MARLUCE PROTESTA CONTRA TRATAMENTO DADO PELO GOVERNO À REGIÃO NORTE



A senadora Marluce Pinto (PMDB-RR) protestou contra a falta de investimentos e o tratamento dado pelo governo à Região Norte, mesmo reconhecendo que "dois passos de gigante" já foram dados pelo presidente da República quando promoveu os recursos para o asfaltamento da BR-174, no trecho que faltava para ligar o estado do Amazonas até a cidade de Caracaraí, em Roraima, e quando assinou o acordo com a Venezuela para a implantação de energia elétrica do complexo de Guri, que vai abastecer Boa Vista e parte do interior.Segundo a senadora, estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) indicam que vai piorar a concentração de renda em regiões já privilegiadas. De acordo com o levantamento citados pela senadora, dos quase R$ 80 bilhões que investidores do setor privado programaram para aplicar até o ano 2000, 64,3% foram destinados ao Sudeste; 17,6% ao Nordeste; 7,5% ao Norte e 1,2% ao Centro Oeste. Dos investimentos estrangeiros realizados entre 1987 e 1997, 89% foram aplicados no Sudeste.- Observamos claramente que as decisões e as intenções dos que detêm o poder econômico, não sugerem novas frentes de trabalhos e realizações. Ao contrário, sugerem sua permanência nos locais onde os níveis de concentração econômica já foram estabelecidos. Concluímos, pelo andar dessa carruagem, que o ciclo de pobreza tende a permanecer e as perspectivas de desenvolvimento se eternizam na esperança - afirmou a senadora.Marluce Pinto foi aparteada pelos senadores Mozarildo Cavalcanti (PPB-RR), Gilberto Mestrinho (PMDB-AM), Luiz Estevão (PMDB-DF), Carlos Patrocínio (PFL-TO), Casildo Maldaner (PMDB-SC) e Amir Lando (PMDB-RO). O senador Mozarildo lamentou o descaso em relação à região Norte por parte dos órgãos encarregados do desenvolvimento do país, principalmente do BNDES. "Não só é desproporcional o investimento que ele faz em relação ao estados do Norte e aos estados do Sul/Sudeste, como a cada ano esses investimentos estão diminuindo", explicou Mozarildo.O senador Gilberto Mestrinho lembrou discurso de Getúlio Vargas sobre a Amazônia para ressaltar que o tempo passou, os problemas aumentaram e o descaso continuou. "E mais, as proibições contra os homens da Amazônia, contra o trabalho, que de maneiras diversas exercitam de modo a querer forçar o esvaziamento humano da Amazônia. Isso é uma determinação que vem de fora", alertou Mestrinho.O senador Luiz Estevão disse que o Brasil começou desigual, mas não por desejo de alguém e sim por uma circunstância em que a ocupação do litoral era muito mais fácil diante das dificuldades logísticas de ocupação do Centro Oeste e da Região Amazônica. "Mas, essas condições que impuseram a ocupação litorânea de nosso país, desapareceram de há muito e não é justo que o Brasil continue tratando de maneira desigual regiões tão importantes do nosso país". Estevão lembrou também que um dos objetivos da construção de Brasília era o da interiorização do desenvolvimento econômico e social.O senador Carlos Patrocínio disse estar esperançoso com a bancada da Amazônia no Senado e que estava chegando de uma audiência com o ministro do Desenvolvimento Celso Lafer. Segundo o senador, o ministro está seguindo para Manaus com vários outros ministros para uma reunião com governadores de todo o país. "Estava conversando com o ministro exatamente a questão da Amazônia e dos investimentos necessários para que essa região possa colaborar com a retomada do desenvolvimento econômico", afirmou Patrocínio.O senador Casildo Maldaner disse que a interiorização do desenvolvimento deve ser aplicada em todos os estados e que é necessário avançar para estancar o acúmulo nas grandes metrópoles. "Se descentralizarmos o desenvolvimento no Brasil, estaremos ajudando a solucionar também os problemas das grandes metrópoles", argumentou o senador. Maldaner questionou os critérios para os investimentos do BNDES e por que não leva recursos às pequenas comunidades.O senador Amir Lando disse que a Amazônia não está nesse estágio por acaso ou pela falta de vontade de crescimento do povo, mas sim por que existe uma "política deliberada de isolamento que quer deixar, talvez para as gerações futuras ou até para as potências estrangeiras, a riqueza e a área da nossa região", denunciou o senador. Lando recordou a preocupação de se divulgar a idéia de que a Amazônia não pertence aos brasileiros, mas sim ao universo, uma reserva da humanidade. "Já se tentou, inclusive, invocar a soberania das nações indígenas na região", afirmou o senador.Marluce Pinto relacionou as possibilidades da Região Norte para os empreendedores brasileiros na área agrícola, uma vez que existem ainda extensas e férteis áreas de terras produtivas preservadas. "Ouso dizer, consciente e tranqüila, que uma ocupação da Amazônia, racional e programada, em pouco tempo tornará realidade antiga aspiração de nos tornarmos o celeiro do mundo", disse a senadora.Para Marluce, o crescimento do Centro/Norte não prejudicaria o Sul/Sudeste, ao contrário, o

18/03/1999

Agência Senado


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