Marconi denuncia dossiê falso e pede investigações



O senador Marconi Perillo (PSDB-GO) denunciou a existência de um dossiê falso, "ao estilo do Cayman e dos aloprados", com o objetivo de atingi-lo eleitoralmente. O senador, que é candidato a governador de Goiás nas eleições de outubro, anunciou ter feito representações à Presidência do Senado, à Procuradoria Geral da República e ao Ministério da Justiça pedindo a apuração da origem do documento.

Marconi, que recebeu a solidariedade de sete senadores em Plenário, disse que irá às "últimas conseqüências" para identificar os autores e puni-los criminalmente. O senador acusou adversários de pretenderem repetir com ele "a velha e malfadada estratégia do dossiê Cayman e do dossiê dos aloprados, forjados próximos às eleições", com o propósito de atingir membros do governo Fernando Henrique Cardoso, no primeiro caso, e o então governador de São Paulo José Serra, no segundo.

Segundo Marconi, o amadorismo de 1998 e de 2006 se repete agora, porque nem seu nome consta de forma correta no passaporte falsificado. Também o nome de seu segundo suplente, Paulo de Jesus - igualmente incluído no dossiê, como outorgante de suposta procuração -, é grafado de maneira incorreta.

O senador disse ter ligado para Paulo de Jesus, perguntando-lhe se tinha conta no exterior. O segundo suplente respondeu-lhe que não e que seus contatos se limitam a Goiânia, pois "não conhece nem o Paraguai". Marconi disse que, com o intuito de difamá-lo, há um documento apócrifo que menciona movimentação financeira e possíveis imóveis nos Estados Unidos, em nome de Aztec Group, do qual o senador seria titular.

- Não é possível ficar calado diante de tamanha infâmia, não é possível não se indignar, ficar inerte diante de tamanha pilantragem, ato de salafrário, perverso e cretino. Não é por esse caminho que irão ganhar as eleições em Goiás, não é por esse ato ordinário e chinfrim que me atingirão. Os que me conhecem sabem o quanto procuro ser honrado e honrar a atividade pública.

O senador disse que atitudes como o dossiê contra ele alimentam-lhe "o desejo sublime de continuar a servir ao povo, em nome de propostas voltadas para o progresso duradouro, para a modernidade, para a inserção do meu Estado num contexto cada vez melhor e mais respeitável no país e no mundo".

Solidariedade

O líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), disse que os adversários do governo devem se preparar, porque a alternância no poder - "que deveria ser uma festa democrática" - pode virar uma guerra. Virgílio recordou a passagem do poder de Fernando Henrique Cardoso para Luiz Inácio Lula da Silva, que o ex-presidente entendeu como algo normal da democracia. Mas hoje, segundo Virgílio, a manutenção do grupo que está no poder é encarada como "algo de vida ou morte".

Também em aparte, o senador Cícero Lucena (PSDB-PB) afirmou que o dossiê contra Marconi deve servir de alerta ao Brasil de "como alguns que se encontram no poder estão dispostos a se manter a qualquer custo".

O senador Papaléo Paes (PSDB-AP), também em aparte, observou que Marconi foi o primeiro político que procurou o presidente da República para denunciar o mensalão. Disse que o episódio despertou ódio no presidente da República, que teria citado o senador goiano como um dos políticos por cuja derrota ele se empenharia.

O senador Alvaro Dias (PSDB-PR), por sua vez, afirmou que a impunidade em relação a dossiês falsos no Brasil faz com a que a prática prospere. Ele manifestou a convicção de que, se os autores do dossiê dos aloprados estivessem na cadeia, certamente os responsáveis pelo documento contra Marconi não teriam sido encorajados a agir. Também em aparte, o senador Mário Couto (PSDB-PA) recomendou a Marconi que dê "um troco nas urnas aos que forjaram o dossiê".

O senador Paulo Duque (PMDB-RJ) lembrou um episódio histórico que marcou as eleições de 1922: o Correio da Manhã publicou cartas supostamente enviadas pelo então candidato a presidente da República Artur Bernardes a Raul Soares, nas quais figuravam insultos às Forças Armadas e ao marechal Hermes da Fonseca. Artur Bernardes, que ganharia as eleições, contratou peritos e conseguiu provar que as cartas eram falsas. Segundo Duque, "o falsário é sempre uma personalidade corrupta que às vezes não quer dinheiro, mas atazanar a honra de alguém".

O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) parabenizou Marconi por levar o assunto à tribuna, que considerou a "melhor maneira de enfrentar esses problemas". Em pronunciamento mais tarde, a senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO) também se solidarizou com seu colega de bancada.



12/04/2010

Agência Senado


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