Marisa Serrano fala sobre escândalo do mensalão e diz que Brasil não pode aceitar corrupção




A senadora Marisa Serrano (PSDB-MS) comentou em Plenário reportagem da revista Época sobre relatório da Polícia Federal que confirma a existência do mensalão e o envolvimento de políticos que não estavam entre os 40 listados pelo então procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, na denúncia ao Supremo Tribunal Federal (STF), em 2006. Para a senadora, os brasileiros precisam a cada dia "ampliar sua consciência cidadã" e recusar a conviver com a impunidade que alimenta a corrupção no país.

- A revista mostrou a origem do dinheiro do maior esquema de corrupção da história do país. Era, de fato, foi provado, proveniente da máquina pública, apenas comprovando os indícios que já havia e pairavam há muito tempo, e todos sabiam, nas investigações principalmente feitas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal - explicou.

Marisa Serrano diz ser necessária uma mudança conceitual que passa pela educação da cidadania, de modo que a sociedade passe a não aceitar a corrupção endêmica como algo natural, "o jeitinho brasileiro" de transgredir as leis e a impunidade que, segundo ela, "está incrustada na sociedade brasileira".

A parlamentar pelo PSDB reiterou o que o líder do partido, senador Alvaro Dias (PR), que a antecedeu na tribuna, dissera: o esquema existiu de fato, ao contrário da noção que o governo passara, de que o mensalão não existia e era invenção da oposição, tratando-se de "chicana política".

- Tudo aconteceu nesses seis anos no intuito de provar que não havia mensalão, que isso era coisa da oposição, que era invenção da oposição... Agora, fica provado que realmente existiu. Não fomos nós que fomos dizer que o mensalão existiu. É a Polícia Federal que está, depois de muita investigação, fazendo um relatório e dizendo que, de fato, existiu o mensalão. Portanto, ninguém venha dizer que a culpa foi da oposição - protestou.

A senadora observou que as irregularidades foram possíveis, conforme a reportagem, pelas brechas deixadas por uma investigação "frágil", que facilitou o desvio de recursos públicos. Ela acredita que a morosidade da Justiça em aplicar punição aos culpados por desvios vai criando na opinião pública a ideia de que tais atos são aceitos pela sociedade e que não haverá punição para a corrupção.

Marisa Serrano citou casos de integrantes do Partido dos Trabalhadores que estiveram envolvidos com o escândalo do mensalão e têm voltado à "cena política". Ela mencionou o ex-deputado José Genoíno, que à época era presidente do PT e que, entre outros ilícitos, teria assinado falsos contratos de empréstimo para entrada de recursos nos cofres do partido, e que foi há pouco convidado pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, para ser assessor especial. Ela lembrou que Genoíno também é candidato a uma vaga no Tribunal de Contas da União (TCU), cargo que exige "idoneidade moral e reputação ilibada", de acordo com a Constituição.

A senadora citou também o atual presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), que foi citado na denúncia do Ministério Público. E ainda José Dirceu, considerado o "chefe da quadrilha" na denúncia do MP, mas que já foi chamado duas vezes ao Palácio do Planalto para conversa com a presidente Dilma Rousseff.

Ao final de seu discurso, Marisa Serrano fez um apelo à presidente Dilma para que atue com austeridade no combate à corrupção, estabelecendo uma nova cultura de honestidade e seriedade no trato do dinheiro público.



04/04/2011

Agência Senado


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