MARINA COMENTA DEBATE SOBRE TRANSGÊNICOS NA BBC



O debate sobre produtos transgênicos entre o ministro da Ciência e Tecnologia, Bresser Pereira, e o secretário de Agricultura do Rio Grande do Sul, José Hoffmann, apresentado pela emissora de televisão BBC de Londres, foi abordado nesta quarta-feira (dia 19) pela senadora Marina Silva (PT-AC). Segundo ela, no debate Bresser chegou a dizer que esses assunto já estava resolvido no Brasil. "Curiosamente, no dia seguinte, de fato o Ministério da Agricultura concedeu autorização à multinacional Monsanto para produzir e comercializar cinco variedades de soja transgênica no país", disse a senadora.O Ministério da Agricultura anunciou também, segundo Marina Silva, que a divulgação das sementes transgênicas, agora liberadas, será feita através do Registro Nacional de Cultivares, de acordo com lei aprovada recentemente. "Agora, começa a ficar mais claro a serviço de quem o Congresso aprovou aquela lei de cultivares, contra a qual tanto alertamos".A senadora informou, ainda, que a Associação Médica Britânica, que reúne 115 mil médicos, entregou nesta terça-feira (dia 18) ao governo do Reino Unido um documento pedindo que o plantio de alimentos geneticamente modificados seja imediatamente interrompido até que novas pesquisas assegurem que esses alimentos não são prejudiciais à saúde humana. O documento, continuou a senadora, ainda alerta parta o risco de surgimento de novas alergias e da alteração da resistência de agentes infecciosos a antibióticos.Marina lembrou que os riscos apontados pelos médicos britânicos estão assustando os consumidores europeus e fazendo com que os supermercados deixem de vender produtos transgênicos. "Mas, enquanto isso, em nosso país, o governo libera o plantio da soja da Monsanto nos estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Goiás, quando técnicos do próprio Ministério reconheceram recentemente não ter condições para fiscalizar esses plantios", lamentou.Para Marina, o Brasil deveria aproveitar o fato de ser o segundo maior produtor de soja orgânica e aproveitar o nicho de mercado representado por consumidores europeus e japoneses que estão rejeitando produtos transgênicos, ao invés de "abrir nossas terras para a expansão da empresa norteamericana Monsanto".

19/05/1999

Agência Senado


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