ao lado da sua vice, a deputada Rita Camata (PMDB-ES), Serra foi recebido com aplausos e abraços calorosos pelos militantes rorizistas em Samambaia.
O governador estava acompanhado da presidente regional do PSDB em Brasília, a deputada Maria de Lourdes Abadia, candidata a vice-governadora.
Empolgado, Roriz lembrou diversas vezes que Serra é o seu candidato à Presidência: "Votem nele, que é um homem preparado. Ele não é um aventureiro".
Roriz disse, ainda, que pretende convidar Serra para visitar com ele, todas as quartas-feiras, as cidades do Distrito Federal.
O senador, por sua vez, disse ter gostado da boa recepção e da comida, que custou R$ 1. "Foi ótimo porque eu estava com muita fome", contou ele.
No cardápio, havia arroz, feijão, linguiça toscana, salada de pepino com tomate, purê de batata e refresco de tangerina. Assim como Rita (que foi chamada de "linda" pelos militantes), Serra também teve disposição para provar doces do tipo quebra-queixo, oferecidos por populares.
No almoço, estavam outros aliados de Roriz, como o pastor Jorge Pinheiro, candidato a deputado federal pelo PMDB, e o radialista Manoel Neto (PSD), candidato à Câmara Legislativa.
Líderes tucanos reforçam o ataque
Na mesma linha de ataque adotada ontem porJosé Serra a seu adversário Ciro Gomes, o presidente do PSDB, deputado José Aníbal, o líder do PSDB na Câmara, Jutahy Júnior, e líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima, responsabilizaram ontem o candidato do PPS pelas turbulências no mercado financeiro.
Aníbal afirmou que a campanha eleitoral requer declarações responsáveis dos candidatos, mas que Ciro estaria provocando instabilidade ao sugerir, por exemplo, acabar com as contas CC5, discordar da extensão do acordo do País com o FMI e propor o alongamento da dívida pública. "Isso inspira desconfiança e inquietação", afirmou.
Também segundo ele, a proposta de reforma tributária feita por Ciro "leva ao golpe de Estado". Ressaltou, porém, que a crise no mercado financeiro não atrapalha a campanha de Serra, "pois os brasileiros sabem que o governo está fazendo o necessário para enfrentá-la".
O líder do PSDB na Câmara, deputado Jutahy Júnior, disse que as últimas declarações de Ciro sobre economia geraram "um estresse absolutamente desnecessário, mostrando a imaturidade de alguém que quer ser presidente da República".
Para o líder do PMDB na Câmara, deputado Geddel Vieira Lima, Ciro é "irresponsável", apresenta "absoluto despreparo e não tem condições de governar".
Segundo o deputado do PMDB, uma das provas disso é a declaração que o candidato fez recentemente a respeito das contas CC5. Na opinião de Geddel, as declarações de Ciro Gomes sobre o assunto causaram sobressalto no mercado e agravaram a crise.
Empresas são mantidas
O coordenador do consórcio de empresas que trabalha na campanha eleitoral do candidato José Serra, Adriano Lopes de Oliveira, disse que estão superadas as dificuldades iniciais para a contratação de firmas. Ontem, o Jornal de Brasília informou que três empresas haviam deixado a campanha.
Resolvido o problema, estão mantidos os contratos das empresas Obrito News, que distribui fotos do candidato tucano, e BR2, que faz o registro de áudio para emissoras de rádio.
O coordenador confirmou que a empresa Rio Grande Comunicação, que cuidava do relacionamento com a mídia impressa, não faz mais parte do pool que atende o candidato do PSDB, mas recebeu integralmente pelos serviços prestados.
Ontem, o jornalista Inácio Muzzi assumiu a coordenação geral da campanha de José Serra, preparando o candidato para a gravação dos programas eleitorais gratuitos.
PPS acusa governo de divulgar boatos
O candidato Ciro Gomes (PPS) reafirmou ontem que não deve assinar um possível acordo com o Fundo Monetário Internacional porque seu nome representa milhares de brasileiros que clamam por mudanças e, como tal, não poderia se comprometer a continuar com a política econômica do atual governo, que considera equivocada.
Segundo Ciro, "a oposição só pode apresentar sugestões, como eu tenho feito insistentemente há sete anos sem ser ouvido, mas quem governa é o governo".
Ciro criticou também a séries de boatos produzidos, segundo ele, pela máquina do "candidato oficial" para prejudicar sua candidatura e de todos aqueles da oposição que o ameaçam. Segundo Ciro, dossiês falsos foram divulgados contra Lula e Roseana Sarney. "Agora, eu que era desprezado, passei a ser bem visto pela população, começa a coisa comigo", afirmou.
Família de prefeito quer novo inquérito
Após descoberta de corrupção, irmãos de Celso Daniel acreditam que assassinato foi queima de arquivo
A família de Celso Daniel, ex-prefeito petista de Santo André, se reuniu ontem para pedir à polícia e ao Ministério Público a retomada das investigações sobre o seu assassinato. "Temos indícios para crer que a morte de nosso irmão não foi um crime comum, como afirmaram as autoridades", disse Bruno José Daniel Filho.
Os outros irmãos do prefeito, João Francisco, Maria Clélia e Maria Elizabeth, concordaram com a suspeita levantada. A opinião da família é unânime. O mais radical é João Francisco: "Minha opinião é a mesma desde o início. Para mim, foi uma queima de arquivo".
Os familiares evitaram pormenorizar essa acusação. A referência óbvia é a descoberta de um esquema de propinas entre a Secretaria de Transportes da Prefeitura e um grupo de empresários da cidade, segundo denúncias com cobertura e envolvimento do PT. O secretário e dois empresários já foram indiciados pela Justiça.
Os irmãos destacam que a polícia cometeu "falhas" durante as investigações. "Há muitos detalhes que não foram esclarecidos, e que poderiam colaborar para a elucidação definitiva do assassinato", disse Bruno.
Exemplo: os anexos da necropsia não foram divulgados pela polícia. Para João Francisco, esta documentação é que mostrará se Celso foi t orturado enquanto esteve sequestrado. "Se realmente ele sofreu algum tipo de tortura, a tese de crime comum cairá por terra".
Cai o número de candidatos gays
Nove candidatos assumidamente homossexuais vão disputar eleição para cargos legislativos este ano, em cinco estados, de acordo com o Grupo Gay da Bahia (GGB), a entidade mais antiga do gênero no País.
O número é bem menor que o da eleição municipal de 2000 quando 23 gays disputaram o pleito e apenas três se elegeram vereadores. Ao contrário da eleição passada este ano eles não traçaram uma estratégia nacional de campanha, mas continuam defendendo os mesmos pontos, a luta por ensino público de qualidade, educação sexual nas escolas, programas de prevenção e combate a doenças sexualmente transmissíveis e defesa dos direitos civis dos homossexuais.
O maior número de candidatos, quatro, é de São Paulo, sendo um para deputado federal e três para estaduais. No Paraná, são dois para Assembléia, e um em Santa Catarina. Em Minas, Soraya Menezes quer ser senadora. Na Bahia, Marcelo Cerqueira, diretor do GGB, tentará vaga à Assembléia para, segundo ele, "quebrar o conservadorismo da Casa".
Remédios podem subir
A indústria farmacêutica diz que os preços dos remédios estão defasados, devido à desvalorização do real nos últimos meses. Em junho passado, essa defasagem já chegava a 7%, de acordo com a Federação Basileira da Indústria Farmacêutica (Febrafarma), que defende um reajuste imediato.
Os 7%, segundo a entidade, ainda não embutem a alta expressiva do dólar nos últimos dias, quando as cotações ultrapassaram com folga a marca dos R$ 3.
A Febrafarma já solicitou à Camed, em junho, um reajuste de 7%, que não foi aceito pelo governo. Os reajustes de preços dos medicamentos no Brasil são controlados pelo governo e vêm sendo concedidos uma vez por ano. Os preços estão congelados desde o último reajuste autorizado, de 4,32%, em janeiro deste ano.
Este mês, representantes da Federação deverão se reunir para recalcular as perdas e um novo percentual de reajuste a ser encaminhado à Camed. O novo aumento pode chegar a 15%.
Começa entrega da declaração de isento
O prazo para entregar a declaração de isento de 2002 começa hoje. A declaração serve para a Receita Federal manter atualizado o banco de dados do CPF (Cadastro de Pessoas Físicas) e quem não a entrega corre o risco de ter o CPF cancelado.
No entanto, das 19,1 milhões de pessoas que estão com o CPF pendente, cerca de 3,5 milhões não poderão regularizar sua situação entregando a declaração de isento. A Receita vai rejeitar as 3,5 milhões de declarações porque identificou que essas pessoas têm o CPF ligado ao CNPJ de uma empresa, ainda ativa ou extinta. Nesse caso, a pessoa teria de apresentar declaração de Imposto de Renda, cujo prazo de entrega venceu em 30 de abril.
Pela lei, contribuintes que têm participação em empresas devem entregar a declaração do IR, mesmo que tenham recebido em 2001 menos de R$ 10.800, o que os tornaria isentos.
Dólar sobe, produto muda, 1,99 fica
Donos das lojas de importado popular substituem suas mercadorias para não perder cliente com alta no preço
As lojas que vendem produtos a R$ 1,99 estão trocando as mercadorias importadas pelas brasileiras para manter o preço e conservar o cliente. Quando a substituição se mostra difícil, os proprietários apontam a redução na qualidade como alternativa.
Há cinco anos no mercado de R$ 1,99, Jonatas Gomes Dinis, 40 anos – dono da Biba's no Guará I e no Cruzeiro Center – quando começou 60% da loja era de importados. Atualmente 90% do que vende é comprado em São Paulo. "O brasileiro tem produtos muito melhores", explica.
Ele garante que o aumento do dólar não influencia muito o preço dos produtos. "Em 1997, eu comprava uma calculadora por R$ 1,50 e este semana comprei por R$ 0,60. A qualidade dela é a mesma", afirma.
O segredo para fugir da remarcação, diz, é ter tranquilidade e negociar com o fornecedor. Jonatas explica que o importador que tem que se virar para vender um produto mais barato, porque do contrário, ele não comprará. "Ele espreme o produto para vender mais barato. As peças do dominó, por exemplo, ficaram mais finas e as cartas de baralho não são mais de náilon grosso, parece papel, mas o preço continua o mesmo".
O comerciante garante que, ainda ontem, conversou com um fornecedor que queria repassar o preço que dólar estava sendo vendido na mesma manhã para os produtos. "Ele virou especulador e eu não aceito isto. Compro os produtos pelo preço real e não pelo o que estará custando daqui há uma semana", diz.
No meio do desespero dos operadores de mercado futuro e do frenesi das Bolsas de Valores, Jonatas Gomes, que só cursou o ensino médio, diz que o importante é aguardar. E ainda tem tempo para comemorar a manutenção das duas lojas, enquanto "outros colegas estão mudando de ramo" .
E a loja não fica vazia. Para vizinhança é uma alternativa rápida e barata para comprar materiais de papelaria, de festas e para casa. "Eu sempre compro presente para festas aqui", disse uma moradora do Guará.
Até estoque velho tem preço novo
Na Feira dos Importados é preciso ter muito cuidado e cautela para não pagar mais caro e não ter direito a descontos em produtos pagos à vista. A desculpa para o aumento médio de 20% das mercadorias está na ponta da língua dos vendedores: o aumento do dólar. Não importa se o produto é importado ou se foi comprado quando o dólar custava R$ 2,95.
A explicação da proprietária da banca 365, Nayara Melo, que vende CD players, é de que precisa renovar o estoque e vendendo pelo preço que comprou terá prejuízo. Se o dólar baixar? Os preços continuam os mesmos, afinal "foi comprado com o dólar alto". "O cliente reclama, mais depois compra, porque eu digo que amanhã vai ficar mais caro", confessa Nayara.
O mesmo acontece com os óculos da Triton que podem ser encontrados por R$ 60. Há seis meses custavam R$ 35; com os produtos esportivos e com os equipamentos eletrônicos.
Na loja 2 da feira, o gerente Lúcio Duarte explica que precisa renovar o estoque duas vezes por semana para tentar fugir do aumento. "Eu não posso comprar muitos produtos com o dólar a R$ 3,50, porque amanhã ele pode baixar, mas corro o risco da cotação subir", diz.
Artigos
Isso não é democracia
Syvio Guedes
A democracia não pressupõe abuso, mas respeito; não implica em bagunça, mas organização; não valoriza o desrespeito, mas a obediência às leis e às normas. Não é, portanto, em nome da democracia ou, ainda menos, da liberdade de expressão que se vai falar para justificar a esculhambação em que se transformou a cidade, graças a uma equivocada decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de franquear os viadutos, praças, árvores, postes e pontos de ônibus da nossa cidade à propaganda política.
Um viaduto não é de ninguém. Não é meu, não é seu, certamente não é de um partido e muito menos do TRE. Portanto, se não é propriedade de ninguém, meu direito sobre ele é tão abstrato quanto o do próximo. Se posso pregar a minha faixa pedindo votos, você também pode vir, no minuto seguinte, e retirar a minha faixa, colocando a sua no lugar. Qual é o crime? Qual é a contravenção? Qual é o ilícito?
Se qualquer um pode, ninguém pode. Por mais paradoxal que pareça esse enunciado, é isso aí mesmo. O viaduto não é de ninguém, portanto, ninguém exerce direitos sobre ele. Usucapião, farinha pouca meu pirão primeiro, marraio, nada disso vale. Então, cria-se um vácuo. Você não pode punir alguém se ele não está violando nenhuma lei. E novamente nos deparamos com um paradoxo. A Justi
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