MARIA DO CARMO PROPÕE COMISSÃO PARA DISCUTIR ÁGUAS DO SÃO FRANCISCO



A fragilidade técnica do projeto de transposição das águas do rio São Francisco elaborado pelo governo federal e o fato de ele envolver várias unidades federadas levaram a senadora Maria do Carmo (PFL-SE) a ocupar a tribuna para propor, nesta terça-feira (dia 14), a criação de uma comissão temporária para analisar a proposta e sua sustentação técnica. Ela sugeriu que a comissão se reúna com representantes das regiões "importadora" e "exportadora" de águas, respectivamente, do semiárido nordestino e do vale do rio São Francisco.
A senadora salientou que transposições de grande porte como a prevista não são apenas uma obra de engenharia, daí sua preocupação com "a falta de clareza sobre os aspectos de gestão das águas do rio" e com a indefinição acerca dos responsáveis pelos altos custos de operação e manutenção da transposição.
Em aparte, o senador Osmar Dias (PSDB-PR) destacou o caso de Israel, "que teve a ousadia de fazer um canal subterrâneo a partir do mar Morto e irrigou todo o território israelense", garantindo a subsistência alimentar de sua população e suprindo o excesso de demanda européia por flores e frutas. Para tal, investiu a indenização recebida após a Segunda Guerra Mundial, da ordem de US$ 6 bilhões, enfatizou. Ele sugeriu que a discussão sobre a transposição do rio São Francisco especifique detalhadamente qual o volume de recursos necessários, a área irrigada e a produção que será atingida, com respectivos empregos direitos e indiretos a serem gerados. Agnelo Alves (PMDB-RN) disse que a situação nos estados da Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte já é tão crítica que eles sequer estão pedindo que as águas do rio sejam utilizadas em irrigação, "tamanhas as dificuldades levantadas quando se fala de transposição". Estes estados, afirmou, precisam de água para viver, e a transposição não precisaria ser permanente, mas temporária, conforme os efeitos da estiagem sobre arroios e açudes.

FHC E O CONGRESSOMaria do Carmo também fez questão de registrar sua indignação com os comentários feitas nesta segunda-feira (dia 13) pelo presidente da República ao Congresso. Na sua opinião, a instituição não merece as referências. "Se alguns merecem", acrescentou, "que o presidente se dirija a eles. E quem determina as altas taxas de juros não é o Congresso, é o Banco Central". A senadora também registrou não concordar com as opiniões manifestas pelo senador Pedro Simon (PMDB-RS) em entrevista à revista Veja. Para ela, ao criticar empresários e políticos de maneira generalizante, o senador "nivelou-os por baixo", e sem a elegância costumeira.

14/09/1999

Agência Senado


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