Marinor desiste de convocar Palocci, mas insiste em CPI para apurar denúncias contra ministro
A senadora Marinor Brito (PSOL-PA) desistiu do requerimento de sua autoria que convocava o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, a prestar esclarecimentos sobre o aumento de seu patrimônio à Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA). Segundo o jornal Folha de S. Paulo, o patrimônio de Palocci cresceu 20 vezes nos últimos quatro anos.
A desistência de convocar o ministro a falar na comissão aconteceu porque a bancada governista votaria contra o requerimento na reunião desta terça-feira (24). Agora, a senadora poderá reapresentá-lo em outra oportunidade, o que não seria permitido caso fosse votado e rejeitado.
Marinor Brito lembrou, na reunião da CMA, que a oposição está colhendo assinaturas para a instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI) para tratar do assunto. Ela observou que a convocação de Palocci ainda poderá ser requerida em outras comissões do Senado e da Câmara dos Deputados.
- Não estamos fazendo acusação. Queremos deixar de nos pautar pelas informações da imprensa, e saber e informar a opinião pública por meio do próprio ministro Palocci que a imprensa está mentindo - disse a senadora.
O líder do PT no Senado, senador Humberto Costa (PT-PE), lembrou que partidos de oposição já ingressaram com representação contra Palocci na Procuradoria Geral da República. O ministro, segundo ele, ainda tem prazo para dar explicações. Para o senador petista, ações como apresentação de requerimento de convocação e coleta de assinaturas para instalar CPI, antes do término do prazo que Palocci tem para responder, não visam a buscar a verdade, mas sim ao uso político da comissão.
- Entendemos que nesse momento a colocação é extemporânea. Vamos dar oportunidade para que o ministro Palocci responda, e ele poderá responder até mesmo antes do término do prazo - disse Humberto Costa.
Caso não esclareça as denúncias, avaliou o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), Antonio Palocci não pode continuar no governo. O senador disse que o ministro precisa explicar para quais empresas prestou consultorias que resultaram em lucros "formidáveis" para sua empresa.
Para o líder do PSDB, senador Alvaro Dias (PSDB-PR), a própria presidente da República, Dilma Rousseff, deveria recomendar a aprovação de requerimentos que esclareçam denúncias graves em relação a membros de sua equipe. Para ele, "o silêncio de Dilma consagra a cumplicidade".
O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) disse que Palocci detém 99,9% das ações da empresa de consultoria e trabalha com estrutura mínima. Além da empresa de consultoria, destacou, o ministro também realizava outras atividades, como a coordenação da campanha de Dilma à presidência. Mesmo assim, observou Demóstenes, Palocci faturou mais que as duas maiores empresas do ramo no país, que possuem estrutura organizada e grande carteira de clientes.
Demóstenes Torres também destacou que, segundo a Lei Orçamentária Anual, é proibido o repasse de recursos do governo a entidades que sejam dirigidas por parentes de parlamentar. Ele se referiu a denúncia de que fundação presidida por uma cunhada de Palocci recebeu R$ 250 mil em recursos públicos.
- Gostaríamos que ele viesse, falasse e trouxesse os documentos que comprovam sua atividade. Quem sabe não estamos errados? - perguntou Demóstenes.
24/05/2011
Agência Senado
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