Manutenção de empregos preocupa líder sindical no ES e senadores da CAE



A manutenção dos atuais empregos da fábrica de chocolates Garoto é a principal preocupação da presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Alimentícia do Espírito Santo, Linda Moraes. Durante audiência pública sobre o tema promovida nesta quarta-feira (11) pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), ela afirmou que os empregados estão tensos e esperam que a futura proprietária da Garoto - cujo controle acionário deverá ser vendido pela Nestlé, segundo decisão do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) - mantenha os investimentos anunciados pela empresa suíça.

- Nossa preocupação é que a Garoto, ao ser vendida, garanta os atuais três mil empregos. Não estou aqui para defender uma multinacional, mas a tranqüilidade das famílias e a economia capixaba - disse Linda, que participou do debate por iniciativa do senador Eduardo Suplicy (PT-SP). Durante seus questionamentos na reunião, o senador também se referiu à necessidade de manutenção dos atuais empregos.

Em resposta à presidente do sindicato, o conselheiro Thompson Almeida Andrade, relator do processo de aquisição da Garoto no Cade, recordou que o sindicato havia sido contrário à venda da Garoto e que conseguiu convencer a Nestlé a manter os empregos e investimentos na empresa capixaba. "O mesmo poder de convencimento poderá ser exercido junto ao novo comprador da fábrica", previu Thompson.

O presidente da CAE, senador Ramez Tebet (PMDB-MS), observou nesse momento, em apoio à pergunta da presidente do sindicato, que a futura venda da Garoto realmente pode provocar inquietação junto aos trabalhadores, uma vez que a empresa que vier a adquiri-la não poderá ser tão grande como a Nestlé, por determinação do próprio Cade.

Suplicy observou que, de acordo com a exposição de Thompson Andrade, a venda do controle da Garoto poderia ampliar o grau de concorrência no setor de chocolates, com a conseqüente expansão das empresas e do nível de emprego. "Se for este o resultado, não haveria prejuízo", comentou.

O senador questionou ainda por que o setor é tão concentrado. Segundo o diretor jurídico da Nestlé, Humberto Maccabelli, a Nestlé e a Garoto, juntas, respondem por 53,7% do volume de vendas e por 51,9% do valor das vendas de chocolates, excluindo-se as empresas artesanais. "Existe possibilidade de concorrência saudável no mercado, ainda que correções possam ser feitas", avaliou Maccabelli.

Por sua vez, a senadora Ana Júlia Carepa (PT-PA) questionou os possíveis efeitos da decisão do Cade sobre a manutenção de empregos do setor em todo o país, os direitos dos consumidores e a situação dos milhares de produtores artesanais de chocolate. "Sou de estado que produz um dos melhores chocolates do Brasil, o bombom de cupuaçu, e tenho preocupação com a situação de pequenos empreendedores que estão gerando emprego", afirmou.



11/02/2004

Agência Senado


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